Moldes, uma Indústria virada para o Futuro

O sector dos moldes tem em Portugal uma tradição de várias décadas, tendo-se sempre caracterizado por uma aposta na inovação, na qualidade, na adaptação ao mercado e no cumprimento dos prazos das encomendas. Afirma-se hoje como uma indústria de futuro, posicionando o nosso País entre os líderes mundiais do sector.

Trata-se de uma indústria com forte concorrência, nomeadamente do sudoeste asiático, que tem sabido sempre posicionar-se de forma a oferecer aos seus clientes produtos inovadores, de qualidade e a um preço competitivo.

A produção de moldes em Portugal nasce nos anos 40 e inicia a internacionalização na década de 50 com a exportação para o Reino Unido. Numa altura em que o sector industrial era o primeiro responsável pelo crescimento económico no País, a indústria de moldes começou por se voltar muito para o mercado interno, estando inicialmente muito ligada ao sector do vidro, começando depois a fabricar moldes para a indústria do plástico que então se começava a desenvolver em Portugal.

No início dos anos 70 a indústria vira-se decididamente para a exportação e nos anos 80 exporta já para mais de 50 países, iniciando desde então um processo contínuo de crescimento e de desenvolvimento. O que esteve na origem deste sucesso do sector foi a capacidade de aumentar a produção através de um conceito Taylorista, que permitia produzir rápido, com qualidade e a baixo preço.

No entanto, se há característica que marca este sector é a aposta constante na inovação e na adaptação às necessidades do mercado. É uma indústria que aposta muito na mão-de-obra especializada e na tecnologia de ponta. Assim, constituindo-se como um sector que não tem desemprego e que necessita de um crescente número de técnicos especializados, tem sabido renovar-se com o recurso a parcerias com universidades e institutos politécnicos, por forma a encontrar aí os recursos humanos necessários às suas ambições.

Por outro lado, tem apostado numa actualização constante em termos tecnológicos e de inovação, sendo que diversos avanços técnicos desta indústria têm origem no nosso País. Este pioneirismo tem também contribuído para o seu reconhecimento internacional, já que é hoje capaz de produzir com qualidade e adaptando-se às necessidades dos clientes, de uma forma que poucos dos seus concorrentes são capazes. Posiciona-se, assim, no 8º lugar a nível dos líderes mundiais e em 4º se nos referirmos apenas à Europa.

Estamos a falar de um universo com cerca de 450 empresas, sobretudo PME, localizadas maioritariamente na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis e que emprega actualmente mais de 8 mil trabalhadores dotados de uma boa formação técnica especializada.

A sua produção, como vimos, é desde há décadas muito vocacionada para a exportação, sendo que em 2014 – o melhor ano de sempre para o sector, pela terceira vez consecutiva – 85% da sua produção foi vendida para o estrangeiro. Assim, dos seus 660 milhões de euros de produção, 560 milhões foram assegurados pela exportação.

Geograficamente, os seus clientes estão localizados maioritariamente na Europa (78% do total das exportações), embora se trate de uma indústria que vende para 89 países. Entre os dez principais destinos, só dois, EUA e México se encontram fora da Europa. Os cinco maiores clientes são Espanha; Alemanha; França; República Checa e Reino Unido. Trata-se, portanto, de um sector muito dependente do mercado europeu e que precisa de procurar novos mercados fora do continente, o que pode vir a ser facilitado pela maior paridade do euro face ao dólar americano.

Algumas empresas começam também a voltar-se para o mercado europeu extracomunitário, nomeadamente para os países da Europa de Leste.

No que diz respeito às indústrias suas clientes, verifica-se também uma grande dependência de um único sector, responsável por 74% das encomendas: o sector automóvel, sendo que as principais marcas mundiais são nossas clientes. Logo a seguir, com 10%, surge a indústria de embalagens, que tem vindo a crescer de forma continuada. Verifica-se, portanto, um peso excessivo daquele sector, o que levou já a indústria a procurar outras áreas com potencial para serem seus clientes, começando a encontrá-los em sectores como a aeronáutica e os dispositivos médicos.

Fruto do aumento das exportações, o saldo da balança comercial tem também vindo sempre a melhorar. No ano de 2014 aumentou para 405,15 milhões de euros.

Em conclusão, pode-se afirmar que se trata de uma indústria com futuro, pela forma como se tem vindo a adaptar às transformações do mercado, apostando sempre numa mão-de-obra com muita formação, numa constante inovação e aposta tecnológica e numa qualidade que lhe traz um cada vez maior reconhecimento internacional.

Os desafios que tem pela frente – a concorrência do sudoeste asiático e a libertação de uma excessiva dependência da Europa e do sector automóvel para as suas exportações, podem ser contornados também através do aproveitamento de toda a cadeia de valor, deixando de se vender apenas o molde e passando-se a apostar igualmente no design e no fabrico dos componentes.

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