
Arábia Saudita
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
De 22 a 26 de abril, a CCIP realiza a Missão Empresarial à Arábia Saudita.
Situada no continente asiático, no Médio Oriente, a Arábia Saudita ocupa a maior parte da península arábica com uma extensão territorial de 2.149.690 quilômetros quadrados. Faz fronteira a noroeste com a Jordânia, a norte com o Iraque, a nordeste com o Kuwait, a leste com o Qatar e com os Emirados Árabes Unidos, a sudoeste com Omã, e a sul com o Iémen. É banhada pelo Golfo Pérsico e pelo Mar Vermelho.
A Arábia Saudita é o berço do Islão, com dois dos seus santuários mais sagrados, em Meca e Medina, que recebem anualmente milhões de peregrinos; 92 % da população é islâmica e tem maioritariamente abraçado o wahhabismo, uma forma particularmente rigorosa do Islão sunita.
A Arábia Saudita é o maior produtor de petróleo do planeta, a economia do país baseia-se quase exclusivamente na sua produção e na exportação, que representa quase 90% da renda nacional. Outro segmento que também se destaca é a produção de gás natural. A agricultura é extremamente lesada pelas condições naturais do país (solo com pouca fertilidade e baixas taxas pluviométricas). No entanto, foram realizados investimentos em irrigação, impulsionando a atividade agrícola no país, que se baseia na produção de melancia, tâmara, tomate, cevada, pepino, cenoura, cebola e, principalmente, trigo.
Em 2017, o governo anunciou a Saudi Vision 2030 (Visão Saudita 2030), um plano estruturado para diversificar a economia, torná-la menos dependente da indústria do petróleo, e modernizar o país com objetivos e metas claras até 2030, entre as quais aumentar a participação do sector privado de 40 para 65% da economia, aumentar a participação feminina na força de trabalho de 22 para 30% e aumentar também a fatia das exportações não relacionadas com o petróleo. Prevê-se ainda uma série de ambiciosos programas no mesmo sentido: como um programa de sustentabilidade fiscal que prevê a diminuição da dependência da receita governamental do petróleo, um programa de privatização de empresas estatais, e a transformação estratégica da Aramco, a empresa nacional de petróleos.
Como parte deste plano de diversificação, a Arábia Saudita anunciou ainda a construção mega projectos como a Neom, uma cidade futurista no meio do deserto, que abrigará 9 milhões de pessoas, um projeto da responsabilidade do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman e apoiado pelo Fundo de Investimento Público do Reino da Arábia Saudita (PIF); o príncipe revelou a sua visão para o local: torná-lo numa atração turística e num centro global de tecnologia e inovação, a primeira megacidade do mundo a ser alimentada exclusivamente por energia renovável. Uma espécie de cidade de ficção científica, com projectos como The Line, dois edifícios paralelos, de 170 Kms de comprimento revestidos por uma fachada espelhada, contendo no seu interior edifícios, parques públicos, escolas, jardins, casas e locais de trabalho; ou uma estância de ski futurista, com 36 Kms de pistas, mais de 3000 quartos de hotel, 42.000 m2 de espaço comercial e de restauração; ou ainda a primeira marina flutuante do mundo, e uma cidade portuária flutuante para estabelecer ligações com os navios que se dirigem para o canal do Suez, que contribuirá para o comércio regional da Arábia Saudita, centro de logística, instalações de fabrico avançadas, etc.
Mohammed bin Salman tem planos ambiciosos para promover mais mudanças: a sua expectativa é conseguir atrair 100 milhões de visitantes anuais para o reino.
A Arábia Saudita é uma monarquia tradicional, fortemente apoiada nos preceitos religiosos do Islão sunita, isto é, do Islão ortodoxo. O reino foi refundado, na modernidade, em 1932, por Abdulaziz bin Abdul Rahman Al Saud, mais conhecido por Ibn Saud, Oriundo da casa de Saud, a dinastia que durante muito tempo dominara a península arábica, mas que, nos últimos anos do século XIX perdera poder e influência para os haxemitas da Jordânia, que reivindicavam a sucessão directa do profeta Maomé.
Mas Ibn Saud, nascido no exílio, iniciou uma reconquista das cidades e províncias da Arábia para a sua família, tomando Riad em 1902; aproveitando a grande guerra e a revolta árabe, e as consequências para o Império turco e para a região, Ibn Saud conquistou Gidá, Meca e Medina.
Em 1932, oficializou o reino como Arábia Saudita, assumindo o país o nome da dinastia governante. E logo a seguir, em 1933, estabeleceu um acordo para a exploração de petróleo com a Standard Oil Company, a empresa que John D. Rockfeller fundara em 1870 em Cleveland, Ohio, e que se tornara a primeira petrolífera do globo. Estes acordos foram desenvolvidos, pouco antes do final da Guerra, e assinados em Fevereiro de 1945 por Ibn Saud e Franklin D. Roosevelt.
Os acordos, na sua essência eram muito simples: os Sauditas asseguravam a prioridade aos Estados Unidos como clientes do seu petróleo, e os Estados Unidos garantiam a segurança militar do Reino. Trocava-se energia por segurança, petróleo por garantias político-militares.
Estes acordos foram sobrevivendo aos azares dos tempos e da História, embora nos últimos anos tenham vindo a alterar-se, bem como as relações entre Riade e Washington.
A Casa de Saud manteve o seu poder no país; Ibn Saud, o refundador da dinastia, falecido em 1953, foi sucedido pelos seus filhos, por ordem decrescente de idades. Assim, Saud foi o primeiro sucessor e reinou de 1953 a 1964; Saud foi sucedido pelo irmão Faisal, que reinou também por onze anos, de 1964 a 1975; a Faisal sucedeu Khaled que reinou de 1975 a 1982; depois de Khaled veio Fahd, que esteve no trono de 1982 a 2005; a Fahd sucedeu Abdullah, que reinou de 2005 a 2015; e a Abdullah sucedeu o actual rei, Salman.
Na Arábia Saudita, a linha sucessória tem sido, através dos irmãos e não dos filhos do monarca precedente. Assim foi até hoje, com todos os reis acima referidos, tendo começado por serem príncipes-herdeiros do irmão seu antecessor. Essa regra sofreu agora uma alteração profunda, quando o príncipe Mohamed bin Salman Al Saud, filho do actual rei Salman, se tornou em 2017 Príncipe -herdeiro e primeiro-ministro do Reino.
A ascensão de MBS
Foi uma ruptura com o costume implantado da sucessão pelos irmãos filhos de Ibn Saud e não dos filhos do rei anterior. Não foi assim de princípio: Salman nomeara Príncipe Herdeiro, por curto tempo, o seu meio-irmão , príncipe Muqrin bin Abdulaziz Al Saud, que era o 35º filho do rei Abdulaziz. Muqrin durou alguns três meses como Príncipe Herdeiro, sendo substituído por um sobrinho de Salman, Mohamed bin Nayef al Saud, que ocupou o cargo até Junho de 2017, quando o filho mais velho do rei Salman, Mohamed bin Salman Al Saud (conhecido pelas suas iniciais MBS) o substituiu.
MBS subiu ao poder, e além de príncipe herdeiro é também o primeiro-ministro. No exercício do poder procurou equilibrar uma agenda reformista e uma gestão claramente autoritária, não tendo escapado às suspeitas de envolvimento na morte do dissidente Jamal Kashogy. Na agenda reformista, MBS lançou uma forte campanha contra a corrupção, que incluiu entre os suspeitos e punidos membros da família real.
Salman ordenou a detenção em regime de prisão domiciliária, no Ritz-Carlton, de cerca de 200 poderosas figuras da família real, da política e dos negócios, incluindo o comandante da Guarda Real e o ministro da Economia, e mais de quarenta bilionários.
Com esta entrada de choque, MBS tornou-se conhecido no exterior e temido no interior. Ao mesmo tempo, promoveu algumas políticas reformistas em relação, por exemplo, à restrição do poder do clero Wahabita, estimulando uma cultura secular aberta ao Ocidente; foi mesmo ao ponto de, no Estado zelador dos princípios do Islão sunita, ter aberto espaço, a nível político e cultural, para elementos Shiitas.
A sua acção estendeu-se também a limitar os poderes da “Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício”, a temida “polícia religiosa”, que tinha poderes discricionários para vigiar, deter e interrogar os suspeitos de violações da Sharia ou lei islâmica.
Política externa
Também na política externa do Reino se deram grandes mudanças. Tradicionalmente o Reino Saudita mantinha a equação de proximidade de Washington e Salman estabeleceu uma boa relação com Donald Trump; mas estabeleceu um bom entendimento com a Rússia de Putin, na qualidade de serem os dois maiores exportadores de crude, na regulação do mercado.
Muito interessante é o ambicioso projecto Visão Saudita 2030, uma espécie de grande Plano Projecto para o futuro do Reino, que ambiciona preparar o país para a anunciada transição energética através da diversificação económica.
Do ponto de vista de grandes alianças, o Reino esfriou as relações com a América de Joe Biden e aproximou-se da China, da Rússia e do Irão, no quadro dos BRICS que passou a integrar.
Também na integração nos BRICS e em contactos bilaterais impulsionados pela China de Pequim, criou algum degelo no conflito com o Irão.
Na mesma linha de desanuviamento tinha chegado a um princípio de entendimento com o Qatar em Janeiro de 2021. O Reino está a seguir – e isso é confirmado pela atitude perante a guerra da Ucrânia – uma política de pertença e de alguma liderança do chamado bloco do “Sul Global”, desmultiplicando-se em várias organizações e movimentos internacionais numa linha mais neutralista na competição Rússia-EUA e no duelo a longo prazo EUA-China.
As trocas comerciais de bens (excluindo serviços) entre Portugal e a Arábia Saudita representam um total de 119,6 milhões de € (M€) em exportações e 593,4 M€ em importações, na média do período 2018-2022, o que corresponde a um saldo negativo da balança comercial de cerca de -473,8 M€. (Fonte INE)
Os principais grupos de produtos importados foram os Combustíveis Minerais (46,7%), os Produtos Químicos (35,4%), os Plásticos e Borracha (17,3%), os Minerais e Minérios (0,4%) e as Matérias Têxteis (0,1%). Quanto às exportações, destacam-se os Combustíveis Minerais (33,0%), as Máquinas e Aparelhos (9,5%), os Produtos Alimentares (9,0%), os Produtos Agrícolas (7,4%) e os Produtos Químicos (6,8%).
Nas exportações exclusivamente do sector agrícola e agroalimentar, Portugal tem um saldo positivo de 25,2 M€. Representam, em média, 25,2 M€ e as importações 23 mil €. As principais exportações agrícolas e agroalimentares neste período foram Tomates preparados (21%), Manteiga (14%) e Águas com açúcar ou outros produtos; outras bebidas (13%). As importações agrícolas e agroalimentares mais relevantes referem-se a Tâmaras, figos, ananases, abacates, goiabas, mangas (70%), Gorduras e óleos, animais ou vegetais, processados de outras formas (11%) e Chocolate e outras preparações com cacau (11%).
Em termos de oportunidades de negócio, a Arábia Saudita poderá ser um mercado interessante para o sector agroalimentar, ambiente (água, gestão e tratamento de resíduos), capital humano e inovação, defesa e sector aeroespacial, energias renováveis, indústria química, entre outros.
Nome oficial: Reino da Arábia Saudita
Área: 2.153.168 km²
Capital: Riad
Idioma: Árabe (oficial) Inglês (negócios)
População: 37 940 341
Religiões: Islão (93%) Cristianismo (5%) Hinduísmo, Budismo e Skhismo (2%)
Governo: Monarquia absoluta teocrática
Rei: Salman bin Abdulaziz Al Saud
Moeda: Rial (SAR)
PIB: 1.051.497 M€ (2022 – countryeconomy.com)
PIB per capita: 32.680 € (2022 – countryeconomy.com)
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)- 0.875 em 2021, (37ª em 191 países)
Index of Economic Freedom Heritage 2023: pontuação global: 58.3; classificação mundial: 98
Ease of Doing Business Index: 62 em 190
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

