A Urgência do Desenvolvimento
O Magrebe, em estreito contacto com o Mediterrâneo e a Europa, mas também com o Sahel, engloba cinco países: Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia. Estes países, embora apresentem grandes semelhanças e complementaridade entre si, têm também diferenças importantes, nomeadamente a nível económico, que importa conhecer antes de se tomar a decisão de investir na região.
Quando se fala no Magrebe para se referir a estes cinco Estados muçulmanos, tende-se naturalmente a conotá-los como um grupo de países com algum tipo de identidade comum. Contudo, a verdade é que permanecem grandes diferenças de desenvolvimento e a UMA – União do Magrebe Árabe – tem sido incapaz de promover a integração económica regional, tendo-se ficado, a maior parte das vezes, pelas declarações de intenções. As razões para uma tal situação são diversas: tem sido referido como motivo principal o mau relacionamento entre a Argélia e Marrocos, mas é também apontada a diferença entre países produtores de hidrocarbonetos, mais ricos e os países que os importam, mais pobres.
Contudo, a situação actual poderá vir a alterar este estado de coisas, por força não apenas da crise e da necessidade de recuperar os níveis de desenvolvimento perdidos com a “primavera árabe”, mas também devido à ameaça crescente do terrorismo, que os preocupa a todos e que fez surgir a percepção de que há determinados desafios que têm de ser enfrentados em conjunto. De facto, nas últimas semanas tem-se assistido a um enorme esforço diplomático no sentido de ultrapassar diferenças e de fomentar a reactivação de uma organização de que todos têm a beneficiar.
Refira-se que o comércio entre os países da UMA representa apenas 3% do comércio total da região, o que se traduz na taxa mais baixa a nível mundial. Acresce aliás o facto de que existe uma complementaridade a nível económico entre estes países, o que poderia levar a um aumento significativo das relações comerciais entre todos e, dessa forma, ao desenvolvimento das respectivas indústrias e a um combate conjunto aos problemas sócio-económicos das suas populações.
Mas, para se compreender melhor o estádio em que se encontram estes países, é preciso ter presente a forma como todos reagiram aos movimentos da “primavera árabe”, bem como a situação económica em que se encontram. Assim, é possível verificar que países como a Argélia e Marrocos se adaptaram bem às mudanças exigidas pelas respectivas populações, enquanto países como a Líbia e a Tunísia, continuam a enfrentar sérios problemas, embora no caso desta última haja legítimas expectativas de estabilização após as eleições previstas para o final deste ano. De igual forma, também a nível económico, existem algumas diferenças entre estes países e aqui importa distinguir a Argélia e a Líbia, países exportadores de hidrocarbonetos, com fortes recursos e pouca dívida e países como Marrocos e a Tunísia, onde a balança comercial se tem vindo a degradar. Posicionando-se quase como uma terceira parte entre estes dois grupos de países, a economia da Mauritânia têm resistido à crise, muito suportada pela sua indústria mineira.
Urge, assim, implementar a cooperação e as políticas de integração regional subjacentes ao acordo da UMA, para que estes países deixem de ver crescer os custos da não-integração regional. O preço da continuação da actual situação é o de permanecerem relativamente marginalizados face aos fluxos da economia mundial.
Embora não seja esta a ocasião de se fazer um estudo aprofundado sobre a economia dos Estados do Magrebe, veja-se de forma geral a situação político-económica de cada um deles: