Sérvia e Bósnia Herzegovina

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Sérvia e Bósnia Herzegovina

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre estes mercados que lhe permite ter uma visão geral sobre esta região e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.

 

 

Taxas de crescimento, em média, acima dos 5% – com alguns países a crescer entre os 7% e os 8% – aumento do investimento direto estrangeiro – mais de USD 117 biliões em 2019 (stock) – ganhos de competitividade e emergência de pequenos hotspots de empreendedorismo, são apenas alguns exemplos do que hoje caracteriza os países que outrora pertenceram à antiga Jugoslávia, no centro dos Balcãs.

Ao longo das duas últimas décadas, a região dos Balcãs fez progressos notáveis, numa trajetória que a levou da guerra à paz, da fragmentação à estabilidade política e ao desenvolvimento cooperativo, do colapso económico ao crescimento (fortemente alicerçado numa maior abertura comercial), implementando um conjunto de reformas no sentido de uma crescente aproximação às lógicas políticas, económicas e de mercado da Europa e do Ocidente. O ambiente de negócios na região tem sofrido uma alteração profunda e algumas das suas cidades são hoje conotadas com inovação, criatividade, disrupção e mudança. Belgrado, capital da Sérvia, é disto um exemplo paradigmático, sendo hoje apelidada por muitos como “a nova Berlim”.

Realidades políticas, económicas e sócio-culturais, desconhecidas para muitos portugueses e, até, de uma forma geral, para muitos europeus, que continuam a olhar para alguns mercados desta região com certo misticismo, ou até, desconfiança. Desmistificar estes mercados é, por isso, essencial. Sérvia e Bósnia-Herzegovina (Bósnia) ocupam-nos nesta edição.

A mudança operada é desde logo visível no impulso económico destes países, embora com diferentes intensidades e ritmos.

Depois de uma recuperação no imediato pós-guerra (anos 90) que oscilou entre os 11% e os 23% (valores expectáveis tendo em conta o contexto), a década seguinte foi de crescimento ininterrupto para a Bósnia, a uma média anual que rondou os 5%, até à eclosão da crise de 2008-2009. Uma conjuntura internacional altamente desfavorável e que penalizou fortemente a economia do país, a braços com fragilidades herdadas do conflito (que teve na Bósnia o seu epicentro) e ainda por ultrapassar. Mas a recuperação viria, embora longe do ritmo de anos anteriores, e a Bósnia voltou a um ciclo de crescimento, mais robusto a partir de 2015, variando entre os 3% e os 3,7% até 2018, último ano para o qual há dados oficiais confirmados. Estimativas relativas a 2019, apontam para um crescimento de 2,7%. Controlo da inflação/deflação, descida significativa do desemprego (de 70% em 1995 para 15,7% em 2019) e aumento paulatino do rendimento disponível, são outros indicadores positivos que caracterizam a evolução macro-económica do país.

A Sérvia, um dos motores económicos da região, teve uma trajetória semelhante, pese embora vicissitudes muito específicas do país e que passaram, desde logo, pela independência do Montenegro e do Kosovo. Tendencialmente mais robusta e de crescimento mais sustentável, a sua economia expandiu entre os 5% e os 10% de 2000 a 2008, a que se seguiu uma contração gerada pela crise que eclodiu nos EUA naquele ano. Os anos seguintes foram de alguma oscilação mas, tal como a Bósnia, a partir de 2015 a Sérvia retomaria a sua rota de crescimento, com maior dinamismo do que o seu vizinho, atingido taxas de 4,4% em 2018 e 4,2% em 2019.

O aumento da procura e do consumo interno e a crescente capacidade de atração de investimento estrangeiro, para o que muito contribuiu a aposta na melhoria do ambiente de negócios no país – onde ressalta uma mão-de-obra de qualidade, altamente competente e especializada, custos operacionais bastante competitivos, e as reformas fiscais que transformaram a Sérvia numa das economias com mais baixas cargas fiscais em toda a Europa – são alguns dos fatores na base do crescimento registado.

Com PIBs estimados em USD 52 mil milhões e USD 18,9 mil milhões, que fizeram delas a 2ª e 4ª maiores economias da região em 2020, Sérvia e Bósnia, respetivamente, representam perto de 34,% do PIB gerado pelo conjunto das sete antigas repúblicas jugoslavas.

O último ano foi de contração generalizada em toda a região. De notar, porém, que a descida menos significativa de todas foi a da Sérvia (-2,5%), evidenciando-se, assim, o carácter sólido e a capacidade de resiliência desta economia. Num estádio de desenvolvimento diferente, a Bósnia sofreu um impacto maior, com a sua economia a contrair -6,5%.

Mas as notícias são boas e é esperada uma forte recuperação já para este ano, liderada pela Sérvia (5%), com a Bósnia um pouco atrás, com uma previsão de crescimento de 3,5%.

Números que surpreendem muitos, e que, em alguns casos, contrastam bastante com perspetivas mais modestas de crescimento de muitas economias desenvolvidas da Europa, que tendencialmente ocupam lugares mais relevantes entre os nossos parceiros comerciais. Devemos estar atentos ao que se passa no outro canto da Europa.

Região em rápido desenvolvimento, o conjunto das sete antigas repúblicas jugoslavas, deverá crescer a uma média de 4% ao ano até 2025, acima da média da zona euro e de toda a UE. Um crescimento novamente liderado pela Sérvia (4,8%), com a Bósnia mais atrás, em 5º lugar, ainda assim também acima da média do bloco comunitário, com uma estimativa de crescimento muito próxima dos 4%.

Perspetivas animadoras e que, a par de outros indicadores, deverão encorajar potenciais investidores internacionais.

À semelhança de outros na região, Sérvia e Bósnia são países em reposicionamento no contexto europeu. Um reposicionamento que passa, desde logo, pela tentativa de adesão à UE, cujo processo implica a adoção de reformas políticas, institucionais, económicas etc., tendentes a uma cada vez maior estabilização destes países e harmonização com o quadro europeu. Desenvolvimentos que também importa acompanhar e que tenderão a reforçar a confiança e atratividade destes mercados e o potencial das oportunidades que apresentam.

 

 

Os benefícios de uma abordagem integrada

Sérvia e Bósnia-Herzegovina (Bósnia) são mercados que ocupam uma posição central na região dos Balcãs, verdadeira zona de fronteira entre continentes: a Europa, a Eurásia e o Próximo Oriente. A sua localização estratégica permite-lhes funcionar como potencial porta de acesso a diferentes mercados nestas regiões.

A dimensão do mercado interno de algumas destas economias, principalmente no contexto das antigas repúblicas jugoslavas, pode não ser suficiente para despertar a atenção de investidores ou empresas internacionais. Não secundarizando as oportunidades específicas de cada um, nem tão pouco as suas diferenças, que poderão obrigar a ajustamentos e estratégicas específicas de entrada no mercado, uma abordagem conjunta poderá trazer vantagens. Muitas empresas estrangeiras que já operam na região adotaram uma abordagem integrada e transfronteiriça, estabelecendo-se num país, vendendo a e importando de outros na região.

Sérvia e Bósnia poderão servir este propósito. Além do acesso direto a 10,246 milhões de consumidores que estes dois mercados representam, juntando a população dos demais países antes pertencentes à Jugoslávia – Croácia, Eslovénia, Kosovo, Macedónia e Montenegro – estaremos perante um mercado próximo dos 21 milhões de consumidores. De sublinhar, também, a integração da Sérvia e da Bósnia no Acordo Centro-Europeu de Livre Comércio (CEFTA), do qual fazem também parte a Albânia e a Moldávia, representando isto a possibilidade de acesso a mais 5,5 milhões potenciais consumidores. As boas relações com a Rússia e a Comunidade de Estados Independentes (CEI) traduzem-se na ausência de sanções e acordos de comércio livre com estes mercados.

O mundo das startups

Destruídos por anos de guerra e conflitos subsequentes (1991-95/2001), estes são países que raramente aparecem no radar das startups, mas que hoje em dia não devem ser deixados de fora. Embora com diferenças de país para país, há ecossistemas que lentamente vão tomando forma, apoiados por iniciativas governamentais, fundos de capital de risco, por associações de “business angels”, conferências regionais de tecnologia e histórias de sucesso. A Sérvia é um destes exemplos e a sua população jovem e ambiciosa e uma mão-de-obra de elevado talento tecnológico, faz antecipar um cada vez maior desenvolvimento deste sector.

Energia

Com uma estrutura produtiva onde ainda são visíveis marcas de uma economia estatizada de influência soviética, onde a indústria pesada ganhou expressão, a dependência do carvão como fonte energética ainda é uma realidade. Espera-se, por isso, uma crescente aposta no sector das energias renováveis, no caso da Sérvia com especial atenção para possibilidades de negócio que poderão surgir no sector da Biomassa.

Centrais elétricas e sistemas de aquecimento urbano precisam de ser modernizados.

Ambiente

São grandes as necessidades de investimento internacional para outras áreas relacionadas com o ambiente, que não apenas as energias renováveis. Soluções e serviços de gestão de resíduos, gestão de águas residuais e redução da poluição (também poluição sonora), são necessidades prementes em ambos países. Cidades como Lukavac, Tuzla, Saraievo (Bósnia), Vajevo e Nis (Sérvia) estão no topo das cidades mais poluídas da Europa.

Outros

Existe ainda potencial de negócio em sectores como a agricultura, o têxtil, produtos alimentares e bebidas, o sector automóvel e a indústria de processamento de metais, o sector médico-hospitalar, turismo, equipamentos de hotelaria e restauração, TICs (com especial atenção para a Sérvia no sector do outsourcing), infraestruturas, construção e obras-públicas. Realidades transversais aos dois países, mas com especial atenção para as necessidades sentidas pela Bósnia onde, apesar do crescimento que vem sendo registado, há ainda muito a fazer e construir, de modo a equiparar os níveis de desenvolvimento do país com os dos seus vizinhos. Estimativas que apontam para que apenas 65% da população tenha acesso às redes públicas de saneamento e distribuição de água, são um exemplo elucidativo das necessidades a suprir no país.

Riscos

As perspetivas de crescimento dos países é positiva. No entanto, há fatores de risco, tanto no curto como no médio prazo, que devem ser ponderados: desenvolvimentos internacionais (incluindo o impacto da pandemia de Covid-19, cujos efeitos não são ainda totalmente visíveis), o ritmo e o sucesso/insucessso da implementação de reformas estruturais em curso e outras a adotar (no quadro da aproximação à UE) e desenvolvimentos políticos internos.

A diversidade étnica e religiosa destes países é um fator de risco pelo potencial de conflito que podem gerar. Tem sido grande esforço para garantir a manutenção de um clima de paz e estabilidade, essencial para atrair negócios, investimento e manter fluxos comerciais. Um esforço que tem colhido sucesso, 25 anos depois do término da guerra em que Bósnia e Sérvia (assim como os seus vizinhos) se viram envolvidas.

Nenhuma das partes está interessada em retroceder neste caminho. A par de considerações políticas e humanas, os efeitos económicos seriam devastadores. Mas os fatores de risco estão lá e devem ser monitorados.

A integração desta região em redes de criminalidade transnacional organizada é outra das vulnerabilidades a considerar.

 

 

O distanciamento destes mercados é visível na reduzida importância (em termos de valor) que os fluxos comerciais com a região representam no conjunto do comércio internacional português. Totalizando EUR 338,542 milhões, entre importações e exportações, isso significou uma cota inferior a 0,3% do total das trocas de Portugal com o exterior, em 2020. (estimativas)

Igualmente revelador, é a posição destes mercados no ranking dos nossos parceiros comerciais, no geral relativamente modestas, com a Sérvia e a Bósnia a ocuparem o 79º e o 141º lugares entre os nossos clientes, respetivamente. Para a Sérvia, 3º maior mercado de destino da região (ex-Jugoslávia) foram exportados EUR 24,596 milhões em bens, valor muito superior às exportações para a Bósnia (EUR 2,778 milhões), num total combinado que significou 16,3% das exportações com destino à região.

Do outro lado da equação, os dois mercados foram responsáveis por 20% do que Portugal importa desta zona específica dos Balcãs, com as compras à Sérvia a somarem EUR 29,377 milhões (17%) e à Bósnia pouco mais de EUR 5,104 milhões (3%). Olhando os dois lados da balança (conjunta), o saldo é negativo para o nosso país, à semelhança, aliás, do que acontece no quadro geral das relações comerciais com a região, a quem compramos mais do que vendemos.

Apesar dos valores apresentados serem pouco expressivos, outros há que permitem uma análise às relações comerciais entre os países mais otimista. Desde logo, os que demonstram uma tendência de intensificação das trocas. No caso da Sérvia, o comércio bilateral com o país cresceu a uma média anual de quase 23% ao longo da última década. Mais expressivo ainda, é a variação direta de 2010 para 2020, que dá conta de um aumento de 378% no valor das trocas, passando-se dos EUR 11,291 milhões para os EUR 53,973 milhões no último ano.

A mesma tendência se verifica nas relações com a Bósnia, embora de forma menos expressiva. Do início da década até ao ano passado, as trocas com o país cresceram quase 63%, a uma média de 7,7% ao ano. Mas este foi um crescimento em larga medida alimentado pelas importações, que de 2010 para 2020 aumentaram 367%, enquanto do lado das exportações esse crescimento foi de -25,8%. Por outras palavras, atualmente Portugal compra substancialmente mais à Bósnia do que comprava, e vende substancialmente menos. Uma tendência que deverá manter-se, a julgar pelo ritmo médio de crescimento das importações (29,2%), face ao das exportações (2,2%), no período considerado. O aumento do número de empresas a exportar para o país (63 em 2017, último ano para o qual temos números disponíveis confirmados) a que se vem assistindo nos anos mais recentes, não tem sido suficiente para alterar este quadro. Ainda assim, há mais empresas a exportar, o que é sempre um indicador positivo.

A dinâmica é diferente nas relações com a Sérvia. O aumento do comércio com o país tem sido suportado de forma idêntica por exportações e importações. De um lado e do outro, o crescimento verificado ultrapassou a fasquia dos 350%, do mesmo modo que tem sido equilibrado o ritmo deste crescimento, com as exportações a subirem a uma média de 29,4% ao ano e as importações 29,7%, ao longo da última década. O equilíbrio parece ser a regra das relações com a Sérvia, e a balança comercial vai oscilando entre saldos positivos e negativos. O défice registado em 2020 não tem obrigatoriamente que se repetir em 2021, podendo regressar-se à tendência superavitária dos três anos anteriores.

À semelhança do que acontece com a Bósnia, também no caso da Sérvia se tem assistido a um aumento progressivo do número de empresas a exportar para este mercado e que em 2018 já ultrapassavam as 230.

Quanto ao potencial exportador para estes mercados, será de destacar o caso dos minerais e minérios, máquinas e aparelhos, plásticos e borrachas que, no caso da Sérvia, terão representando 66% do total das exportações para o país em 2019, embora haja indicadores que apontam para um potencial de crescimento significativo também das exportações de peles e couros, matérias têxteis, produtos alimentares e agrícolas, químicos, pastas celulósicas e papel e calçado.

Também os plásticos e borrachas têm liderado as exportações para a Bósnia, seguido das matérias têxteis e dos produtos agrícolas. Mas talvez o destaque deva ir para o potencial exportador dos metais comuns, dos minerais e minérios e de alguns produtos alimentares (caso dos peixes congelados), que têm revelado especial dinamismo face às necessidades de importação do país.

 

 

Localização geográfica: Sudeste da Europa, fazendo fronteira com a Hungria (a norte), o Montenegro, o Kosovo e a Macedónia (a Sul), a Croácia e a Bósnia-Herzegovínia (a Oeste), a Roménia e a Bulgária (a Oeste).

Capital: Belgrado

Território: 77.474 Km2 (área terrestre)

População: 6, 945 milhões (Banco Mundial, est 2019) FACTBOX: SÉRVIA

Localização geográfica: Sudeste da Europa, fazendo fronteira com a Hungria (a norte), o Montenegro, o Kosovo e a Macedónia (a Sul), a Croácia e a Bósnia-Herzegovínia (a Oeste), a Roménia e a Bulgária (a Oeste).

Capital: Belgrado

Território: 77.474 Km2 (área terrestre)

População: 6, 945 milhões (Banco Mundial, est 2019)

Língua: Sérvio (oficial)

Moeda: Dinar sérvio

Ranking Doing Business Report 2020: 44/190

Global Competitiveness Index 2019: 72/141

Index of Economic Freedom – Heritage 2021: 54/180 (+1,2 pontos)

PIB, taxa crescimento real 2021: 5% (FMI, est. Abr 2021)

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067

Ser Associado da Câmara de Comércio significa fazer parte de uma instituição que foi pioneira do associativismo em Portugal.

 

Os nossos Associados dispõem do acesso, em exclusividade, a um conjunto de ferramentas facilitadoras da gestão e organização das respectivas empresas.