A internacionalização das empresas de construção portuguesas tornou-se, ao longo das últimas décadas, uma realidade cada vez mais frequente, em grande parte fruto da necessidade de responder à estagnação do mercado interno registada nos últimos anos. Hoje, a importância da construção e imobiliário na internacionalização da economia é inquestionável. Em 1999, o volume de negócios na área da construção no exterior rondava os 233 milhões de euros. Em 2005 foi pela primeira vez possível ultrapassar a barreira dos mil milhões de euros. Actualmente, o volume anual de facturação externa na construção e no imobiliário ultrapassa os 10,4 mil milhões de euros: valor que representa 16,6% da facturação do país no exterior e 31,5% do volume total de negócios no sector.
Mas o processo de internacionalização é complexo e comporta riscos, muitas vezes elevados, que nem todas as empresas têm capacidade para suportar, com as empresas de pequena e média dimensão a apresentarem maiores dificuldades: em matéria de gestão financeira; acesso a financiamento; gestão administrativa e dos recursos humanos; obstáculos fiscais, legais e burocráticos; carência de recursos e de
conhecimentos especializados para identificar oportunidades de negócio em território internacional, potenciais parceiros e práticas comerciais estrangeiras; dificuldades em lidar com as dinâmicas políticas do mercado de destino, muitas vezes críticas para os negócios e principalmente para empresas da área das infra-estruturas que em muito dependem dos Estados… Um conjunto de dificuldades que podem acabar por inviabilizar a opção pela internacionalização e, no limite, pôr em causa a própria sobrevivência da empresa.
No contexto europeu, Portugal tem sido dos países com maior grau de diversificação de mercados fora do continente, privilegiando mercados emergentes, em vias de desenvolvimento e de língua oficial portuguesa, com destaque para África e a América Latina onde somos, respectivamente, o segundo e terceiro país europeu com maior presença na construção.
Num momento em que a actividade internacional da construção parece inverter a tendência de crescimento, quer por via do recuo da facturação internacional, quer por via da redução de novos contractos – são, por exemplo, evidentes as dificuldades que as empresas portuguesas enfrentam em mercados como Angola, Moçambique e Brasil – torna-se urgente procurar alternativas, diversificar mercados e afirmar a competitividade das construtoras portuguesas e das empresas associadas. É necessário desenvolver instrumentos adequados às especificidades do sector, nomeadamente no que respeita ao acesso a mecanismos de incentivos e instrumentos de financiamento – uma das maiores dificuldades das empresas portuguesas face às restantes – e soluções estratégicas que potenciem a experiência e a capacidade das empresas nacionais, apostando no trabalho em rede e na complementaridade entre todos os intervenientes do sector. Assim deverá ser, com o objectivo de aumentar o volume externo de negócios, garantir que o sector volta a crescer e de forma sustentada, reforçando o posicionamento da construção portuguesa no exterior.