México

2-Mexico

México

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal. 

     

O México é uma nação onde coexistem a riqueza, a beleza natural, a história e tradição indígena, a pobreza e a degradação urbana, a vitalidade económica, os paraísos turísticos, os cartéis de drogas, autoridades corruptas e altos índices de criminalidade. Grande exportador de petróleo, mas com áreas rurais e favelas que ainda sofrem com o abandono. Porém, a taxa oficial de pobreza multidimensional no México, que avalia a pobreza juntamente com seis indicadores de privação social, caiu de 43,2% em 2016 para 36,3% em 2022, tirando 5,4 milhões de pessoas da pobreza, devido principalmente aos resultados do mercado de trabalho, incluindo aumentos no salário mínimo.

Com infraestruturas fortes, abundantes recursos naturais, uma economia diversificada e uma localização geográfica privilegiada, o México posiciona-se entre as quinze maiores economias do mundo e é actualmente a segunda maior da América Latina. A sua proximidade aos Estados Unidos, com quem partilha uma fronteira de mais de 3.145 quilómetros, tem garantido um acesso directo a um dos maiores mercados do mundo e facilitado a integração nas cadeias globais de valor, tornando o México num elo fundamental no comércio e na logística da região.

 

Os espanhóis de Hernán Cortés conquistaram o México e tomaram a capital dos Aztecas, Tenochtitlán (situada onde hoje fica a Cidade do México), graças à aliança com os povos locais, inimigos dos Aztecas, em 1521. Tecnologia militar superior, (armas de fogo, cavalos) e aliança com os povos locais subjugados pelos Aztecas, ajudam a explicar a vitória, que não foi fácil. A varíola, trazida pelos conquistadores e disseminada entre os Aztecas também contribuiu para os enfraquecer.

As novas dependências da coroa espanhola foram designadas por Nueva España, e o vice-reinado de Nova Espanha, além do México, estendia-se pelo istmo da América Central e às Caraíbas. E para norte apanhava o que é hoje parte do Sul dos Estados Unidos.

O vice-reinado foi criado em 1535 e o primeiro vice-rei foi Antonio de Mendoza y Pacheco. A economia das conquistas baseava-se essencialmente na exploração das minas de prata e ouro. Os habitantes locais eram a força de trabalho destas explorações; foram muito sensíveis às várias epidemias trazidas pelos conquistadores espanhóis, que dizimaram as populações, pouco preparadas para as enfrentar. Estas epidemias aconteceram em 1519-1520, em 1545-1548, em 1576-1578, de todas as vezes matando milhões de pessoas.

Por causa destas perdas, a partir do século XVII, a mineração manteve-se, mas actividades ligadas à agricultura e à pastorícia surgiram também.
A economia da prata – desenvolvida em centros mineiros como Zacatecas, San Luis de Potosi, Guanajuato – não só fundou a fortuna de uma classe de colonos ricos, como foi a base da riqueza, em Espanha, de importadores e comerciantes. E, claro, da Coroa, que recebia um quinto do valor dos metais preciosos.

Nos finais do século XVIII, a população mexicana era de cerca de 6 milhões de pessoas. Com a chegada ao poder em 1714, em Madrid, da nova dinastia dos Bourbon, surgira uma nova política colonial: daí, uma reforma fiscal, com aumento significativo dos impostos; por outro lado, o sistema de comércio, com as frotas reguladas pelo poder de Madrid e com grande cerimonial e escoltas, ia ser, ao longo do século, liberalizado.

Independência e século XIX
No princípio do século XIX, as consequências das invasões napoleónicas da Península ibérica vão ter grandes repercussões nas Américas: o Príncipe Regente D. João de Portugal e a corte portuguesa partem para o Brasil em 1807, para evitarem que ficar reféns dos franceses; em Espanha, os Bourbon, primeiro aliados de Bonaparte contra Portugal, acabaram por ser detidos, tendo o imperador francês escolhido o seu irmão José para rei de Espanha.

Esta confusão e lutas na Espanha estimularam a revolta das colónias espanholas. No México, um padre católico, Miguel Hidalgo y Costillo (1753-1811) liderou o primeiro movimento independentista.

Ao tempo, na sociedade colonial, havia a distinguir, por hierarquia de importância: os espanhóis do Reino de Espanha; os crioulos, ou seja, os espanhóis nascidos no México; os mestiços; os índios. Hidalgo lançou o famoso apelo à independência, conhecido por “Grito de Dolores”; depois marchou com os sublevados até à cidade do México, onde o vice-rei Francisco Xavier Venegas se recusou a render-se. Hidalgo retirou e foi batido pelos espanhóis na batalha de Aculco; depois de vencido e capturado, foi submetido a julgamento militar e condenado à morte por fuzilamento.

A seguir à sua morte, a liderança do movimento independentista passou para José Maria Morelos, que cercou a Cidade do México. Mas também não teve sucesso e veio a ser capturado e fuzilado em Dezembro de 1815. Seguiu-se uma guerra de guerrilhas sem grande sucesso. E a independência acabou por chegar pelas mãos de Agustin de Iturbide, um militar crioulo, conservador, que, depois de ter lutado contra as forças independentistas, acabou por, na sequência do golpe militar liberal em Espanha, se passar para a facção independentista e por assinar o Tratado de Córdova que dava a independência ao México.

Iturbide tornou-se o soberano do México independente, Império do México, como Agostinho I, imperador. Mas foi derrubado e exilado na Europa. Em 1824, voltou ao México, mas foi feito prisioneiro e fuzilado.

A República Mexicana nasceu assim de forma conturbada, e vai ter uma história agitada ao longo do século XIX; em 1836 é a rebelião do Texas, que se separa do México e é anexado pelos Estados Unidos em 1845; em 1846, começa a guerra do México com os Estados Unidos, com a perda de muitos territórios mexicanos para o vizinho do Norte; depois veio, de 1857 a 1861, uma guerra civil, com base no combate ao poder da Igreja Católica. Benito Juarez era então o presidente liberal; vinha de uma família índia, zapoteca. Estudou no seminário, protegido por um frade franciscano, e depois fez Direito e entrou para a política, sendo eleito presidente em 1861. Combateu o arquiduque Maximiano da Áustria, que tentara ser imperador do México com o apoio de Napoleão III.

O presidente seguinte foi Sebastian Lerdo de Tejada; em 1876, Porfírio Diaz, um mestiço, também de origens humildes, militar experiente das várias guerras mexicanas, tentou um golpe pretoriano. Foi mal sucedido, mas voltou pela via eleitoral, e foi eleito presidente em 1877; criou um aparelho político-militar de confiança e, em 1884, voltou ao poder.
Porfírio Diaz governou durante os 26 anos seguintes, sendo reeleito como presidente por várias vezes sucessivas; na prática governou em ditadura, levando a cabo uma hábil política de melhoramentos públicos, apoiada nos crioulos e nos mestiços, mas indiferente à massa popular índia. Em 1911 venceu na eleição Francisco Madero, mas entretanto, no ano anterior, já tinha rebentado a revolução mexicana.

A Revolução Mexicana de 1910
À partido, a revolução mexicana é uma revolução contra a oligarquia instalada por Porfírio Diaz, reeleito sete vezes, com duvidosa transparência. Entre os líderes revolucionários, contam-se desde os populares Pancho Vila e Emiliano Zapata, até ao próprio Madero, nascido numa família de alta burguesia, com estudos em Paris e Berkeley . Ganhou as eleições depois da derrota militar e partida de Porfírio para o exílio parisiense; mas foi, por sua vez, derrubado por uma conspiração que pôs no poder o general Victoriano Huerta. Huerta era de uma família também indígena.

O Porfiriato fora uma ditadura governada pela ideia positivista de que o progresso económico e social se fazia com ordem e estabilidade políticas e que, se para tal fosse precisa a autoridade e a marginalização da liberdade e da igualdade, não havia que hesitar. Era o lema “Ferrocarilles y Progresso”, que trouxe para o México investimentos estrangeiros para os combóios, o petróleo, a electricidade, a siderurgia e a indústria açucareira.

A instabilidade crónica do México, até aí, não só tinha privado o país desses investimentos, como de uma imigração europeia qualificada, que preferia a estabilidade dos Estados Unidos ou da Argentina.

Com a revolução de 1910 e as guerras que se lhe seguiram, voltava-se à instabilidade. Verdade que a estabilidade oligárquica do Porfiriato trouxera a revolta e a revolução de uma maioria da população marginalizada.

Huerta enfrentava três “revoluções”: os camponeses do Sul, encabeçados por Zapata, Pancho Vila e as forças de Venustiano Carranza, um homem da oligarquia, também um grande proprietário, que seria assassinado em 1920; como foram assassinados Zapata (1919) e Vila (1923). Huerta morreu em El Paso nos Estados Unidos, em 1916.
Novos presidentes foram Álvaro Obregón, de 1920 a 1924, também assassinado. E Plutarco Elias Calles, que passou à História como o homem da grande perseguição à Igreja Católica. E foi Calles quem, em 1929, fundou com o nome de Partido Nacional Revolucionário (PNR) o que seria mais tarde o Partido Revolucionário Institucional (PRI), um partido que governaria o México até ao ano 2000.

O PNR fundado por Calles, mudaria ainda de nome para Partido da Revolução Mexicana (PRM) em 1938; mas, em 1946, fixou-se finalmente como Partido Revolucionário Institucional (PRI). Inicialmente, a ideia do partido era juntar os generais vitoriosos da guerra civil de 1910-1920. A ideia – que acabou por ter sucesso, pelo menos em termos de hegemonia estável – era abrigar na mesma organização política as tendências e forças político-sociais que, ao longo dos anos da guerra civil, se tinham combatido.

A hegemonia do PRI
Acabou por resultar e, de certo modo, trazer estabilidade ao país, uma estabilidade que durou praticamente desde a institucionalização do PRI com o seu nome, em 1946. Aquilo a que assistimos foi, depois dos anos da “revolução mexicana” (1911-1920), que foi consequência do descontentamento da maioria da população com o Porfiriato, e do interregno dos anos 20, o sistema de hegemonia do PRI foi funcionando, veiculando uma ideologia nacionalista e socializante, num Estado regido por uma classe tecnoburocrática que conseguiu, através dum sistema de integração de elites dirigentes (de operários, camponeses, de classe média) manter uma estabilidade “corporativa” e, como o nome indica, “institucionalizar” a revolução.

Ou seja, os ideais pragmáticos da estabilidade política e do consequente crescimento e desenvolvimento económicos, realizaram-se em parte contendo a liberdade e esquecendo a igualdade. Os presidentes do “priismo” foram governando “ao centro”, ora indo mais para a esquerda, ora mais para a direita, conforme o equilíbrio das forças e dos interesses, sempre com a preocupação de manter o equilíbrio do sistema.

Ao mesmo tempo, os mandatários do PRI estavam atentos às “instituições”, aos poderes fora da política – os Militares, a Igreja Católica, as Universidades. Nesse aspecto, o “priismo” também funcionou: os militares, que tinham sido a força política decisiva desde a independência, ao ponto dos grandes líderes políticos como Benito Juarez e Porfírio Diaz serem militares, foram afastados da intervenção política, mas integrados no sistema; a Igreja Católica, depois da perseguição da presidência Calles que levou à revolta e guerra dos Cristeros, entre Agosto de 1926 e Junho de 1929, acabaram por, apesar da hostilidade da Constituição de 1917, gozar de uma relativa liberdade religiosa; as universidades, centros de alguma resistência ao regime, foram também integradas, embora o governo não hesitasse em ser repressivo e brutal, como em Outubro de 1968, com o chamado “massacre de Tlatelolco”, em que cerca de 300 estudantes terão sido mortos pelas forças de segurança. O presidente ao tempo era Gustavo Diaz Ordaz e era o ano dos Jogos olímpicos no México.

Entre 1988 e 1994, no mandato de Carlos Salinas de Gortari, manifestou-se dentro do PRI um princípio de contestação e reivindicação da “herança legítima da revolução”. Um facto grave foi, em Chiapas, um levantamento do EZLN – Exército Zapatista de Libertação Nacional – em Janeiro de 1994. O EZLN, nesta revolta no Estado mais a sul do México, reclamava a herança da “revolução mexicana” e a implantação de um “governo socialista” contra os senhores do poder do PRI. A revolta foi controlada, mas o mal-estar permaneceu.

E na eleição presidencial de 2000, depois do mandato de Ernesto Zedillo, finalmente o candidato do PRI, Francisco Labastida, com cerca de 13 500.000 votos populares (37%), perdeu para o candidato do PAN, Vicente Fox Quesada, que teve cerca de 16 000 000 (42,5%).

O PAN (Partido de Acción Nacional) fora fundado em 1939, como oposição ao programa socialista do futuro PRI; actualmente tem uma agenda de valores conservadores em costumes e questões ditas fracturantes, e é mais liberal em economia. Ganhou a presidência em 2000 com Vicente Fox, e voltou a ganhar em 2006, com a eleição de Felipe de Jesus Calderón, presidente até 30 de Novembro de 2012. A eleição de 2012 foi ganha por uma coligação, Compromisso por Mexico, entre o PRI e o Partido Verde Ecologista. O vencedor foi Henrique Peña Nieto contra Lopez Obrador, do partido MORENA (Movimento de Regeneración Nacional).

Mas em 2018 foi Lopez Obrador o vencedor, com uma agenda proclamada de esquerda progressista. E em 2024 foi outra política do MORENA, Claudia Sheinbaum, a vencedora da eleição presidencial. É a actual presidente do país.

O México foi o 29º cliente das exportações portuguesas de bens em 2024 e o 59º ao nível das importações, segundo dados do INE. As exportações entre 2020 e 2024 atingiram os 0,3 mil milhões de Euros (uma taxa de crescimento de 12,3%), e as importações representaram 0,1 mil milhões de Euros (uma taxa de crescimento de 10,9% ). A balança comercial de bens foi favorável ao nosso país, tendo apresentado um excedente de 307 milhões de Euros em 2024.

No sector exclusivamente agrícola e agroalimentar, as exportações representam, em média, 8 milhões de Euros e as importações 13,3 milhões, ou seja, Portugal tem um saldo negativo de -5,3 milhões de Euros. As principais exportações agrícolas e agroalimentares neste período são vinhos de uvas frescas e preparações para alimentação animal.
As importações agrícolas e agroalimentares mais relevantes referem-se a legumes de vagem, secos, em grão, cervejas de malte e algodão não cardado nem penteado.

 

O México tem vindo a afirmar-se como um destino estratégico para o investimento estrangeiro, com um ambiente de negócios competitivo e uma série de vantagens que o tornam especialmente atractivo para empresas que consideram expandir-se internacionalmente. O Governo tem vindo a desenvolver vários programas e incentivos para captar esse investimento, especialmente em sectores emergentes como a tecnologia e as energias renováveis.

Com um sector industrial forte e custos laborais competitivos, o México surge como uma alternativa viável à produção em países mais distantes. Indústrias como a automóvel, aeroespacial, electrónica e de dispositivos médicos estão entre as que mais beneficiam desta abordagem.

Para as empresas portuguesas que procuram diversificar mercados, reduzir custos operacionais e ganhar escala, o México representa uma oportunidade concreta de investimento com retorno sustentado. É um mercado que continua a apresentar oportunidades de negócio para as nossas empresas, particularmente em máquinas e equipamentos para a indústria automóvel (moldes e componentes), aeronáutica, dispositivos médicos, TIC, soluções de economia circular e proteção ambiental.

Outro factor que tem impulsionado o interesse empresarial pelo México é a tendência crescente do nearshoring. O país continua a ser a melhor opção de nearshore da região, para muitos fabricantes. Mas quem procura investir aqui em novas fábricas deve avaliar cuidadosamente as suas operações. As crescentes restrições de mão de obra, infraestrutura, acesso ao mercado e as medidas protecionistas dos EUA ameaçam enfraquecer a sua competitividade e podem alterar o cálculo que indicava o México como a melhor opção de produção nearshore para determinados sectores e produtos. A situação ainda está em evolução, e as empresas precisam de ficar atentas a potenciais mudanças regulatórias em ambos os países. Talvez a maior questão actualmente em debate seja o alcance do acesso contínuo do México ao mercado norte-americano e a próxima revisão, em 2026, do Acordo Estados Unidos-México Canadá (USMCA). Este acordo é crucial para a integração regional, e as empresas com operações no México devem acompanhar de perto a evolução da situação.

Os investimentos massivos recentemente anunciados por construtoras automóveis chinesas são uma das razões pelas quais os Estados Unidos poderão tentar renegociar o USMCA, já que Washington tem manifestado preocupação com a possibilidade de empresas chinesas procurarem contornar as elevadas barreiras proteccionistas impostas aos veículos eléctricos de baixo custo made in China. A estratégia passaria por montar estes veículos em território mexicano e exportá-los para os EUA, beneficiando do acesso isento de tarifas até agora proporcionado pelo USMCA. Tanto democratas como republicanos já indicaram a sua intenção de impedir que tal cenário se concretize.

 

Nome oficial: Estados Unidos Mexicanos
Área: 1 958 201  km2
Capital: Cidade do México
Idiomas Oficiais: Espanhol e línguas indígenas;
População: 130,9 milhões (2024, Banco Mundial)
Religiões: Catolicismo (82.7%) Protestantismo (6.6%)
Governo: República Federal, Presidencialista
Moeda: Peso Mexicano (MXN)
Index of Economic Freedom Heritage: Score:61.3; Ranking:80ª no Index de 2025
Ease of Doing Business: 60ª em 190 economias World Bank Report 2020

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

 

Conteúdos desenvolvidos por Gaporsul

Ser Associado da Câmara de Comércio significa fazer parte de uma instituição que foi pioneira do associativismo em Portugal.

 

Os nossos Associados dispõem do acesso, em exclusividade, a um conjunto de ferramentas facilitadoras da gestão e organização das respectivas empresas.