O Investimento Externo Directo nos EUA

Nos finais de 2024, já depois de conhecida a eleição de Donald Trump, a Secretaria do Tesouro dedicou-se à elaboração das normas da CFIUS (Commitee on Foreign Investment in the US), uma comissão interministerial com representantes dos Departamentos da Defesa, da Secretaria de Estado, da Justiça, do Comércio, da Energia e da Homeland Security.

Um dos pontos capitais da Agenda Trump, para a qual recebeu o apoio dos eleitores, é, dentro de um pensamento de “nacionalismo económico” e “reindustrialização”, fomentar o investimento exterior na economia dos Estados Unidos. Mas também, exercendo alguns controlos em termos de segurança, sobretudo no que toca a investimentos que venham directa ou indirectamente de países considerados “hostis” aos EUA, como a República Popular da China (incluindo Hong-Kong e Macau), Cuba, Irão, Coreia do Norte, Rússia e Venezuela.

Parte desta regulamentação vinha já de disposições da primeira Administração Trump, como o FIRRMA (Foreign Investment Risk Review Modernization Act) de 2018.

No seguimento desta política, em Fevereiro de 2025 Trump publicou um documento – America First Investment Policy – acompanhado de um Memorando sobre a segurança dos investimentos, onde se incluem disposições sobre os “investimentos críticos”, por virem de países ou entidades consideradas “perigosas” para os Estados Unidos.

Mesmo com estes controlos – sublinhados por uma grande subida das penalidades para informações e respostas deficientes dos investidores – houve já este ano uma subida radical do FDI (Foreign Direct Investment) na economia americana; um número mais significativo – dois triliões de Dólares – resultou da viagem de Trump ao Médio Oriente, em Maio de 2025, com o anúncio do investimento de 1400 biliões de Dólares dos emiratos Árabes Unidos e de 600 biliões pela Arábia Saudita.

Os investimentos dos Emiratos são para infraestruturas de Inteligência Artificial, semicondutores, energia e manufacturas várias. Entre estes, salienta-se uma fundição de alumínio que, quando concluída, irá duplicar a produção nos Estados Unidos e criar dezenas de milhares de empregos.

Já os investimentos sauditas, no valor de 600 biliões de Dólares, dirigem-se sobretudo para a energia, manufacturas e tecnologia, e poderão vir a criar 50 mil novos empregos, especialmente em Estados produtores de energia, como o Texas e Oklahoma.

Mas não são apenas os Estados que se inscrevem nesta reindustrialização anunciada pelo presidente dos EUA. A Apple vai investir 500 biliões, com cerca de 30 mil empregos, parte na alta tecnologia em Estados como a Carolina do Norte e do Sul. Depois, com investimentos prometidos de 100 biliões de Dólares, vêm a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufactoring Company), a Nvidia, companhia líder nos chips IA, e o trio associado Softbank, Open Air, Oracle.

Com valores menores, a Johnson & Johnson (55 biliões), a Hyundai (20 biliões), a Eli Lilly (27 biliões), a francesa CMA-CGM Groupe (20 biliões) e a farmacêutica Merk.

Deste modo, somando todos estes investimentos, chega-se a um total, para estes primeiros meses da Administração Trump, de cerca de quatro triliões de dólares; por sectores, o grosso deste investimento é na Energia, seguida pela Tecnologia e pelas manufacturas várias.
Contente com estes resultados, Trump declarou que “estes investimentos são uma clara demonstração de que as tarifas são eficazes”.

Nomeadamente com as tarifas de 25% na importação de aço e alumínio, Trump levou as companhias estrangeiras a investir nos EUA para evitar esses direitos de importação.

Se pensarmos que os valores históricos do FDI na última década oscilaram entre, no máximo, 506 biliões de Dólares, em 2015, e um mínimo de 200 biliões em 2020, podemos perceber a satisfação de Trump e da sua equipa.

Conteúdos desenvolvidos por Gaporsul

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