Vietname

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Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal. 

     

O Vietname ocupa a parte oriental da península da Indochina e tem uma área de 329 560 km2. É banhado pelo golfo da Tailândia a Sudoeste, e pelo mar da China Meridional a Sul e a Leste; faz fronteira, a Norte, com a China, e a Oeste com o Laos e o Camboja. As principais cidades são Ho Chi Minh (ex-Saigão), a capital, Hanói, Haiphong e Da Nang.

No início dos anos 90 o país converteu-se numa economia de mercado e teve um boom de crescimento durante as décadas seguintes. Tal como outros regimes comunistas que fizeram esta transição, passou a ter uma crescente classe média, desejosa de consumir. Com o aumento do investimento público, o país tem vindo a abrir caminho a empregos de maior valor e a expandir o poder de compra da classe média, cujo crescimento e com as tendências de urbanização, fazem com que a procura interna esteja a tornar-se um pilar crucial do crescimento económico do Vietname. O sector dos serviços – em especial o comércio eletrónico, as finanças e o turismo – tem tido também um bom crescimento em 2025.

Os EUA são neste momento o maior mercado de exportação do Vietname, com um volume de negócios de 43,4 mil milhões de dólares, enquanto a China é o maior mercado de importação do país, com um volume de negócios de 53,2 mil milhões de dólares.
Quanto à União Europeia, o Vietname é um dos 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e tornou-se o parceiro mais importante da UE na região para o comércio de bens e o segundo mais importante para o comércio de bens e serviços combinados (depois de Singapura).

A partir de Maio de 2025 entraram em vigor actualizações regulatórias no Vietname que abrangem a propriedade estrangeira em finanças, controlo de preços do combustível, reforma estatística e classificação económica: Introduzem uma abordagem disciplinada, mas flexível, à participação estrangeira no sector financeiro, estabelecem um sistema estatístico moderno e codificado, e fortalecem o controlo sobre a cadeia de abastecimento de combustíveis e a transparência de preços.

As empresas, especialmente as de finanças, energia e pesquisa estatística, devem actualizar suas políticas internas, programas de conformidade e planos estratégicos para se alinharem com este novo ambiente regulatório.

 

Na conquista do mundo pelas potências europeias na segunda metade do século XIX, os franceses ocuparam uma parte da Indochina, que configuraram como a colónia da Cochinchina e os protectorados do Tonquim e do Annam, que passaram, a partir de 1887, a constituir a Indochina Francesa.

Com a Segunda Guerra Mundial, os japoneses na Ásia-Pacífico conquistaram grande parte das colónias europeias nesta parte do mundo. Com a sua derrota, os movimentos independentistas de ideologia comunista, como o Viêt Minh de Ho Chi Minh, tomaram temporariamente conta da Indochina. Mas a França ourganizou grandes expedições militares e conseguiu reconquistar uma parte da colónia.

Seguiu-se uma primeira guerra da Indochina, que acabou com as negociações em Genebra, depois dos franceses serem derrotados no campo entrincheirado de Dien Bien Phu pelos guerrilheiros de Ho Chi Minh e do general Giap, em Maio de 1954.

Os acordos de Genebra, assinados em 20 de Julho de 1954, consagraram a divisão da Indochina Francesa em Vietname do Norte e Vietname do Sul, o primeiro pró-comunista, o segundo uma república pró-ocidental, aliada dos Estados Unidos e que vai ser no seu futuro muito influenciada pelo “amigo americano”. Outros dois países da península indochina, o Cambodja e o Laos, vão também estar envolvidos nas guerras que irão durar até 1975, o ano da queda de Saigão e do regime de Saigão, aliado dos Estados Unidos.

A questão do Vietname dividiu muito a sociedade norte-americana nos anos 1960, com uma grande frente contra a intervenção militar na guerra, uma questão que bipolarizou o povo e os políticos dos Estados Unidos. Nixon e Kissinger conseguiram alguns sucessos na frente militar que facilitaram a abertura de negociações de paz em Paris. Mas com o escândalo Watergate, a renúncia de Richard Nixon e as decisões de um Congresso hostil à intervenção, os comunistas do Vietname do Norte aproveitaram para uma invasão em força do Sul. Os americanos abandonaram os seus aliados sul-vietnamitas e Saigão caiu, fez agora 50 anos, em Abril de 1975.

Quando as tropas do Vietname do Norte entraram, a 30 de Abril de 1975, pelas portas do palácio presidencial de Saigão, consumavam-se várias décadas de guerra. Os vencedores, os comunistas do Norte, trataram de consolidar o seu domínio e os responsáveis e quadros da parte vencida, como é natural, foram neutralizados e submetidos a medidas de controlo, sendo que muitos, para evitar o castigo, ou simplesmente para não viverem numa sociedade socialista, escolheram a fuga e o exílio.

Seguiram-se os habituais “cursos de reeducação” para uma grande parte dos pequenos e médios funcionários sul-vietnamitas. Os altos funcionários e os seus próximos passaram muitos anos em campos de concentração. Calcula-se que entre uma e outra categoria – os “reeducados” tenham andado por um milhão. No meio destes, os mais perseguidos e castigados foram os notórios pelo seu anti-comunismo.

Ao mesmo tempo procedeu-se à criação de uma economia socialista com a nacionalização de empresas e de propriedades agrícolas e até de pequenos e médios comércios. Muitos destes pertenciam à minoria chinesa. Ao mesmo tempo, as autoridades promoveram a migração das grandes cidades, como Saigão, que devido à guerra tinham recebido muita população, para os campos.

Aqui também funcionara a colectivização, com efeitos já conhecidos noutros tempos e lugares – a quebra da produção para os mínimos de autossustentação.

E como consequência da repressão comunista e da socialização dos meios de produção, nos anos seguintes à queda de Saigão e às medidas de “construção do socialismo”, cerca de um milhão de “boat people” deixou o Vietname reunificado, para a Malásia, a Tailândia, a Indochina, Hong Kong e Filipinas. No final, estes refugiados fixaram-se, segundo os números do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas, 424 mil nos Estados Unidos, 110 mil na Austrália, 100 mil no Canadá e mais de 80 mil em vários países europeus.

A partir dos anos 1990 e do fim da União Soviética, e seguindo o exemplo da China, o governo de Hanoi iniciou uma mudança político-económica a que se pode chamar de transição pós-comunista, baptizado de Doi Moi (Renovação). Esta mudança deu-se com uma progressiva admissão de pequenas empresas e negócios na economia inspirada nas reformas da China de Deng Xiao Ping; e como ali, o Partido Comunista liberalizou na economia, mas manteve o controlo político.

Nesse sentido, a Constituição de 2013 confirmou um modelo institucional semelhante aos do bloco soviético e da China de Pequim. Embora teoricamente haja vários partidos, só as formações políticas ligadas ou homologadas pelo Partido Comunista são permitidas. É o caso da Frente da Pátria Vietnamita.

Não surpreende, aqui, a ambiguidade de uma “economia de mercado orientada pelo socialismo”, se pensarmos que a economia chinesa actual se diz um “capitalismo de direcção central”. Aliás, o governo de Hanói trabalhou activamente e pragmaticamente num modelo que manteve o comando político nas mãos dos comunistas, partido e tecnoburocracia. Em 2019, o Partido Comunista do Vietname, com 5.200 000 membros, isto é, 5% da população, era a única organização política partidária permitida.

A política do Doi Moi aproxima-se mais da prática chinesa nos últimos trinta ou quarenta anos do que da Perestroika de Gorbachov.

Assim, a constituição e o partido retiveram no papel e nas instituições os dogmas do marxismo-leninismo – “o centralismo democrático de partido único” – mas na prática económica procuraram abrir ao mercado, na fórmula “economia de mercado de linha socialista”, mas ao mesmo tempo – sempre com os olhos na China pós-Mao Tsé Tung – abrindo ao diálogo cultural com o Ocidente e sobretudo aos investimentos americanos.

Ao mesmo tempo, para reforçar a independência nacional, a ética do partido apela também aos chamados “valores asiáticos” – diligência, sentido de comunidade, estabilidade familiar. A nível interno, e também para favorecer a iniciativa local nas indústrias, nos negócios, um dos caminhos seguidos foi a descentralização para as autoridades provinciais.

 

Neste ano de 2025, com a criação da Embaixada de Portugal em Hanói, as relações comerciais entre Portugal e o Vietname, apesar de serem ainda relativamente limitadas em termos de volume, continuam a fortalecer-se.

Segundo o INE, o Vietname foi o 54º cliente das exportações portuguesas de bens em 2023, ocupando a 24ª posição ao nível das importações. Em 2025, as exportações e importações entre Portugal e o Vietname continuaram a seguir as tendências observadas nos últimos anos, com o Vietname a apresentar um superavit comercial. É um mercado crescente e com grande potencial para as exportações portuguesas, particularmente na área de produtos alimentares e bebidas, bem como em sectores como a construção e as tecnologias de informação.

 

Criar polos de acesso à região do Mecong - Vietname, Tailândia, Camboja, Laos, Myanmar e províncias do sul da China – ou seja, entrar numa região de mais de 250 milhões de consumidores – está a levar um número crescente de empresas europeias a estabelecer-se no Vietname, que continua a beneficiar de acordos como o Acordo de Comércio Livre UE-Vietname (EVFTA) e a Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), criando um maior acesso ao mercado para as exportações.

O Vietname não quer continuar a competir apenas com a oferta de mão de obra barata ou com os baixos custos energéticos, e parece estar consciente da necessidade de adoptar uma política de atracção selectiva de investimentos centrados nas indústrias tecnológicas e de mobilizar recursos humanos qualificados, contribuindo assim para a modernização da cadeia de valor.

Com uma sólida trajectória de crescimento em 2025, e embora subsistam riscos externos ligeiros, os investimentos estratégicos do país, a diversificação do comércio e os avanços tecnológicos posicionam o Vietname para um sucesso económico que merece a atenção das empresas e dos investidores às oportunidades emergentes; nomeadamente na digitalização, TICs, sector electrónico, indústrias verdes, finanças e indústria transformadora, maquinaria e equipamento de transporte, indústria têxtil, do ferro e do aço, produtos químicos e agrícolas.

Um dos maiores obstáculos a impedir o Vietname de atingir níveis mais elevados de competitividade – as enormes lacunas ao nível de muitas infraestruturas – poderá paradoxalmente ser para os investidores uma excelente oportunidade de investimento.

 

Nome oficial: República Socialista do Vietname
Área: 331,236  km2
Capital: Hanói
Idiomas Oficiais: Vietnamita (oficial); Inglês (frequentemente segunda língua); em menor escala,  Francês, Chinês, e Khmer;
População: 102.452.000 (fonte: countrymeters)
Religiões: Religiosidade popular (45%) Budismo (29%) Cristianismo (8%) Sem religião (30%) outros. (Fonte: Pew Research Center. The Global Religious Landscape)
Grupos étnicos: Kinh (Viet) 85.3%, Tay 1.9%, Thai 1.9%, Muong 1.5%, Khmer 1.4%, Mong 1.4%, Nung 1.1%, other 5.5% (est. 2019.)
Governo: República Socialista unitária unipartidária
Moeda: Dong vietnamita (VND)
Index of Economic Freedom- Score: 65.2; Rank mundial: 61ª ;(+2.4 pontos que em 2024); 11ª na região Ásia-Pacífico (em 39 países)

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

 

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