Foi em Genebra, na Suíça, que os Estados Unidos e a China, reconhecendo “a importância de uma relação económica e comercial sustentável no longo termo e mutuamente benéfica”, impuseram uma trégua à escalada na guerra comercial.
A versão do conflito, antes das reuniões de Genebra, era do lado americano 145% nas tarifas americanas aos produtos chineses; do lado chinês a resposta eram 125% aos produtos americanos. Uma guerra de destruição maciça. Na nova versão, os Estados Unidos aplicarão 30% às mercadorias chinesas e os chineses 10% às americanas.
Foi uma conversação secreta que se estendeu por vários dias, mas fechou no fim de semana de 10/11, na presença do secretário de Estado do Tesouro, Scott Bessent, e do representante especial para o comércio, Jamieson Greer e, do lado chinês, o vice-Primeiro Ministro da China. Bessent anunciou que esse será o regime para os próximos 90 dias, pondo decididamente travões a uma perigosa escalada de represálias entre as duas maiores economias do globo, o que lançara sinais de alarme por todo o mundo e levara a grandes quedas nas principais Bolsas mundiais.
Enquanto Bessent, que é claramente o mais influente homem da área económico-financeira da equipa Trump, fez pelo lado americano, o anúncio de grandes progressos na negociação, do lado chinês foi o vice-presidente He-Lifeng quem anunciou que Washington e Pequim tinham alcançado uma série de importantes consensos e que tinham concordado em criar um mecanismo económico-comercial de consulta conjunta.
A confirmar os resultados positivos na conversação de Genebra, o próprio presidente Donald Trump veio anunciar, no seu modo enérgico e festivo, que os dois lados tinham conseguido “um total reinício… num modo amigável e construtivo” de relações. E adiantou ainda que “queremos ver, para o bem de ambos, da China e dos Estados Unidos, uma abertura da China às empresas americanas.”
Os negociadores americanos de Genebra mostraram-se também optimistas quanto aos efeitos das negociações sino-americanas de Genebra na redução do déficit global dos Estados Unidos em mercadorias, uma das grandes preocupações da Administração Trump.
Muito ao seu modo, Donald Trump avançou com negociações directas e secretas com a China em Genebra, enquanto alguns Estados europeus procuravam aproximar-se da China e proclamavam a ruptura com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, também por influência do Vice-Presidente Vance e do Secretário de Estado, Rubio, o Paquistão e a Índia interromperam a escalada; e o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff, está em negociações, em Oman, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi. As negociações têm a ver com os projectos nucleares do Irão e o empenho de Washington no seu controlo, por meio de garantias diplomáticas.
Embora seja difícil de entender que tipo de acordo se pode obter – e haja que contar com a oposição do governo de Israel a um acordo – o facto é que ambas as partes vêm acusando progressos na negociação.
Finalmente, haveria o “grande prémio” da negociação que seria um cessar-fogo e início de conversas bilaterais Rússia-Ucrânia, em Istambul, sob mediação turca. Vale a pena recordar que logo depois do início da guerra, em Istambul, as duas partes chegaram a importantes acordos que foram então neutralizados pela intervenção de Biden e de Boris Johnson.
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