
Austrália
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
A Austrália é um país continente-ilha, localizado na Oceânia, rodeado pelos oceanos Índico e Pacífico, que compreende a ilha da Tasmânia, e várias ilhas adjacentes. É uma federação de seis Estados que têm as suas próprias constituições, parlamentos, governos e leis. O governo central, é geralmente chamado Governo Federal, Governo da Comunidade (Commonwealth Government) ou Governo australiano. As principais cidades, Sydney, Brisbane, Melbourne, Perth e Adelaide, são litorais, mas a capital, Camberra, foi planeada e instalada a 260 km da costa. As cidades australianas situam-se frequentemente entre as mais bem avaliadas do mundo em termos de habitabilidade, oferta cultural e qualidade de vida.
Em sétimo lugar mundial no Índice de Desenvolvimento Humano (Human Development Report 2025) e com um dos maiores rendimentos per capita do mundo, a Austrália é um país tecnologicamente avançado e industrializado, multicultural, próspero, com excelente desempenho nos principais indicadores internacionais. Isto graças sobretudo a um ambiente político estável de baixo risco e a instituições fortes que se adaptaram às mudanças globais, permitindo que o país se transformasse numa verdadeira potência geoeconómica na sua região.
A Austrália tem tentado equilibrar o seu papel de principal aliado dos EUA na Ásia, por um lado, e o seu papel de parceiro comercial estratégico da China, por outro. Este equilíbrio perdeu-se em 2020, quando a China impôs uma série de restrições comerciais a indústrias australianas. Mais recentemente, a China procurou voltar a normalizar as relações, por exemplo pondo termo aos direitos aduaneiros sobre o vinho australiano em Março de 2024. Mas a redução do risco da China continuará a fazer parte da agenda do Governo australiano, que se tem vindo a manifestar tanto através de incentivos ao investimento noutros mercados, como através da implementação de obstáculos para abrandar ou travar alguns investimentos chineses.
Embora a descoberta da Austrália seja atribuída ao capitão inglês James Cook em 1770, é possível que outros navegadores e viajantes já lá tivessem aportado antes, ao longo dos séculos XVII e XVIII. E segundo algumas fontes foi mesmo um português, Cristóvão de Mendonça, capitão de Ormuz, o primeiro europeu a lá chegar no século XVI. No século XVII, exploradores holandeses, entre eles Abel Tasman e William Janszoon, mapearam parte das costas da ilha-continente; e nos primeiros anos desse mesmo século, Luís Vaz de Torres, ao serviço da Coroa espanhola, teria navegado ao largo e avistado a Austrália.
Janszoon foi de certeza o primeiro europeu a desembarcar em Queensland. Mas foi James Cook (1728-1779) que, a bordo do Endeavor, visitou a Austrália e as Hawai e fez a circum-navegação das ilhas da Nova Zelândia.
Cook serviu na Royal Navy durante a Guerra dos Sete Anos e fez depois três grandes viagens de exploração no Pacífico, tendo morrido num recontro com os indígenas das ilhas de Hawai.
A Coroa britânica, como outros governos europeus, recorria às possessões de Além-Mar para enviar condenados a penas de prisão, dada a dificuldade de os guardar no Reino Unido, onde as cadeias estavam superlotadas. Muitos iam para a América do Norte, mas a partir da independência americana, em 1776, isso acabou.
A recém-ocupada Austrália surgiu assim como terra de escolha e, em 1778, uma esquadra inglesa de 11 navios com condenados a bordo chegou a Sidney; nos anos seguintes, outras colónias penais foram criadas, em Van Diemen's Land (Tasmânia) e em Queens Land.
Estes degredados não eram grandes criminosos; a maioria deles, 80%, eram ladrões; os crimes mais graves, homicídio e violação, eram punidos com pena de morte, que aliás se estendia a 222 tipos de crime no final do século XVIII, e por isso poucos eram passíveis de transporte a grande distância.
Houve também casos de “crimes políticos” e aproximadamente uma sétima parte dos homiziados eram mulheres, a maioria acusada de pequenos roubos. Com a Revolução Industrial e uma humanização dos códigos e da opinião entre julgadores e membros do júri, deixaram de se aplicar penas de morte e as prisões ficariam saturadas, mais uma razão de envio para as colónias.
Muitas dezenas de milhares de condenados na Inglaterra e Irlanda tinham sido deportados para a América do Norte. Com a independência americana, as dependências do Pacífico, máxime a Austrália, apareceram como alternativa. Foi o caso da New South Wales, e depois da cidade de Sidney. O tratamento dos detidos era brutal e o governador Sir Richard Bourke, procurou humanizá-lo, reduzindo os castigos corporais e o número de condenados entregue a cada proprietário agrícola.
A partir do fim das guerras napoleónicas intensificou-se o número de colonos livres. E em 1868 acabou o envio de condenados para a Austrália. Até porque a colonização estava a dar-se por outros modos, já que, a partir de 1851, com as “corridas ao ouro”, os trabalhadores e emigrantes livres tinham começado a chegar em quantidade ao novo continente. Assim, em 20 anos, entre 1851 e 1871, a população passou de 430 mil para 1,7 milhões de habitantes, vindos na sua maioria das ilhas britânicas, mas também do continente europeu e dos Estados Unidos da América.
Quanto à população indígena, os chamados Aborígenes, o facto de terem vivido isolados durantes muitos milhares de anos, tornava-os extremamente vulneráveis ao contacto com os colonos e degredados, morrendo em grandes quantidades por doenças de sarampo, gripe, febre tifoide, tuberculose. Mas houve também choques e confrontos na ocupação.
A 1 de Janeiro de 1901, as seis colónias independentes do território juntaram-se oficialmente para criar a Commonwealth of Australia, um Domínio do Império Britânico em autogoverno. Isto significava que o Domínio passava a autogovernar-se em matérias domésticas, mas Londres mantinha o controlo das relações externas e questões de Defesa e militares. Deste modo, a Austrália participou e teve baixas muito elevadas na Grande Guerra de 1914-1918.
Foi também atingida economicamente pela Grande Crise de 1929, com a retração da procura dos seus produtos mineiros, bem como do trigo e da lã, o que provocou carestias e crises sociais entre os mineiros do carvão e do ferro. Mas não aconteceu uma radicalização como na Europa e os partidos centristas mantiveram a hegemonia, embora um novo partido, o United Australia Party (UAP), antecessor do Partido Liberal, surgisse em 1931 e governasse algum tempo em coligação com o Australian Country Party. E foi o líder do UAP, Robert Menzies, que chefiou o governo australiano no início da II Guerra Mundial e em 1939, sendo a figura política dominante do país até 1966.
A política australiana, a partir de 1941 e da entrada do Japão na guerra, foi dominada pela aliança com os Estados Unidos e a resistência aos Japoneses. O líder do país neste tempo de guerra foi o líder do Australian Labor Party, John Curtin. Mas a seguir à guerra, e durante um longo termo, Menzies governou em coligação.
As últimas décadas foram protagonizadas pelos dois partidos – Partido Trabalhista no centro-esquerda, e Partido Liberal no centro-direita – em coligação com o Partido Nacional. Desde 2022 que o primeiro-ministro é o trabalhista Anthony Albanese, reeleito com 93 lugares no parlamento de 150. A coligação liberal teve 41.
Presentemente, toda a política australiana, bem como toda a política do Pacífico, está condicionada pela ascensão da China na última década; e, dentro da China, pelo alargamento do poder do partido comunista chinês; e dentro do poder do partido, pela ascensão de Xi Jinping no partido.
Isto levou a Austrália a aproximar-se dos Estados Unidos e de outros países da região, incluindo todos os que temem a hegemonia chinesa.
As relações económicas entre Portugal e a Austrália não estão ainda muito desenvolvidas. As exportações portuguesas para a Austrália têm vindo a aumentar, fazendo do mercado australiano cada vez mais um atrativo para as empresas portuguesas. A Austrália é o 34º cliente das exportações de Portugal e o 71º fornecedor das importações portuguesas, enquanto Portugal é o 89º cliente das exportações australianas e o 49º fornecedor das importações australianas.
Em 2023, 0,1% das importações da Austrália provieram de empresas portuguesas, representando 0,4% do total de exportações de Portugal. No top 5 de produtos estão os tratores e outros veículos terrestres e acessórios; calçado; máquinas e equipamentos elétricos, gravadores e reprodutores de som e imagem, suas partes e acessórios; vestuário e acessórios, de malha; cortiça e obras de cortiça.
Já a Austrália forneceu 0,05% das importações de Portugal em 2023, representando 0,01% do total de exportações da Austrália. Os principais produtos são: gorduras e óleos de animais, vegetais ou microbianos, gorduras comestíveis, preparadas, ceras animais ou vegetais; máquinas e equipamentos elétricos; couros e peles; reactores nucleares, caldeiras, máquinas e aparelhos mecânicos e suas partes; materiais ópticos de alta precisão médico-cirúrgicos.
O investimento de capitais privados na Austrália está a aumentar cada vez mais com a necessidade de equilibrar riscos e de encontrar paraísos relativamente seguros que ainda possam proporcionar rendimentos atractivos. A segurança comparativa da Austrália como destino de investimento é a principal vantagem. Mas há também que considerar algum risco em várias áreas: o posicionamento geopolítico do país na rivalidade entre os EUA e a China, o aumento da regulamentação ESG (Environmental, Social, and Governance), a falta de fiabilidade no sector das energias renováveis e o impacto a longo prazo do envelhecimento da população e do abrandamento da produtividade.
Mas a Austrália é uma economia aberta, dinâmica, em crescimento e inovadora, com alta qualificação e diversificação da sua força de trabalho; por isso tornou-se um destino líder e atractivo para os negócios a nível mundial e também para as empresas portuguesas. Devido à sua proximidade geográfica com a Ásia e através dos vários acordos
comerciais em vigor, a Austrália é além disso um país estratégico para as empresas que pretendam alcançar os mercados asiáticos.
Nome oficial: Comunidade da Austrália
Área: 7,741,220 Kms2
Capital: Camberra
Idiomas Oficiais: inglês (Oficial)
População: 26.935 498
Religiões: 43,9% cristãos: (20,0% Católicos, 9,8% Anglicanos, 8,3% Protestantes e 2,1% cristãos Ortodoxos) 3,2% Muçulmanos, 2,7% Hindus e 2,4% Budistas. 38,9% "sem religião".
Governo: Monarquia Constitucional e democracia federal parlamentar
Monarca: Carlos III, representado por um Governador Federal (Sam Mostyn)
Moeda: Dólar australiano
Index of Economic Freedom – score: 79.3, 6ª posição no Index de 2025; 3ª em 39 países da Região Ásia-Pacífico.
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»
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