A propósito do choque na economia europeia e mundial causado pelas novas tarifas da Administração Trump, alguns analistas têm recordado, que teve um impacto semelhante ou maior, a decisão de Nixon e do seu secretário do Tesouro, John Connaly, ao acabarem com a convertibilidade do dólar americano em ouro, pondo fim ao chamado padrão ouro.
Tratou-se então, como agora, de uma “desintegração controlada da economia mundial”, a fim de restabelecer ou manter uma hegemonia política americana posta em questão – para Trump e a sua equipa económica – pelo déficit crónico e pela gigantesca dívida americana e pela balança comercial, também desequilibrada, em relação aos vizinhos México e Canadá, à Europa e sobretudo à China.
As medidas que, para já, causaram quedas profundas na maioria das bolsas mundiais fazem parte de um plano de restruturação da economia mundial, destinado a promover e facilitar a reindustrialização dos Estados Unidos nos sectores siderúrgico, automóvel e têxtil. Embora tais medidas possam ter efeitos negativos nas economias de aliados e adversários dos Estados Unidos, tudo indica que fazem parte de um plano coerente de manter e reforçar a hegemonia americana.

