Costa do Marfim

11-CM

Costa do Marfim

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal. 

     

Situada na África Ocidental, a Costa do Marfim faz fronteira a norte com o Mali e com o Burquina Fasso, a leste com o Gana, a oeste com a Libéria e com a Guiné Conacry e é banhada a sul pelo Oceano Atlântico.

Sendo uma das economias mais relevantes da região, enfrenta ainda desafios estruturais significativos: questões como a desigualdade social, a instabilidade política e deficiência nas infraestruturas continuam a representar obstáculos para o desenvolvimento do país.

A economia tem registado um crescimento médio acima de 6% nos últimos anos, impulsionada pelo sector agrícola, que representa uma parte significativa do PIB. O país é o maior produtor mundial de cacau e um importante exportador de café, óleo de palma e borracha.

Apesar do crescimento, a dependência da agricultura expõe a economia a flutuações nos preços internacionais e a vulnerabilidades climáticas. Outros sectores, como a construção civil e o sector energético, apresentam oportunidades, mas ainda enfrentam alguns desafios regulatórios e falta de investimento adequado. A burocracia, a corrupção e a instabilidade política são factores que podem dificultar a actuação de empresas estrangeiras. Embora o país seja membro da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), garantindo a estabilidade monetária, o ambiente regulatório ainda precisa de maior previsibilidade e transparência.

 

Como aconteceu em quase toda a África Ocidental, foram navegadores portugueses os primeiros europeus a chegar ao território que corresponde hoje à Costa do Marfim. E foram eles que assim a baptizaram dedicando-se, a partir de alguns pontos da área – S. Pedro, Sanandra, Fresco – ao comércio do marfim.

A actual república da Costa do Marfim estava então fragmentada numa série de treinos tribais, entre os quais o império do Mali ou o reino de Bono, e o Islão instalara-se como religião dominante. Os primeiros contactos com o futuro poder colonial – a França – deram-se em 1637, com a chegada de missionários com uma mensagem do jovem rei Luís XIV para um potentado local.

No princípio do século XVIII, a Compagnie du Sénégal estabeleceu-se na região, onde, entretanto, os franceses construíram o forte de São Luís. O comércio do ouro, do marfim e o tráfico de escravos misturou-se com a evangelização e conversão ao catolicismo dos locais.

Ao longo do século XIX, dá-se o incremento da colonização francesa: para além de feitorias comerciais no litoral, aparecem plantações de café, de cacau e bananeiras, bem como a exploração de madeiras e do óleo de palma e a exploração mineira do ouro. Em 1843, a Côte d’Ivoire torna-se num protectorado francês e, em 1893, já depois da Conferência de Berlim e da partilha de África pelos poderes coloniais europeus, é estabelecida como colónia francesa.

Como nas demais colónias africanas dos europeus, a ocupação do interior foi difícil, dada a resistência de alguns chefes tribais. Paris, desde a volta do século, levava por diante uma política de assimilação no sentido de “criar uma identidade francesa” nas suas colónias da África Ocidental.

Esta política intensificou-se e foi coberta pala nova constituição de 1946, a partir da Segunda Guerra Mundial. Houve então a criação da Union Française e a preocupação de trazer representantes locais para os órgãos de soberania nacionais – parlamento e governo.

Nesse ponto, a Costa do Marfim vai ser exemplar. Não só o processo de autonomia e independência decorre num clima de cooperação entre a metrópole e a colónia, como o homem-chave da independência e primeiro presidente da República, Félix Houphouët-Boigny será um modelo vivo dessa cooperação.

Porque Félix Houphouët-Boigny (1905-1993), antes de ser presidente da Costa do Marfim fora deputado e membro do Governo de França. À semelhança do senegalês Leopold Senghor Boigny, o “pai da Independência”, o “mais velho”, o “sábio”, foi o pioneiro também de uma linha de relação de cooperação com o ex-poder colonial que teve particular sucesso na África Ocidental Francesa.

Seguiu também uma política pró-ocidental e anti-comunista durante a Guerra Fria, caracterizando-se como um grande animador dos movimentos africanos que lutaram contra a influência de Moscovo e Pequim no continente.

A independência foi declarada em Agosto de 1960, sendo Boigny o primeiro presidente; e foi sucessivamente reeleito até à sua morte, em 1993. Tinha uma vasta experiência profissional e política: filho de um rico proprietário da etnia Baúle, fora médico rural, empresário agrícola e fundador de um sindicato de agricultores africanos para defender os interesses destes perante os colonos franceses.

Foi deputado à Assembleia Nacional Francesa em 1946, ano em que fundou o Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI). Na segunda metade dos anos cinquenta, dividia a sua vida e actividade política entre a França e a Costa do Marfim, sendo deputado e ministro em Paris, e presidente da Câmara de Abidjan. Em 1959 foi primeiro-ministro da Côte d’Ivoire e em 1960 presidente.

Foi reeleito sem oposição em 1965, 1970, 1975, 1980 e 1985. Como política económica escolheu investir na agricultura, sendo o país um grande produtor e exportador de café, cacau, ananás e óleo de palma, tudo em estreita cooperação com a França e num regime de livre empresa. O general De Gaule, nas suas Memórias, referiu-se a Boigny como “um cérebro político de primeira ordem, familiar com todas as questões que dizem respeito não só ao seu país, mas também a África e ao mundo inteiro, com uma grande autoridade doméstica e uma influência indiscutível no exterior, utilizando-as para servir a causa da razão”. E durante o seu governo deu-se o tal “miracle économique ivoirien”, graças às exportações agrícolas.

Em Fevereiro de 1990 o monopartidarismo foi posto em causa por manifestações e pressão de rua dos estudantes, dos funcionários públicos e dos agricultores, que obrigaram o presidente vitalício a fazer a transição para o pluralismo partidário, mantendo-se na presidência até ao fim.

Com o fim da Guerra Fria estava a estender-se a democracia e os líderes autoritários entravam em questão.

A morte de Boigny abriu a sua sucessão para a qual se perfilavam três políticos: Henri Konan Bédié, Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara, que era primeiro ministro. Konan Bédié, do PDCI, era o presidente da Assembleia Nacional marfinense ao tempo da morte de Boigny e ocupou o seu lugar interinamente; ganhou as eleições de 1995, sendo entretanto acusado de violência e corrupção e deposto por um golpe militar na véspera de Natal de 1999. Do golpe saiu como líder do país o general Robert Guéi, chefe do Estado Maior das Forças Amadas, que assumiu, por menos de um ano, a presidência da república, perdendo a eleição de 200 contra Laurent Gbagbo. Guéi, católico, foi assassinado, assim como vários membros da família, dos quais a mulher, Rose Guéi.

Laurent Gbagbo, eleito presidente em 2000, era um historiador e um homem de esquerda; estivera detido e no exílio no tempo de Boigny. Em 2000 candidatou-se e foi eleito contra Guéi. Mas em 20210, em nova eleição presidencial, Gbagbo foi vencido por Alassane Ouattara, um economista reputado que fora primeiro ministro de Boigny entre Novembro de 1990 e Dezembro de 1993.

Ouattara é muçulmano e trabalhou para o FMI como economista em Washington; foi depois governador do BCEAO (Banque Centrale des États de l’Afrique Ouest) em Dezembro de 1998, antes de Boigny o nomear primeiro-ministro, em 1990. Em 1995 foi impedido de concorrer à presidência da República, por uma exigência da “ivoirité”, ter os dois progenitores nascidos na Costa do Marfim.

Em 2010, já regularizada e ultrapassada a questão da nacionalidade, concorreu contra Gbagbo nas eleições. Destas saiu um resultado contestado, uma versão dando Ouattara como vencedor com 54% dos votos, outra Gbagbo com 51%. Mas quer a CEDEAO quer a União Africana acabaram por arbitrar a questão a favor de Ouattara.

Porém os partidários de Gbagbo reagiram e deu-se uma guerra civil que acabou por ser decidida pela intervenção da França a favor de Ouattara. Em 2015 Ouattara foi reeleito por uma maioria popular muito significativa. Apesar da decisão inicial de não voltar a concorrer (aliás, a Constituição limita os mandatos presidenciais a dois) voltou a candidatar-se e ganhou em Outubro de 2020, numa eleição que venceu com 95% dos votos populares, contra 2% de Kouadio Konan Bertin, antigo quadro do PDCI.

 

As relações comerciais entre Portugal e a Costa do Marfim têm potencial de crescimento, mas ainda são relativamente modestas, representando as trocas comerciais de bens transacionáveis (excluindo serviços) um total de 57,9 milhões de Euros em exportações e 46,3 milhões em importações, na média do período 2019-2023, o que corresponde a um saldo positivo da balança comercial de cerca de 11,5 milhões de Euros.

A Costa do Marfim ocupou o 72º lugar em importações e o 60º em exportações no Ranking do comércio internacional de Portugal (2023- GEE, a partir de dados de base estimados do INE).

As exportações portuguesas incluem materiais de construção, máquinas e produtos agroalimentares como águas com açúcar ou outros produtos, vinhos de uvas frescas e preparações para alimentação animal. Da Costa do Marfim importamos principalmente produtos agrícolas, sendo os mais relevantes resíduos de tratamentos de cereais ou leguminosas, bagaços e outros resíduos sólidos de gorduras ou óleos vegetais e pastas de cacau.

 

A atracção de investimento para a construção e requalificação de infraestruturas-chave continua a ser crucial para o crescimento do país, o que faz com que haja concretas oportunidades de negócio e investimento para as empresas portuguesas, sobretudo nas áreas das infraestruturas de transporte e comunicações; na saúde e educação (nomeadamente pré-fabricados modulares para construção rápida de escolas e hospitais); na energia eléctrica, principalmente no que respeita a infraestruturas de distribuição; Sendo o acesso à energia ainda limitado, abrem-se também oportunidades para a instalação de micro-redes solares, biodigestores para geração de biogás e outras soluções de eficiência energética para empresas e indústrias.

Também a construção civil para habitação, o comércio de bens de consumo, o turismo e o saneamento são áreas em que o país tem tentado mobilizar investidores internacionais,

O enorme potencial em termos de recursos naturais não está ainda totalmente explorado e a indústria extractiva (petróleo, ouro, ferro, níquel, cobre, manganês e bauxite) tem potencial de crescimento, podendo vir a traduzir-se em oportunidades no futuro.

A digitalização na Costa do Marfim ainda está em fase inicial, pelo que empresas portuguesas de tecnologia podem explorar sistemas de pagamento digital e fintechs adaptadas para mercados informais, plataformas de formação online em áreas técnicas, como engenharia e TI, e software de gestão agrícola para optimização das colheiras de pequenos e médios produtores.

 

Nome oficial: República da Costa do Marfim
Área: 322,463 Km2
Capital: Iamoussucro (constitucional) Abidjã (sede do governo)
Idiomas Oficiais: Francês (Oficial)
População: 32.711 547 (Worldometers 2025)
Religiões: 42.5% Muçulmanos, 39,8% Cristãos, 12,6% sem religião (2023 Report on Religious Freedom - US Department of State)
Governo: República Presidencialista
Presidente: Alasane Ouattara
Moeda: Franco CFA
Index of Economic Freedom – Heritage 2023 - score: 57.8; ranking: 101º/184

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

 

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