
Coreia do Sul
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
A Coreia do Sul é um caso de sucesso notável ao combinar um rápido crescimento económico com a redução significativa da pobreza. O rendimento per capita aumentou de 100 dólares em 1963 para mais de 56.709 dólares em 2023 (FMI). As taxas de desemprego permaneceram historicamente baixas (2,7%) em 2023, apesar do enfraquecimento considerável da procura. As condições do mercado de trabalho demonstraram uma relativa estabilidade, apoiada pela estrutura económica diversificada do país e pelas fortes indústrias orientadas para a exportação. Numa análise prospectiva, as taxas de desemprego deverão aumentar ligeiramente para 3,3% em 2025, o que trará potenciais desafios na sustentação da criação de emprego, num contexto de evolução das condições económicas. Apesar destas projecções, o mercado de trabalho da Coreia do Sul permanece forte, indicando um ambiente de emprego estável no meio das mudanças económicas em curso.
No entanto, a taxa de fertilidade coreana caiu para o nível mais baixo do mundo, o que coloca inevitavelmente a oferta de trabalho e as finanças públicas sob pressão. Um elevado custo profissional para as mulheres que se tornam mães prejudica o emprego feminino e a fertilidade, perpetuando uma grande disparidade salarial entre homens e mulheres, a maior da OCDE. Melhorar o equilíbrio entre vida profissional e familiar para ambos os géneros, colmatar as lacunas existentes nas políticas familiares, abordar os elevados custos de habitação e educação e combater o dualismo do mercado de trabalho são fundamentais para inverter esta tendência.
A Coreia, a partir de 1910 e até ao fim da Segunda Guerra Mundial, foi governada pelos japoneses como resultado do Tratado de Anexação de 22 de Agosto de 1910. O poder japonês era exercido por um governador-geral; sendo reprimidas severamente as acções pró-Independência. Os Estados Unidos do Presidente Wilson apoiaram os independentistas coreanos que estabeleceram um governo no exílio em Xangai, na China, que foi animando a resistência aos invasores japoneses.
Os Aliados, nas Conferências do Cairo (Novembro de 1943) e Yalta (Fevereiro de 1945), exprimiram o seu apoio a uma Coreia independente. Essa Independência começou teoricamente em 2 de Setembro de 1945 com a rendição do Japão, com a península coreana entretanto ocupada por tropas soviéticas na zona Norte e norte americanas no Sul, separadas pelo Paralelo 38. Em 15 de Agosto de 1948, com o fim da ocupação militar americana, foi proclamada a República da Coreia, tendo como primeiro Presidente Syngman Rhee; no Norte, entretanto, proclamava se logo a seguir a República Democrático-Popular da Coreia, como um governo comunista liderado por Kim Il-sung.
Por sua vez, as recém-criadas Nações Unidas, pela resolução 195 de 12 de Dezembro de 1948, reconheciam o governo da República da Coreia (do Sul) instalado em Seul, único governo legal de toda a Coreia.
Assim a península da Coreia nascia com a Guerra Fria e sob o signo comunismo versus anticomunismo que marcava e marcaria os “campos” dessa guerra.
E foi na Coreia que aconteceu a primeira guerra quente da Guerra Fria quando, em Junho de 1950, tropas da Coreia do Norte passaram o paralelo 38 e invadiram o Sul. Os comunistas eram apoiados pela URSS de Estaline e pela China comunista, onde Mao Tsé-Tung tomaram o poder em 1949. A Coreia do Sul foi apoiada por uma coligação de 16 países membros das Nações Unidas, mas essencialmente pelos Estados Unidos, no plano militar.
Depois de uma série de invasões e contra invasões, as negociações de paz concluíram em 27 de julho de 1953, em Panmunjon, ficando as Coreias divididas pelo Paralelo 38. E o governo da Coreia do Sul, presidido por Rhee, instalou-se em Seul.
Rhee governou de modo autoritário apoiado pelos ocidentais até 1960, quando foi forçado a resignar perante grandes distúrbios de ruas, a partir de revoltas de estudantes.
A Segunda República nasceu sob uma forte agitação e fragmentação partidária, sobre o pano de fundo de purgas na função pública e entre os militares acusados de terem apoiado Syngman Rhee. Isto levou a um golpe militar chefiado pelo major-general Park Chung-hee, que governou como presidente da Junta Militar até 1963, data em que terminou a segunda República. Park Foi então eleito Presidente da República, cargo que exerceu ininterruptamente até ser assassinado em 1979.
Foi no período da sua governação autoritária que se deu a grande modernização económica e social da Coreia do Sul, que rapidamente se transformou, de país subdesenvolvido, numa economia industrial com grandes empresas como a Hyundai, a LG Corporation e a Samsung. Estas companhias eram público-privadas, ao modo das suas congéneres japonesas, as chamadas Zaibatsu.
Isto deu grande popularidade a Park que, entretanto, perante a oposição, acabou por proclamar a lei marcial em 1972 e a governar autoritariamente até ser morto pelo seu próprio diretor da KCIA – Korean Central Inteligence Agency – general Kim Jae Kyu. Apesar da instabilidade política, o crescimento e desenvolvimento económicos mantiveram-se durante o governo do quinto Presidente da Coreia do Sul, Chun Doo-hwan, outro general e homem forte, que governou entre 1980 e 1988.
Depois da sucessão de homens fortes e generais-presidentes nascidos de golpes e contragolpes militares, a partir de 1988 a Coreia do Sul entrou numa maior normalidade democrática, que marca a Sexta República.
Mesmo assim, o Presidente eleito por sufrágio popular direto, Roh Tae-woo, foi um general do exército; nesse ano de 1988 a Coreia do Sul foi, com sucesso, o país hospedeiro das Olimpíadas de Verão.
Nesta presidência houve algum esforço de aproximação à Coreia do Norte, que levou a admissão das duas Coreias nas Nações Unidas em 1991. Seguiram-se na Presidência Kim Young-sam, eleito em 1992, sétimo Presidente e primeiro civil a exercer tais funções; a sucessão pacífica continuou com a eleição de Kim Dae-jung, da oposição, tendo-se a transferência do poder passado em tranquilidade. Kim Dae-jung procedeu a reformas económico-sociais e conseguiu tirar o país de uma severa crise económico-financeira. Kim prosseguiu também esforços de reaproximação com o Norte, onde Kim Jong-il sucedera ao pai, Kim Il-sung, uma dinastia soberana comunista.
E em 2003, depois da vitória eleitoral em Dezembro de 2002, ocupou a presidência Roh Moo-hyun; o seu mandato conheceu algumas crises (incluindo uma tentativa de impeachment pelo Parlamento, por violação de leis eleitorais e corrupção) que, entretanto, foi resolvido pelo Tribunal constitucional que reinstalou o Presidente. Mas, após o fim do mandato, em 2009, sob a pressão das investigações, Roh suicidou-se.
O seu sucessor, Lee Myung-bak, o décimo Presidente da Coreia do Sul, tem também um novo perfil: não é militar, nem advogado, mas um homem de negócios, que tratou de desdramatizar as tensões com os Estados Unidos através de um novo acordo de comércio. O país também enfrentou a crise e a recessão de 2014. Mas, mais uma vez, depois de terminado o mandato presidencial, Lee foi investigado e condenado pelo Supremo Tribunal da Coreia do Sul a 17 anos de cadeia por corrupção passiva durante a Presidência.
E em 2013 chegou à Presidência uma mulher, a 11ª Presidente da República, Park Geun-hye, a filha mais velha do antigo chefe de Estado e ditador Park Chung-hee, o terceiro Presidente. Também foi alvo de um escândalo de corrupção por ligações a uma milionária, Choi Soon-sil. Esta foi julgada e condenada e Park foi objeto de inquérito e de impeachment, confirmado pelo Tribunal Constitucional, abandonando o poder em março de 2017. Em Abril de 2018 foi condenada a 24 anos de cadeia.
O 12º Presidente foi Moon Jae-in, advogado e político. Moon Seguiu os passos de algum dos seus antecessores na aproximação a Pyongyang tendo-se encontrado na “Casa da Paz” com Kim Jong-un, em Abril de 2018.
Moon estava no governo por ocasião da epidemia COVID 19; as coisas correram bem de início, no controlo e tratamento da doença, mas depressa saíram fora de controlo. Mas em Maio de 2020, o seu partido, o Partido Democrático, um partido liberal, teve uma ampla vitória nas eleições parlamentares.
As eleições presidenciais de 2022 foram ganhas por Yoon Suk-yeol, magistrado e político, eleito pelo Partido do Poder Popular, um partido da direita conservadora. Mas nas eleições legislativas de abril de 2024, o Partido Democrático ganhou a maioria, com 170 deputados eleitos, contra 108 dos conservadores, num Parlamento de 300.
A partir de 3 de dezembro de 2024 abriu-se uma crise política muito grave, quando o Presidente decretou a lei marcial, pondo o país sob governo das Forças Armadas. Em resposta, a 14 de Dezembro, o Parlamento decidiu o seu impeachment. Os deputados da oposição, maioritária na assembleia, acusaram o Presidente Yoon de “insurreição” ao declarar a lei marcial e mandar tropas para o Parlamento.
A maioria necessária para declarar o impeachment foi alcançada quando 12 deputados conservadores se juntaram à maioria da oposição perfazendo o quórum necessário.
Agora o Tribunal Constitucional vai decidir se confirma o impeachment ou se o levanta e confirma Yoon.
As empresas portuguesas exportam para a Coreia do Sul produtos que vão do calçado aos têxteis, da carne de porco e vinhos aos artigos farmacêuticos, dos faqueiros aos pneus. E da Coreia para Portugal vêm automóveis, tecnologia, telemóveis, televisores, com um desequilíbrio evidente da balança comercial, com 918,6 milhões de euros nas importações contra menos de 200 nas exportações.
Em 2022, a Coreia do Sul foi o 38º cliente das exportações portuguesas (0,2%), e ocupou a 17ª posição (0,8%) a nível das importações (INE).
De 2018 a 2022 houve um crescimento médio anual de 17,7% nas exportações e de 22,0% nas importações. Pelos dados do INE de 2022, a balança comercial de bens continuou a ser desfavorável ao nosso país, com um défice de 727 milhões de euros.
Segundo um estudo da HM Consultores, as empresas portuguesas que desejam aumentar a sua presença internacional devem considerar a Coreia do Sul. “Este país oferece uma combinação de estabilidade económica, avanços tecnológicos e oportunidades comerciais estratégicas que são difíceis de igualar”. A Coreia do Sul tem um ambiente empresarial favorável a investidores estrangeiros, participando activamente em acordos de comércio internacional como os FTAs – Acordos de Livre Comércio – estabelecidos com mais de 59 países, incluindo grandes economias como os Estados Unidos, a União Europeia e a China.Graças a estes FTAs, as empresas portuguesas têm acesso aos mercados internacionais através da Coreia do Sul, criando oportunidades para parcerias estratégicas e expansão de mercado. A avançada infraestrutura de logística e transporte da Coreia do Sul facilita também o comércio eficiente e a gestão da cadeia de abastecimento, tornando mais fácil as operações para as empresas portuguesas.
Em termos de oportunidades de negócio, a Coreia do Sul poderá ser um mercado interessante para o sector agroalimentar, nomeadamente para o sector vinícola, sapatos, mobiliário para casa, azulejos, cerâmica utilitária, cutelaria, têxteis-lar, vidros/cristais e moda.
Nome oficial: República da Coreia
Área: 100 210 km²
Capital: Seul
Idioma: Coreano; Hangul
População: 51,71 milhões (2023)
Religiões: Protestantes: 19.7%, Budistas: 15.5%, Católicos: 7.9% (censo de 2015)
Sem religião: 56% (censo de 2015).
Governo: Democracia Liberal, presidencialista
Moeda: Won sul-coreano (₩)
Index of Economic Freedom:73.1; ranking: 14º Index geral de 2024, 5º em 39 países da região Asia-Pacífico.
Ease of Doing Business- ranking: 5º (World Bank)
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»
Conteúdos desenvolvidos por Gaporsul

