
Tunísia
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
Situada no Norte da África, a Tunísia é limitada a Oeste e Sudoeste pela Argélia, a Sudeste pela Líbia e a Leste e Norte pelo Mar Mediterrâneo. A costa acessível do Mar Mediterrâneo e a sua localização estratégica atraíram desde sempre conquistadores e visitantes e estimularam o estabelecimento de boas relações comerciais com a União Europeia, conferindo à Tunísia uma posição estratégica no mercado internacional.
A Tunísia representa um mercado de 12,1 milhões de habitantes. A sua população é essencialmente árabe berbere, mas o país possui uma grande diversidade étnica, resultado de várias ondas de imigração ao longo dos séculos: fenícios, africanos subsaarianos, judeus, romanos, vândalos, árabes e muçulmanos espanhóis.
Na indústria há uma boa diversidade de sectores, sendo o sector têxtil, o automóvel, a eletrónica e os produtos químicos, os mais importantes.
Possuindo fosfato e gás natural, que desempenham um papel importante na economia do país, a Tunísia acaba por centrar grande parte da sua atividade económica à volta desses recursos; mas apesar disso, tem feito esforços para diversificar a sua atividade económica; assim, atualmente, outros sectores como a indústria transformadora e o turismo, começam também a desempenhar um papel importante na economia. Os serviços, que representaram cerca de 69,4% do PIB em 2023, são o sector mais representativo na estrutura económica do país.
A guerra na Ucrânia e a consequente desaceleração das economias europeias trouxe uma pressão acrescida à economia da Tunísia, que se debate com a inflação, elevadas taxas de desemprego, baixo investimento, baixa sustentabilidade da dívida pública, déficit orçamental e dificuldade de autofinanciamento. Para 2025, a previsão de crescimento é 2,4% (em 2023 foi de 0,4%). Porém, segundo a EIU, (Economist Intelligence Unit), se forem tomadas medidas para restaurar o equilíbrio macroeconómico e para assegurar um novo programa de financiamento junto do FMI, as perspetivas de crescimento económico poderão melhorar substancialmente.
A República de Cartago, que nos séculos III e II A.C. desafiou Roma e perdeu, tinha a capital, Cartago, naquilo que é hoje a República da Tunísia. E depois da conquista romana foi uma província importante do Império, muito rica em trigo e azeite.
Passou sucessivamente dos romanos para os vândalos e para os bizantinos e foi conquistada, ocupada e islamizada pelos conquistadores árabes a partir de meados do século VII, atravessando os séculos seguintes como um lugar de conflito entre as vagas de conquistadores muçulmanos de diferentes alinhamentos, até que, em 1574, o famoso corsário Khayr ad-Din Barberousse, grande-almirante da frota otomana, conquistou Túnis; os Espanhóis tomaram-na por sua vez, mas os Turcos reconquistaram-na em 1574; a partir daí a Tunísia foi governada por uma espécie de diarquia, entre o representante do sultão, o Pachá, e um chefe político local, o bei de Túnis, que a partir dos princípios do século XVIII se tornou o senhor do poder executivo. No século XIX, na sequência da repartição da África pelos poderes europeus, a França conquistou a Tunísia em 1881 e impôs um protetorado que iria durar até à independência, em 1956.
Em 1920, foi fundado o partido Destour, Partido Constitucional Liberal; era um partido nacionalista, mas em 1934 surgiu uma deriva radical, o Neo-Destour, de Habib Burguiba (1903-2000). Burguiba estudou Direito e Ciência Política em Paris e participou no movimento independentista. Mas a partir dos anos 1950 entrou numa linha de negociação com a França, sendo o primeiro chefe do Governo da independência em 1956, e presidente da República a partir de 25 de julho de 1957.
Burguiba foi o protagonista de um movimento de desenvolvimento autoritário, numa linha de modernização laica, contrastante com o tradicionalismo conservador islâmico; a partir de 1975 proclamou-se presidente vitalício num sistema de partido único, sendo afastado do poder, já octogenário, pelo seu então ministro do Interior, Zine El Abidine Ben Ali.
Ben Ali (1936-2019), militante nacionalista e militar de carreira, passou pelas escolas militares francesas e foi diretor nacional de Segurança; tomou o poder logo a seguir à incapacidade por doença de Burguiba, e governou de modo autoritário, ganhando com sucessivas e maciças votações a presidência da república.
Mas em 17 de dezembro de 2010, um pobre vendedor ambulante, Mohamed Bonazizi’s, farto de ser vítima da corrupção policial e humilhação, autoimolou-se pelo fogo numa pequena cidade da Tunísia, desencadeando um movimento de protesto que, menos de um mês depois, levaria Ben Ali, a mulher e os filhos a fugirem para a Arábia Saudita.
Foi a chamada “revolução da dignidade”, contra um sistema reconhecido de grandes desigualdades sociais e regionais, agravado pelo mal-estar da juventude, sem perspetivas de futuro num país onde, então, mais de 40% da população tinha menos de 25 anos.
O movimento popular tunisino viria a ser um fator de inspiração para as “primaveras árabes”, com casos de autoimolação na Argélia, em Marrocos, na Mauritânia, na Síria e no Egipto. No Egipto levou, na sequência de uma série de distúrbios, à queda do Presidente Hosni Mubarak, o sucessor de Anwar Sadat, no poder desde 1981.
Esta “revolução da dignidade”, ou “revolução de jasmim” teve custos humanos – no mês que decorreu entre a imolação de Mohamed Bonazi e a fuga de Ben Ali, mais de 330 mortos e 2000 feridos.
No final da agitação na eleição para as Constituintes de 23 de Outubro de 2011, o partido ou movimento islamista Ennahdha, liderado por um professor de Filosofia, Rached Ghannouchi, muito influenciado pelos Irmãos Muçulmanos do Egipto, fica em primeiro lugar, bem à frente do Congresso para a República; e nas eleições legislativas de 2014 é suplantado pelo jovem partido Nidaa Tounes (Apelo da Tunísia); seguiu-se um governo de coligação e, a partir de 2016, uma geometria variável eleitoral, com várias coligações. Das eleições de outubro de 2019, que registaram cerca de 60% de abstenções, saiu uma assembleia legislativa muito fragmentada com o Ennahdha de Ghannouchi como partido mais votado a ficar-se por cerca de 20% dos votos e 52 deputados (em 217), seguido por Qalb Tounes, (Coração da Tunísia) de Nabil Karoui, com menos de 15% e 38 deputados. Seguem-se as votações de cerca de 30 partidos diferentes.
Como é normal num parlamento tão fragmentado, houve grande dificuldade de constituir um governo estável e várias tentativas se frustraram até que, em 2 de setembro de 2020, um governo de coligação chefiado por um alto funcionário, Hichem Michichi, indigitado pelo presidente Kaïs Saïed, tomou posse. Mas em julho do ano seguinte Saïed demitiu Mechichi, suspendeu o parlamento e, depois de um referendo para reforma da Constituição, passou a governar com plenos poderes.
No passado Domingo, 6 de outubro, Kaïs Saïed foi reeleito presidente numa eleição muito contestada pelo conjunto da oposição e que teve uma baixa participação popular.
Segundo os resultados oficiais, Saïd teve cerca de 89% dos sufrágios expressos, contra o seu adversário Zammel, um empresário de inspiração liberal, que teve cerca de 7%; o terceiro candidato, Zouhair Maghzaoui, não chegou aos 4%.
A participação popular na eleição presidencial não chegou aos 28% dos eleitos inscritos. Além disso, Zammel está na prisão. Em editorial, o Le Monde criticou o que chamou a “deriva iliberal” do presidente Saïed que, entretanto, continua a ser parceiro da União Europeia nas políticas de contenção migratória.
A Tunísia foi o 44º cliente das exportações portuguesas de bens em 2023, com uma quota de 0,2%, e o 66º fornecedor ao nível das importações (0,05%). Verificou‑se uma média de 13,9% de crescimento anual das exportações e de 12,6% nas importações ao longo do período 2019‑2023. A balança comercial de bens foi favorável ao nosso país, com um excedente de 94 milhões de euros em 2023. Nas exportações destacam‑se as Matérias Têxteis (22,6%), as Pastas Celulósicas e Papel (22,6%), as Máquinas e Aparelhos (17,5%), os Plásticos e Borracha (13,1%) e os Metais Comuns (5,0%).
Existem excelentes oportunidades para potenciais investidores, especialmente em sectores como os hidrocarbonetos, geradores de energia, energia renovável (incluindo hidrogénio verde), aeronáutica, transportes, assistência médica, segurança e proteção, e tecnologias de informação e comunicação. Em menor grau, também há perspetivas comerciais em indústrias (orientadas para exportação) de manufaturas offshore mais intensivas em mão de obra, como agronegócio, aeroespacial, eletrónica e equipamentos mecânicos e elétricos; o país apresenta-se como uma alternativa interessante para a deslocalização da produção de têxteis e vestuário, dada a escassez de mão de obra em Portugal.
Em relação ao turismo, grande parte da infraestrutura turística da Tunísia requer reformas e há muito por explorar, principalmente em áreas distantes das cidades costeiras. À medida que o sector do turismo for crescendo, as oportunidades podem tornar-se mais evidentes.
Nome oficial: República Tunisina
Área total: 163,610 Km2
Capital: Tunes
Idioma: Árabe (oficial) Francês (comercial; falada por cerca de 2/3 da população)
População: 12.048 847
Religiões: Muçulmana (Sunita) 99%;
Governo: República semipresidencialista unitária
Moeda: Dinar tunisiano (TND)
Index of Economic Freedom- Heritage: pontuação: 48.8; ranking global: 150ª; regional: 11ª em 14, na região do Médio Oriente e Norte de África.
Ease of Doing Business: 78ª entre 190 economias.
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»
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