A política económica nas eleições americanas

Os que se lembram da política económica de Reagan e do reaganismo – uma política de ressurreição dos princípios da Escola Austríaca e da Escola de Chicago – grande confiança na “mão invisível” dos mercados, comércio livre, baixas de impostos – ficariam espantados ao contemplar o programa económico da equipa Trump-JD Vance, exposto em The 2024 Republican Platform – Make America Great Again.

No manifesto, que começa com as medidas para controlar a imigração ilegal – incluindo a deportação dos ilegais – e para o combate à alta dos preços vêm a seguir, como prioridades:

  • Tornar a América o produtor dominante de energia do mundo;
  • Tornar os Estados Unidos a “Manufacturing Superpower”;
  • Reduzir os impostos dos trabalhadores e pôr fim aos impostos sobre as gorjetas;
  • Proteger a Segurança Social e o Medicare, sobretudo para os mais velhos.

Isto quer dizer que o proteccionismo às indústrias nacionais e os impostos sobre as empresas serão significativos, até para compensar o alívio dado aos trabalhadores.

Outras medidas, desenvolvendo estes princípios destinam-se a garantir a recuperação das indústrias nacionais – da energia, à mineração; taxas alfandegárias para combaterem as importações sobretudo de automóveis chineses; reequilíbrio da balança comercial – para reduzir o trilião de dólares de déficit.

É certo que esta política vai ao encontro de um eleitorado muito diferente do tradicional country club republican; o programa é muito virado para um eleitorado da classe trabalhadora branca, incluindo os chamados “Hispânicos”, e para a classe média conservadora, crítica da imigração ilegal e a sofrer com a alta de preços e o desemprego trazido pela desindustrialização.

Por seu turno os democratas, até porque estão em competição, têm medidas muito semelhantes no programa económico da dupla Harris / Walz.

Reafirmar a liderança industrial dos Estados Unidos; reforçar a produção nacional nas energias renováveis, nos veículos eléctricos e nas tecnologias “verdes”; priorizar a independência energética da América; alargar o programa Buy Clean and Buy American, procurando usar cimento americano, aço americano e outros materiais nacionais e reforçando os incentivos governamentais à produção nacional; revigorar as indústrias e o papel dos trabalhadores americanos.

Kamala Harris, enquanto senadora foi um dos 10 membros da Câmara Alta americana que votaram contra o CUSMA (o Tratado Comercial Canadá - Estados Unidos – México) e também se opôs à Trans-Pacific-Partnership, alegando entre outras coisas que não protegiam a indústria e os empregos americanos.

Assim, ambos os partidos e os candidatos, tão diferentes noutras matérias – por exemplo em ética familiar, aborto, eutanásia – parecem muito semelhantes em matéria económica e social. Isto é, são proteccionistas, justicialistas, e voltados para políticas fiscais duras e para o intervencionismo económico.

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