
Qatar
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
O Qatar é um país do Médio oriente. Ocupa uma pequena península banhada pelo golfo Pérsico, um espaço de influência iraniana, e é separado por um istmo da Arábia Saudita e dos Emiratos Árabes Unidos. O Golfo do Bahrein separa o Qatar da nação insular do Bahrein.
A localização estratégica do Qatar como porta de entrada entre o Oriente e o Ocidente proporciona acesso a diversos mercados e rotas comerciais, tornando-o atrativo como centro de negócios regional.
Tendo sido um dos Estados mais pobres do Golfo, é hoje um dos países mais ricos da região, com um dos PIBs mais elevados do planeta e classificado pelo Banco Mundial como um país de rendimento elevado. O país possui uma gigantesca reserva de gás natural; a produção de petróleo (600 mil barris/dia), apesar de muito grande para um país minúsculo, não é das maiores. Mas a quantidade já encontrada é de mais de 25 mil milhões de barris, o que permite que o Qatar mantenha a actual produção durante mais 56 anos.
Mais de 88% dos moradores do Qatar são de outros países, imigrantes maioritariamente do sul da Ásia e da África. O país depende destes trabalhadores para a construção de infraestruturas e para praticamente todos os restantes trabalhos. Embora o Qatar tenha feito investimentos significativos para este desenvolvimento de infraestruturas, bastante acelerados pela realização do campeonato do Mundo de Futebol em 2022, enfrenta ainda desafios como o congestionamento do tráfego, transportes públicos inadequados e interrupções nos serviços públicos, o que pode afectar as operações comerciais e a logística.
A economia do Qatar é ainda extremamente dependente do sector energético, gás e petróleo; e, como em todas as economias dependentes da energia, existem agora planos para diversificar o PIB: além da empresa aérea, Qatar Airways, e da rede de TV e jornalismo internacional do país, al Jazeera, a construção, serviços financeiros, indústrias emergentes como a tecnologia, a saúde e as energias renováveis também têm crescido consistentemente no país. 2024 está a ser um ano marcante para o panorama das startups do Qatar, com cada vez mais empreendedores a entrar no ramo. O país está a cumprir o objetivo de captar talentos novos e emergentes, ao anunciar um investimento de mil milhões de dólares para apoiar empreendedores e startups internacionais na região, através da iniciativa "Startup Qatar" da Invest Qatar, uma plataforma online que fornece informações para ajudar startups a lançar ou expandir os seus negócios no país.
Em 1868, os ingleses assinaram com Mohammed bin Thani um tratado de Protectorado que, de certa forma, ditou o futuro do país e o poder da dinastia ainda hoje reinante. Os Thani são originários da tribo Tamim e o filho de Mohammed bin Thani, Qasim bin Muhammad (1878-1913) é considerado o pai-fundador do emirato do Qatar. Em 1916 um novo tratado regulou a partilha do poder ficando Londres com o exclusivo da política externa.
Em 1971, no tempo da sétima geração, com Khalifa bin Hamad Al Thani, o Qatar tornou-se independente do Reino Unido.
Entretanto, como noutros Estados da região, aconteceu o que iria ser a revolução político-económica do Médio Oriente – a descoberta do petróleo.
A Segunda Guerra Mundial definitivamente provara a necessidade do ouro negro para as máquinas do Euromundo e o Qatar tinha petróleo, tendo já em 1935 assinado um contrato de concessão com a Iraq Petroleum Company. Mais tarde foi constituída a própria companhia nacional petrolífera, a Qatar Petroleum Company.
Em 1968, os ventos de mudança sopravam sobre o Império britânico em retirada. E no Médio Oriente, para além do poderoso reino saudita, aliado firme de Washington, a região ficaria fragmentada entre vários pequenos sultanatos. Pequenos, mas ricos, graças ao petróleo. Assim em 1971, fim do Protectorado, o Qatar assinou acordos de delimitação de fronteiras com os Emiratos Árabes Unidos e com o Bahrein. Também se tornou membro da Liga Árabe, das Nações Unidas e do Conselho de Cooperação do Golfo.
O cuidado principal, como de outros principados, emiratos e sultanatos da região, foi controlar a ameaça do xiismo depois da queda do Xá do Irão e do fundamentalismo jihadista, o que o Emirato fez de modo singular e sofisticado. Para além disso, a monarquia Catari viveu alguns episódios de golpes palacianos e familiares.
Com os primeiros anos do século XXI veio uma alteração radical na economia do Qatar, uma alteração que vai ser a chave da sua futura proeminência entre os Estados do Médio Oriente e que lhe vai permitir não só uma relativa independência de alinhamentos como um protagonismo internacional que, ainda que discreto, não deixará de ser notado, permitindo-lhe até um papel algumas vezes de árbitro e mediador entre Estados muito mais poderosos como o Irão e a Arábia Saudita.
Tal foi a descoberta do gás natural que, segundo o Oil and Gas Journal em 2011, representavam na altura 14% de todas as reservas mundiais, ficando o Qatar como o terceiro país em reservas de gás, depois da Rússia e do Irão. Estas posições relativas mantêm-se. A política do governo foi apostar decisivamente no gás natural e exportá-lo como LNG (Liquified Natural Gas). Assim, hoje o Qatar é o sexto produtor de gás natural e o segundo exportador de LNG, depois da Indonésia.
Daqui, destes recursos fabulosos, o papel e a influência deste emirato, uma península no Golfo Pérsico com pouco mais de 11.500 km2 e uma população natural de Cataris que pouco passa dos 400 mil habitantes.
Isto só foi possível graças a uma classe dirigente que, a partir da década de 1990, entendeu a importância de influenciar a opinião regional. Entre dois Estados hostis – o Irão xiita e a Arábia sunita – Doha negociou acordos bilaterais de defesa e segurança com os Estados Unidos em 1992 e com a França em 1994.
A chegada ao poder de Hamad bin Khalifa e a sua intenção de contrariar a hegemonia saudita, significou alguma instabilidade e duas tentativas de golpe de Estado em Doha, em 1996 e 2002, com interferência provável de Rhiad. Para contrapor a cobertura mediática saudita na região e entrar a fundo no softpower os Cataris lançaram em 1996 a estação de TV por satélite Al Jazeera que depressa ganhou uma influência galopante, não só regional como internacional.
O mais interessante nesta política do emirato tem sido, com os altos e baixos que a situação na região tem registado, ser um espaço de negociação e mediação muito para além do que os factores de território e população do país permitiriam.
Ainda no conflito no Médio Oriente desencadeado pelo ataque de há um ano do Hamas contra Israel, o Qatar voltou a desempenhar um papel diplomático, como desempenhara no passado em negociações entre os Estados Unidos e os Talibã; e desempenhara para o Líbano em 2008, para o Iémen em 2010, para Darfur em 2011 e para Gaza em 2012. A partir de Janeiro de 2024 com acompanhamento da França é em Doha que se têm realizado alguns encontros – até hoje pouco produtivos de resultados – entre as duas partes para a libertação de reféns. Até porque, segundo algumas fontes, o Qatar deu, no passado ajudas substanciais ao Hamas. E embora criticando os ataques de 7 de Outubro de 2023, o governo do Emirato tem responsabilizado o governo de Israel pela situação na Palestina.
O número de empresas exportadoras portuguesas para o Qatar tem seguido uma tendência crescente No primeiro semestre de 2024, Portugal foi o 73.º cliente do Qatar, sobretudo com a importação produtos químicos, na sua maioria plásticos, e o 76.º fornecedor, exportando principalmente máquinas, veículos, calçado, produtos agroalimentares e químicos, cerâmica e vidro. No passado mês de Agosto, o Ministro da Economia português realizou um périplo pela região e esteve no Qatar para reforçar as relações bilaterais e captar investimento para áreas como a indústria, energia, serviços e mobilidade. Teve encontros com cinco ministros (Finanças; Assuntos da Energia; Transportes; Comércio e Indústria; Comunicações e Tecnologias da Informação) e também reuniões com os responsáveis pelos dois fundos soberanos do Catar. O Catar e Portugal têm relações diplomáticas desde 1982. Em 2009, os dois países assinaram um acordo para abrir embaixadas nas suas respetivas capitais, Doha e Lisboa, o que se concretizou respectivamente em 2011 e 2012.
O aparecimento das novas tecnologias nos campos da saúde e energias renováveis pode revelar oportunidades lucrativas para as empresas que procuram capitalizar a transformação económica do Qatar. Também a indústria turística do Qatar está a ter uma expansão significativa, com investimentos em hotéis de luxo, atrações culturais e locais de entretenimento, que resultam em novas oportunidades de negócio. O mercado de trabalho do Qatar, porém, sendo caracterizado por uma força de trabalho maioritariamente expatriada, enfrenta ainda desafios relacionados com as leis laborais, regulamentações laborais e direitos laborais, que podem ter impacto negativo no recrutamento, retenção e gestão de talentos para as empresas no país.
A posição geopolítica do Qatar no Médio Oriente, entre tensões regionais e dinâmicas geopolíticas, leva a que se tenha de ter em consideração alguns riscos para as operações comerciais, relações comerciais e confiança dos investidores, necessitando de uma avaliação cuidadosa dos riscos e de um planeamento de contingência.
Nome oficial: Estado do Qatar
Área: 11.586 Km2
Capital: Doha
Idioma: Árabe
População: total: 3. 557 189; (cataris: 412.633; imigrantes: 3.144 555)
Religiões: Islamismo
Governo: Monarquia autoritária
Emir: Tamin Al Thani
Primeiro-Ministro: Mohammed Al Thani
Moeda: Rial catarense
Index of Economic Freedom- Heritage: 28º no Ranking Global; 3º na região Médio Oriente/África
Ease of Doing Business: 77º em 190 – (Ranking 2020, subiu de 83º no ano anterior)
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

