QUÉNIA

Quenia Globo

Quénia. Uma das principais portas de entrada na África Oriental e Central.

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.

A República do Quénia, com cerca de 570.000 Km2 e 54 milhões de habitantes (censos de 2020, ONU), é uma das principais portas de entrada na África Oriental e Central, um centro nevrálgico das redes de comunicação e transportes de pessoas e mercadorias. Tem-se afirmado como um dos principais centros financeiros, logísticos e comerciais entre os mercados da África Oriental, e Nairobi, a capital, surge na região como o epicentro da inovação e das novas tecnologias e serviços.

Com um PIB de USD 101.01 mil milhões (World Bank 2020), o Quénia posiciona-se hoje como a grande potência económica da África Oriental e com previsões de um crescimento continuado. Comparada com as outras economias da região, continua a ter a mais forte base industrial e funciona numa lógica de mercado livre bastante diversificado. Estes factores, somados à localização estratégica, às rotas de ligação aéreas – das quais o país é o centro – e a uma mão de obra qualificada, têm conseguido atrair empresas e investidores internacionais.

O factor étnico

A partilha colonial pela conferência de Berlim, ao repartir pelos poderes europeus signatários territórios e população, criou entidades multiétnicas sob a tutela de um mesmo Estado. No Quénia não há uma etnia dominante porque nenhuma tribo ou etnia chega aos 20% da população. Os cinco maiores grupos étnicos somam 65,3% da população e os restantes 35, 36%. (Quicuio 17.1%, Luhya 14.3%, Luo 10.7%, Kalenjin 13.4%, Cambas 9.8%).

 

O Quénia tornou-se independente do Reino Unido em Dezembro de 1963. Ao contrário da maioria das colónias britânicas, em que a independência foi concedida por decisão unilateral de Londres ou negociada em termos pacíficos, no Quénia, em 1952, estalou uma violenta rebelião contra os ingleses, a rebelião dos Mau-Mau, rebeldes armados, oriundos de várias tribos locais. Nos finais de 1956 os ingleses conseguiram controlar militarmente a rebelião, mas focos de instabilidade perduraram até à independência.

Paralelamente à luta armada, apareceram movimentos independentistas, como o Kenya African Union, (KAU) de Jomo Kenyatta, fundado em meados dos anos 40 e proibido em 1952, quando do levantamento dos Mau-Mau. As autoridades inglesas acusaram então Kenyatta de liderança clandestina dos guerrilheiros e prenderam-no na prisão de Lokitaung até 1959.

Em 1960, o KAU e o Nairobi People’s Convention Party juntaram-se, formando o Kenia African National Union – KANU.

Em 1963, a ex-colónia, agora independente, passou a República. Nesse mesmo ano, Kenyatta e o KANU ganharam a eleição geral; depois da vitória e já como presidente da República, Kenyatta seguiu o caminho do poder centralizado num partido único, proibindo os partidos da oposição, como o Kenia’s People Union, (KPU) de Jaramoji Oginga Odinga. Kenyatta argumentava que o sistema multipartidário prejudicava a unidade nacional.

Sob este governo autoritário, o país cresceu a um bom ritmo e manteve-se, no quadro internacional, na linha pró-ocidental; mas a proibição da oposição e críticas à corrupção dos dirigentes manchavam a sua imagem.

Jomo Kenyatta e o seu vice-presidente Daniel Arap Moi procuraram criar a unidade nacional através de políticas de desenvolvimento; mas houve uma clara coincidência nos benefícios do poder para a etnia Quicuio, a que pertenciam o Presidente e a sua família.

Com a morte de Kenyatta em 1978, a liderança do partido e do governo foram assumidas por Arap Moi, que prosseguiu, em termos internos e internacionais, a linha nacional conservadora do antigo presidente.

A partir de 1992, com o fim da Guerra Fria e com a vaga de democratização que chegou a África, o sistema multipartidário foi instaurado, mas o partido KANU continuou no poder, dentro de um regime presidencial.

Até 2007, o país manteve uma grande estabilidade política que contribuiu em muito para o crescimento económico, investimento externo e turismo.

Até às crises dos primeiros anos do século XXI, pode dizer-se que a estabilidade foi assegurada por um grande centralismo e autoridade presidenciais. Mas eram grandes as queixas de corrupção, e o presidente Obama, numa visita às suas raízes africanas, teve palavras duras para a situação no Quénia que, em 2007, estava no número 150 (em 180) do International Corruption Index do Transparence International Report.

Em 2007-2008 houve uma séria crise política que, entretanto, veio a ser resolvida por um Acordo Nacional de Reconciliação. A violência pós-eleitoral em 2007 teve origem na contestação à vitória do presidente Mwai Kibaki, que disputava a reeleição com o candidato da oposição, Raila Ondinga, do Orange Democratic Movement.

A Constituição de 2010, referendada por 69% contra 31% dos eleitores, trouxe modificações de fundo ao centralismo presidencial: foram reforçados os poderes do Parlamento, e os corpos militares e de segurança passaram a ter um maior controlo por parte do Parlamento e pela opinião pública.

Em 2018 houve novos e graves incidentes e os dois veteranos da política queniana – Uhuru Kenyatta, filho de Jomo Keniatta, fundador e primeiro presidente da República, e o seu rival, Raila Odinga, filho de Juranoji Oginga Odinga – fizeram as pazes.

Agora, Uhruru está prestes a terminar o seu último mandato, em 9 de Agosto de 2022, dia das próximas eleições gerais para a Presidência da República, para a Assembleia Nacional e para o Senado. Os candidatos actuais mais fortes são o Vice-Presidente William Ruto e o ex-Primeiro Ministro e líder do Orange Democratic Movement, Raila Odinga.

No Quénia dá-se um fenómeno de continuidade familiar e tribal, com hegemonia de famílias, como os Kenyatta e os Odinga, e das etnias dominantes Quicuio e Kalenjin. Desta vez, outros candidatos vão enfrentar os tradicionais, mas espera-se que a estabilidade política não seja afectada.

 

 

Agricultura. Continua a ser um dos principais pilares da economia do país, representando cerca de 34% do PIB e empregando diretamente mais de 50% da população. O Quénia é um dos principais produtores e exportadores mundiais de trigo, café, chá, e cana de açúcar. Dada a gravidade do previsível problema da segurança alimentar, o governo está apostado num maior desenvolvimento e industrialização do sector, com o que isso comporta em termos de máquinas, equipamentos, sistemas e soluções de irrigação e fertilização de solos.

Construção e imobiliário. O país tem continuado a investir na modernização de estradas, aeroportos, ferrovias, portos e habitação, o que se traduz consequentemente em oportunidades de negócio e investimento que beneficiam as empresas, quer nacionais, quer estrangeiras.

Tecnologias de informação e comunicação. O desenvolvimento das tecnologias 4G e 4G LTE e o crescente aumento do uso de smartphones têm tido um impacto muito positivo no crescimento do e-commerce e outros serviços de base digital, outro dos sectores onde os negócios mais prosperam, já que o Quénia tem das mais altas taxas de acesso à internet da África Subsariana (30% segundo dados do World Bank 2020).

Turismo. Além dos safaris e do tradicional turismo de lazer – com o ecoturismo a ganhar cada vez mais expressão – que sempre estiveram no centro da economia do país, são muitas as oportunidades a explorar associadas ao turismo de negócios.

Energia. Os novos depósitos que têm vindo a ser encontrados criam algumas expectativas de que o país possa vir a tornar-se um produtor de petróleo e gás. Na área das energias renováveis existem projectos que têm conhecido um desenvolvimento significativo e que apresentam uma assinalável margem de crescimento.
Persistem, no entanto, riscos e dificuldades a considerar, como em todos os mercados, sobretudo os africanos: corrupção, níveis de desemprego e de pobreza, e secas prolongadas, que podem afectar o desempenho geral da economia do país.

A nível da segurança, o facto de parte da população viver ainda abaixo do limiar da pobreza – o que pode tornar alguns segmentos propícios a aliciamentos por parte de grupos criminosos e redes terroristas – e a proximidade geográfica de países considerados de risco mais elevado justificam que a evolução do quadro securitário do país deva ser monitorizada.

 

 

Segundo os dados da Embaixada de Portugal no Quénia, em 2020 Portugal exportou bens no valor de 16,5 milhões de dólares para o país, nomeadamente máquinas de fabrico de papel, papel não revestido e filamentos sintéticos. Por sua vez o Quénia exportou para Portugal bens no valor de 5,31 milhões de dólares, sobretudo bens agrícolas como fruta, fruta seca e óleos vegetais, e também peixe.

O ambiente de negócios do país está em franco desenvolvimento e já são várias as empresas portuguesas com sede no país a operar em sectores como construção, tecnologia de informação, mobilidade e transportes, Fintech e energia.

No início de 2022, após o período de pandemia, o relançamento do PBCK - Portuguese Business Council in Kenya – uma associação empresarial “comprometida com promover e facilitar o comércio bilateral, o investimento e o desenvolvimento empresarial entre os dois países” – teve como resultado um aumento significativo do número de membros, empresas e indivíduos, envolvidos em negócios e outras actividades que aproximam o Quénia e Portugal.

 

 

Localização geográfica: África Oriental, entre o Uganda (oeste) e a Somália (este), a Tanzânia (sul) e a Etiópia e o Sudão do Sul (norte) e com costa marítima para o Índico (sudeste).
Capital: Nairobi
Território: 569.140 Km2 (área terrestre)
População: 54,685 milhões (WFB, est.2021)
Língua: Inglês e Kiswahili (oficiais;) línguas maternas de acordo com o grupo étnico
Moeda: Xelim queniano (KES)
Ranking Doing Business Report 2020: 56/190 (sem alterações)
Index of Economic Freedom – Heritage 2021: 28/180 (-0,4 pontos)
PIB, taxa crescimento real 2021: 7,56% (est. abr 2021, FMI)

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067

Ser Associado da Câmara de Comércio significa fazer parte de uma instituição que foi pioneira do associativismo em Portugal.

 

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