Rússia

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Rússia, uma das maiores economias do mundo!

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.

 

 

Maior país do mundo em termos territoriais - com uma posição geoestratégica das mais relevantes em todo o mundo, dada a sua transcontinentalidade que liga a Europa à Ásia -, mercado de cerca de 146 milhões de consumidores, potencialmente um dos países mais ricos em recursos naturais, nomeadamente energéticos, um dos mais importantes exportadores de metais como ouro, aço e alumínio, e uma performance económica notável ao longo das últimas décadas, são alguns dos fatores que traduzem o peso significativo da Rússia na economia e comércio mundiais.

Os números falam por si. Com um PIB avaliado em USD 1 473 mil milhões (2020) e trocas comerciais no valor de USD 666,558 mil milhões (2019), a Federação Russa afirma-se hoje como a 11ª maior economia do mundo em termos absolutos, a 5ª maior em termos de paridade do poder de compra, o 14º maior exportador e o 22º maior importador mundial. Mais ainda, de acordo com o Global Energy Statistical Yearbook 2020, o país é o 3º produtor mundial de petróleo (crude), o 2º de gás natural e o 4º de energia elétrica, sendo ainda um dos maiores produtores mundiais de carvão e urânio. Trunfos que também concorrem para que a Rússia se venha tornando foco crescente de convergência de fluxos internacionais de investimento, simultaneamente ajudando à sua reafirmação como ator incontornável no sistema político internacional.

Energia, transformação de minerais, infraestruturas e construção, e de forma cada vez mais significativa também os serviços, são os setores mais importantes desta economia, que antes da crise provocada pela pandemia de Covid 19 crescia a um ritmo médio de 2,4% ao ano (2018-2019). Dados do FMI relativos a 2020 revelam uma contração de -3,1%, aliviando estimativas anteriores mais pessimistas que apontavam para uma descida do PIB superior a 4%. O contexto de pandemia e a consequente diminuição dos níveis da procura estão na base desta inversão na trajetória de crescimento, agravada pela descida da cotação do petróleo.

Mas o Outlook é positivo, e a retoma deverá acontecer já este ano, com um crescimento de 3,8% (superior ao estimado em out 2020 que apontava para uma subida de apenas 2,8%), que deverá manter-se no mesmo nível ao longo de 2022, prevendo-se um ligeiro abrandamento nos cinco anos seguintes, ainda assim esperando-se uma expansão económica na ordem dos 2% ao ano.

Apesar de algumas fragilidades, o mercado russo apresenta outros sinais de dinamismo. A taxa de desemprego tem vindo a diminuir significativamente, tendo-se situado nos 4,6% em 2019. Depois subida registada em 2020, para os 5,8% em virtude das consequências económicas da pandemia, espera-se uma melhoria progressiva já partir deste ano. O pib/per capita também tem evoluído de forma muito positiva, com a Rússia a apresentar um dos mais altos valores entre os BRICs.

Os níveis de inflação em nada se assemelham aos do passado. Longe dos 85,7% de 1999, em 2020 aquele valor situou-se nos 3,4% (uma vez mais aliviando estimativas anteriores de 5,6%), devendo a inflação manter-se controlada em torno dos 4% durante os próximos anos.

A tudo isto acresce uma evolução animadora dos índices de competitividade, enquadrada numa melhoria geral do ambiente de negócios. A passagem, no ranking do Doing Business Report do Banco Mundial, da 118ª posição registada em 2012, para a 40ª em 2016 e para a 28ª em 2020, é disto bastante elucidativa. Um conjunto de fatores que não podem escapar à análise de qualquer investigador estrangeiro.

 

 

Com a chegada de Vladimir Putin ao poder (2000), a Rússia entra numa fase de rápida expansão económica, com o PIB a crescer a uma média superior a 7% ao ano, o que se refletiu no duplicar dos rendimentos disponíveis e, consequentemente, no aparecimento de uma nova classe média, ávida por consumo. Setores como o alimentar, as bebidas, os têxteis e as TICs foram-se afirmando como áreas com grande potencial de crescimento e oportunidades de negócio.

Com o novo líder russo, veio também um programa de diversificação da economia e modernização das suas estruturas. As necessidades do país neste contexto fizeram dele um grande importador de bens de equipamento, bens intermédios e tecnologias. Mas apesar dos avanços significativos verificados ao longos dos últimos 20 anos, há lacunas que persistem e que continuam a justificar a importação de produtos estrangeiros.

No âmbito de uma estratégia mais vasta do Kremlin, a afirmação da Rússia perante os parceiros internacionais passa também pela contínua modernização do país e das suas infraestruturas, fazendo com que a procura de bens, equipamentos e serviços de qualidade seja uma constante.

Mas este não é um mercado facilmente abordável. A par de obstáculos de natureza interna – necessidade de monitorização do risco político, vulnerabilidades estruturais da economia (desde logo a sua ainda demasiada exposição ao setor energético), barreira da língua, dificuldades burocráticas etc. –, há a acrescentar constrangimentos externos que lhe são impostos, nomeadamente, para o que mais importa às empresas portuguesas, o quadro de sanções da União Europeia (UE).

A anexação russa da Crimeia em março de 2014 levou a UE (e os EUA) a impôr sanções económicas e comerciais ao país. A retaliação russa, numa postura “nacionalista” e “antiocidental”, por via da imposição de embargos numa série de áreas de comércio, afetou sobremaneira o setor agroalimentar europeu. Foram muitos os produtores portugueses prejudicados.

Naturalmente que respeitando o quadro regulatório europeu, é fundamental ir além, adaptar, responder e inovar. O potencial do mercado russo assim justifica - no setor agroalimentar e noutros.

As empresas portuguesas apresentam uma oferta de qualidade numa multiplicidade de áreas onde sabemos existir recetividade por parte do mercado russo. Tratando-se do agroalimentar – onde a Rússia desde há muito se vinha afirmando como mercado emergente para as nossas exportações – destacam-se a carne (bovina e suína), o leite, os legumes, peixes, crustáceos, molúsculos e o vinho.

No setor da moda, além dos têxteis, as empresas portuguesas têm dado cartas na área do calçado e há potencial para crescer ainda mais.

Um outro setor a considerar é o da construção, onde o potencial é muito significativo: desde os serviços de engenharia e consultoria, materiais de construção (madeiras, cortiças, mármores etc.), à arquitetura, são muitos os nichos a explorar. Associado a este, surgem também cada vez mais oportunidades no setor do mobiliário, moldes, iluminação e na decoração e design de interiores, principalmente na gama alta ou de luxo, onde os produtos estrangeiros são particularmente procurados.

Tics, robótica, indústrias automóvel, da aeronáutica e da construção naval (máquinas, equipamentos e componentes), o cluster da saúde (de notar a acentuada tendência de declínio e envelhecimento da população), ensino, o setor da energia (fornecimento de tecnologias e equipamentos), são alguns outros exemplos de áreas que deverão ser analisadas pelas empresas interessadas em explorar este mercado.

 

 

Entre exportações e importações, foram €596,7 milhões a menos em trocas comerciais com a Rússia em 2020, o que traduz uma quebra de 46,4% no comércio bilateral com o país no último ano, face aos quase €1.287 milhões atingidos em 2019. Uma quebra sobretudo justificada pelo declínio das importações (-53,1%) – que, longe dos mais de € mil milhões alcançados em 2019, se somaram em apenas €512,8 milhões – já que do lado das exportações a descida foi menos significativa (-8,4%), somando um total perto de € €177,4 milhões, assim evidenciando maior resiliência face às importações – um sinal encorajador.

Naturalmente que a crise pandémica que assolou o mundo em 2020, e as consequências que dela advieram no plano do comércio mundial, e que se traduziram numa contração generalizada das trocas, estão na base da expressividade destes valores. No entanto, uma análise mais cuidada às relações comerciais com Moscovo mostra que a quebra registada em 2020 surge em linha com os dois anos anteriores, os quais se saldaram em perdas acumuladas de quase 29%.

Uma vez mais, foram as importações o grande motor destas perdas, com decréscimos de 15% e 18% (em 2019 e 2018, respetivamente), ao passo que as exportações caíram apenas 3,7% em 2019, tendo mesmo aumentado perto de 12% em 2018. Mais uma prova da capacidade de resiliência das empresas portuguesas que exportam para a Rússia, o que, num contexto de contração, não pode deixar de ser visto como mais um sinal encorajador.

Igualmente encorajador é o quadro geral que caracteriza o comércio bilateral com o país ao longo da última década e que, com mais ou menos oscilações entre anos de crescimento e anos de contração, é marcado por uma gradual aproximação ao país. Desconsiderando o ano de 2020 em virtude da sua excecionalidade, de 2010 até 2019, o crescimento dos fluxos comerciais com a Rússia foi superior a 145%, ainda que maioritariamente animado pelas importações (dominadas pelos combustíveis minerais) que aumentaram 171% no período considerado, contra uma subida mais modesta das exportações de 61,5%.

Os dados disponíveis relativos a 2021 (jan-jul) parecem mostrar o retorno a esta trajetória de aproximação. Ao final dos primeiros sete meses do ano já havia sido ultrapassada a barreira dos € 600 milhões em trocas, o que significa um aumento de 41,4% face a igual período de 2020, embora ainda 37,6% abaixo dos valores de jan-jul de 2019.

Naturalmente que há um longo caminho a percorrer. Mas o caminho faz-se andando e as empresas portuguesas estão atentas às dinâmicas e oportunidades deste mercado. Assim tem sido ao longo dos últimos anos. Assim deverá continuar a ser nos próximos, que se esperam de ainda mais forte recuperação. Não é a primeira vez que as nossas empresas exportadoras se deparam com quadros de maior adversidade no seu relacionamento com o mercado russo.

Em 2014, ano da ofensiva russa sobre a Crimeia, que levou à adoção, por parte da UE, de sanções económicas à Rússia, eram 636 as empresas portuguesas que exportavam para o país. Em 2015, reflexo das medidas restritivas implementadas, aquele número baixou para os 512. Mas desde então, pese embora a manutenção do quadro de sanções, tem-se vindo a registar um aumento ininterrupto de exportadores para a Rússia, e que em 2019 eram já 628. Uma evolução que denota o esforço de adaptação, capacidade de resposta e de superação de dificuldades e de inovação por parte das nossas empresas, cientes das oportunidades que o mercado russo oferece.

Entre tais oportunidades, tem-se destacado a venda de madeira e cortiça que desde o início da década tem liderado as exportações portuguesas para a Rússia. Assim aconteceu também em ano de pandemia e durante os primeiros sete meses de 2021 (15,4% do total exportado para o país), evidenciando a importância do setor e o seu potencial exportador. Seguiram-se as exportações de animais vivos e produtos do reino animal (13,7%), os produtos alimentares (13,7%), as máquinas e aparelhos 10,6%, o calçado (6,8%) e as matérias têxteis (5%).

Têm também merecido destaque as exportações de produtos químicos, de plásticos e borrachas e de minerais e minérios, de peles e couros pelo dinamismo que têm evidenciado nos últimos anos, encontrando-se aqui, outras áreas de negócio com potencial exportador a explorar, tendo em consideração as necessidades de importação do mercado russo. Café, ovos, vinhos de uvas frescas, obras de cortiça natural, são outros nichos que têm revelado particular potencial e que deverão ser analisados pelas empresas que operam no setor.

Não obstante estas e outras oportunidades, a Rússia permanece (jan-jul 2021) um parceiro de muito maior relevância enquanto nosso fornecedor (14º lugar) do que enquanto cliente (38º lugar). Assim tem sido ao longo dos anos. Na mesma linha, o saldo da balança comercial tem igualmente sido desfavorável a Portugal com saldos tradicionalmente negativos, tendência que deverá manter-se considerando que o ritmo médio de crescimento anual das importações tem também sido superior ao das exportações: 15,4% vs 9,5%, respetivamente (2010-2019). Os primeiros sete meses de 2021 vieram confirmar esta tendência.

 


Localização geográfica: Norte da Ásia na fronteira com o Oceano Ártico, estendendo-se da Europa (território a oeste dos Urais) até o Oceano Pacífico Norte. Fronteiras com Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia (enclave Kaliningrado), Bielorrússia, Ucrânia, Geórgia, Azerbaijão (Este-Sudoeste) e Cazaquistão, Mongólia, China (Sul-Sudeste)

Capital: Moscovo

Território: 16.377.742 Km2 (superfície terrestre)

População: 144 milhões (Banco Mundial) a 146,8 milhões (FMI)

Língua: Russo

Moeda: Rublo russo

Ranking Doing Business Report 2020: 28/190 (+ 3 posições)

Global Competitiveness Index 2019: 43/141 (s/a)

Index of Economic Freedom – Heritage 2020: 92/178 (+0,5 pontos)

PIB, taxa crescimento real: 3,8% (est 2021, FMI)

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067

Ser Associado da Câmara de Comércio significa fazer parte de uma instituição que foi pioneira do associativismo em Portugal.

 

Os nossos Associados dispõem do acesso, em exclusividade, a um conjunto de ferramentas facilitadoras da gestão e organização das respectivas empresas.