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A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) realizou, pelo 9º ano consecutivo, o evento “Geoestratégia do Mundo em 2025”, onde Paulo Portas, vice-presidente da CCIP, lançou o ano que agora começa, identificando as principais tendências geopolíticas e geoeconómicas.

Com este evento a ser realizado no dia seguinte à tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, este foi o assunto incontornável da manhã. Analisando “o que foi dito e o que não foi dito” no discurso do novo Presidente norte-americano, Paulo Portas afirmou que, entre as tarifas e as deportações, Trump “parece ter escolhido começar pelas deportações”.

Sobre o que não foi dito neste discurso, destacou-se que Trump “não anunciou nenhuma tarifa sobre a China”, o que pode “sugerir uma abordagem transacional e não confrontacional”, sendo que não existiu também nenhuma referência à Ucrânia e à Rússia, nem a Taiwan, nem tão pouco a outras promessas económicas, como a redução de impostos ou o controlo da política monetária pelo Executivo. Estas últimas omissões podem ser explicadas pela difícil situação do deficit e da dívida, e pelo próximo risco de shut down.

Alertando que as deportações em massa e as tarifas “têm consequências económicas”, o vice-presidente da CCIP classificou duas novas tarifas anunciadas já depois da tomada de posse como “pouco racionais”: 25% sobre o Canadá e 25% sobre o México. “Tarifar o México significa tarifar boa parte das empresas americanas e o Canadá tem pronta uma lista de produtos americanos para que sejam tarifados – este é o risco, o de uma escalada protecionista”, explicou.

Entre outras medidas decretadas no primeiro dia da presidência da nova Administração dos EUA, estão a saída do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Sobre esta última, Paulo Portas lembrou que “se tivermos outra pandemia, será um desastre não ter os EUA na OMS”. “A Europa é líder no cumprimento do Acordo de Paris, mas, desde ontem, ficou sozinha e tem de decidir com que ritmo e alianças pretende mitigar os efeitos das alterações climáticas”, acrescentou.

“A ausência de referência à Ucrânia parece indicar uma revisão dos ímpetos iniciais”, analisou ainda, explicando que se a nova Administração “parar os fornecimentos à Ucrânia, entrega a Ucrânia a Vladimir Putin”. “As guerras só acabam com rendição ou negociação: é preciso garantir que a Ucrânia negoceia um acordo com dignidade e sem perda de controlo da sua política externa. Vamos ver o que os EUA vão fazer”, afirmou ainda.

Sobre o resto do mundo, Paulo Portas diz que o “mundo está polarizado entre os EUA e a China”, mas avisou que “há muito mais mundo para além dos EUA e da China”.

“A inflação está a aumentar lentamente na Zona Euro desde Agosto”, alertou, explicando que “é preciso ter cuidado com esta situação”. “Isto pode afetar a velocidade de queda das taxas de juro”, disse.

Destacando os resultados económicos de Portugal e Espanha, que têm crescido acima da média europeia desde 2023, Paulo Portas apontou uma vantagem de Portugal, que tem, neste momento, um Orçamento do Estado, ao contrário de, por exemplo, Espanha, França e Alemanha.

Paulo Portas, terminou apontando quatro problemas fundamentais que a Europa tem de enfrentar: a demografia, “que é o tema mais difícil de abordar”; a produtividade, “que é, em Portugal, uma palavra proibida no espaço público”; a inovação, “a Europa está fora do pódio da inovação desde 2016”; e a defesa, “que se torna particularmente importante se ficarmos sozinhos perante a Rússia”.

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