No início de 2018, analisando um conjunto de indicadores, procurámos identificar tendências de investimento e de comércio, tentando igualmente perceber que regiões se posicionavam para ser - nesse ano e anos futuros - os grandes impulsionadores da economia mundial. Nessa altura, no plano macro, identificámos como os grandes motores do crescimento mundial regiões como a América Latina, a África Subsaariana e, precisamente, o Médio Oriente. Regiões onde os esforços de muitas das suas economias no sentido da diversificação da sua estrutura produtiva deveriam abrir, no médio e longo prazo, um novo leque de oportunidades de negócio. Embora no plano micro - o dos Estados - tenhamos dado maior enfoque a 5 outras economias como as “grandes estrelas” do crescimento mundial para a próxima década, ainda assim, não deixámos de alertar para a relevância e potencial de Israel, como um dos outros mercados a ter em atenção, dada a sua trajectória de crescimento e face às possibilidades de negócio que o país apresenta.
Centramo-nos agora por isso neste país, como um dos hotspots do investimento e do comércio mundial para os próximos anos e que, por esta razão, não deverá escapar ao olhar dos investidores e empresários portugueses.
Embora sem taxas de crescimento particularmente extraordinárias, a evolução macro-económica registada destaca-se pela sua constância e solidez. Naturalmente com oscilações entre anos de maior dinamismo económico (com o PIB a crescer entre os 5%-6%) e outros de crescimento mais moderado (entre 1%-3%) são mais de 15 anos de crescimento ininterrupto. Uma performance notável, desde logo se considerarmos o quadro das relações externas do país; relações tensas, por vezes conflituosas e até mesmo bélicas, e que não deixam de se reflectir no plano económico. Não obstante, o país continua a crescer, o que revela a enorme resiliência da sua economia.
Se ao longo da última década Israel foi o 7º país que mais cresceu no conjunto das economias do Médio Oriente (considerando o Egipto), nos últimos cinco anos passou a ser a 3ª de mais rápido crescimento, apenas ultrapassada pela Turquia e pelo Egipto. Com um PIB calculado em USD 369,843 mil milhões (figurando como a 5ª maior economia da região em 2018), o país apresentou a 2ª maior taxa de crescimento (desta feita apenas ultrapassado pelo Egipto), posição que se espera manter em 2019, dada a previsão de aumento do PIB em 3,3%.
O outlook mantém-se positivo para os próximos, com Israel a permanecer no top 5 das economias que mais deverão crescer em todo o Médio Oriente, com baixos níveis de desemprego (a rondar os 4%) assim como de inflação, que deverá manter-se controlada não atingindo os 2%.
Trata-se uma economia aberta, transparente, diversificada - onde o sector dos serviços representa 66,1% do PIB, a indústria 31,4% e a agricultura 2,5% - cada vez mais competitiva e tecnologicamente muito avançada. Assim é, fruto de um forte investimento que vem sendo feito no Ensino e no sector da Tecnologia, Investigação e Desenvolvimento. Em 2017, Israel foi mesmo o 2º país do mundo que mais investimento fez em I&D (em termos de % do PIB), apenas ultrapassado pela Coreia do Sul.
Não obstante, Israel permanece relativamente desconhecido para muitas das nossas empresas. Mas se é objectivo destas crescer, e crescer externamente, combinando os tradicionais mercados de destino das suas exportações com a entrada em novos mercados, é fundamental olhar para economias que, pelo seu potencial de crescimento, possam revelar-se peças importantes para a sua contínua expansão e internacionalização. Israel deve ser, neste contexto, um “mercado-alvo” para as empresas portuguesas.
FACT BOX: ISRAEL
Localização geográfica: Médio Oriente, banhado pelo Mediterrâneo (a Oeste), fazendo fronteira com o Líbano (Norte), a Síria (Nordeste), a Jordânia (Este), o Egipto (a Sul) e com os territórios palestinianos (ou assim reivindicados) de Gaza e da Cisjordânia.
Capital: Telaviv
Território: 21.497 Km2 (área terrestre)
População: 8.883.800 (Banco Mundial, est. 2018)
Língua: Hebraico (oficial); Árabe (oficialmente utilizado pela respectiva minoria); Inglês (amplamente utilizado como língua de negócios)
Moeda: shequel israelita (ILS)
Ranking Doing Business Report 2019: 49/190 (sem alterações face a 2018; + 5 posições face a 2017)
Global Competitiveness Index 2018: 20/140 (sem alterações)
Index of Economic Freedom-Heritage 2019: 27/180 (+ 0,6 pontos)
PIB taxa de crescimento real: 3,3% (est. 2020, FMI)