Entre as potências emergentes, a Índia tem-se destacado pelos dados de desenvolvimento muito positivos que tem registado. Com efeito, depois de alguns anos de uma lenta evolução económica, começa agora a dar sinais de se ter iniciado um período de crescimento mais sustentado, que tenderá a aumentar no futuro e que levará o país na senda do progresso.
Para os bons resultados e a percepção positiva a respeito do país, terá certamente contribuído a recente eleição de um governo mais focado na economia e nos negócios, liderado por Narendra Modie. As perspectivas de crescimento para este ano são de 5,6%, o que representa um resultado francamente melhor que o ano anterior (5%), sendo que o World Economic Outlook prevê que o próximo ano esse crescimento possa estar nos 6,4%, baseado no aumento das exportações e do investimento.
O potencial de desenvolvimento da Índia é de facto enorme. Trata-se de um país com 1,200 mil milhões de habitantes, em que metade da população tem menos de 25 anos e com a perspectiva de, em 2020, ser o país mais jovem do mundo. Tem também uma classe média em franca ascensão e com um bom poder de compra, que conta já com 250 milhões de pessoas.
A sua economia é relativamente diversificada, contando com um importante sector petrolífero (embora importe cerca de 70% do petróleo de que necessita, as suas empresas estão presentes em diversos projectos de exploração de hidrocarbonetos, nomeadamente na Rússia), sendo o 3º produtor mundial de carvão e o 4º de ferro, tendo um sector têxtil tradicionalmente muito forte e uma indústria automóvel entre as mais dinâmicas do mundo. A agricultura e a pesca são também sectores tradicionais importantes. Paralelamente, o sector dos serviços é gerador de emprego para milhões de pessoas e está em franco crescimento.
A estes dados, soma-se o facto de ser uma verdadeira democracia, com uma economia muito dinâmica, onde estão a surgir inúmeras PME e grandes empresas nos mais diversos sectores.
Apesar destes números impressionantes, a verdade é que a Índia é também um país de contrastes e com grandes desafios a que importa responder se se quiser alcançar a prosperidade prometida pelo seu novo Primeiro-Ministro.
As principais organizações económicas mundiais, como o FMI ou a OCDE, nos seus relatórios sobre o estado da economia indiana, fizeram questão de salientar que para a concretização das taxas de crescimento previstas é necessária a implementação urgente de grandes reformas estruturais. Estas têm que assentar em diversos sectores: desde logo no sector da indústria, que será o maior gerador de emprego para os milhões de jovens que todos os anos entram no mercado do trabalho; no domínio das infraestruturas, que se encontram muito envelhecidas e a necessitar de uma expansão significativa que abarque o conjunto do país; também a educação e a formação, necessárias para um mundo cada vez mais competitivo; a promoção de uma maior integração das mulheres no mercado de trabalho e finalmente, entre outras, a melhoria das condições de saúde.
O novo governo está consciente da dimensão do desafio que tem pela frente, sobretudo num momento em que as expectativas são muito altas quanto ao seu desempenho. Algumas medidas foram já lançadas, como a apresentação do programa “Make in India” (www.makeinindia.com), que prevê que o país passe a produzir diversos produtos que hoje tem ainda de importar. Também se começou já a trabalhar na simplificação legislativa, nomeadamente na área industrial e no que se refere à legislação laboral, por forma a atrair investimento estrangeiro e atacar o problema crónico do desemprego. Outro desafio será o da desburocratização, que hoje constitui um dos principais entraves à criação de empresas.
O governo está, assim, a cumprir a promessa de acelerar o ritmo das reformas e colocar o país na rota da modernidade.
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