
ÍNDIA
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
A Índia é, desde 2023, o país mais populoso do mundo. Com mais de 1,4 biliões de habitantes, uma população jovem, uma taxa de natalidade alta e uma queda significativa na mortalidade infantil, ultrapassou a China, que se debate actualmente com a estagnação do crescimento populacional e com um grave problema de envelhecimento.
A Índia partilha fronteiras terrestres com o Bangladesh, o Butão, a China, a Birmânia (Mianmar), o Nepal e o Paquistão. São pontos críticos de tensão, com disputas territoriais, conflitos armados e problemas de terrorismo.
No Sul da Ásia, a Índia é claramente a potência regional: a sua população, o seu produto interno bruto e as suas despesas militares são três vezes superiores às de todos os seus vizinhos em conjunto. O país destaca-se como uma das principais economias com o crescimento mais rápido do mundo, com um ambiente de negócios dinâmico, sustentado por um mercado interno substancial, avanços em tecnologia digital e reformas favoráveis ao investimento.
A Índia tem uma das maiores e mais qualificadas forças de trabalho do mundo, especialmente nas áreas da tecnologia, engenharia, finanças e serviços empresariais.
A sua posição geográfica estratégica proporciona fácil acesso aos principais portos marítimos e rotas comerciais internacionais, facilitando a exportação para os mercados da Ásia, Médio Oriente, Europa e África, tornando-a um importante polo logístico e industrial, ideal para as empresas que procuram expandir a sua presença no panorama global.
Em 2 de Junho de 1757, Robert Clive, comandando uma força militar da East India Company , derrotou em Plassey as forças do nababo de Bengala, Siraj Ud-Daulah, aliado dos franceses.
Clive passou então a governador de Bengala em nome da EIC; os ingleses estavam a seguir o modelo imperial dos holandeses, isto é, usar para a expansão ultramarina grandes companhias privadas que funcionavam como instrumentos militares e comerciais.
A East India Company tinha, desde 1600 o monopólio do comércio com as chamadas “Índias Orientais”. E a partir da vitória de Clive na batalha de Plassey, tornou-se hegemónica no subcontinente indiano, desdobrando-se em poderes políticos, militares e económicos. E gradualmente, em guerras sucessivas com as fragmentadas entidades locais, foi aumentando o seu domínio.
Domínio britânico 1858-1947
Mas em 1857 deu-se a famosa “revolta dos cipaios”, isto é, do pessoal militarizado local, muçulmanos e hindus ao serviço da companhia; revoltaram-se violentamente contra a East India Company, por motivos religiosos, ao saberem que havia gordura de porco e de vaca na lubrificação dos cartuchos das armas. Os ingleses submeteram os rebeldes com igual violência e brutalidade, mas a partir do ano seguinte, de 1858, a Coroa passou a administrar diretamente o British Raj, o Império das Índias, nesse tempo, englobando além da Índia todos os territórios que hoje formam o Paquistão e o Bangladesh. No território de Raj havia províncias directamente administradas por pelos ingleses e Estados independentes governados por soberanos locais, os rajás e marajás (hindus), os nababos (muçulmanos) que tinham uma relação de vassalagem com a Coroa britânica.
Na véspera da independência, em 1947, estas comunidades eram 565, mas a maior parte eram micro-Estados que não passavam dos 10 km2 de extensão. Só 21 tinham governos de alguma dimensão e havia quatro mais importantes – Hyderabad, Mysore, Baroda e Jammu-e-Cachemira. A partir de 1877 a rainha Vitória proclamou-se imperatriz das Índias.
O pai do nacionalismo indiano foi Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948), conhecido por Mahatma Gandhi. Gandhi nasceu no Raj, uma década depois do esmagamento da revolta dos cipaios, e em 1893, com pouco mais de 20 anos foi para a África do Sul, então também sob domínio inglês, onde viveu até 1915. Foi nessa Índia dominada pelos ingleses, na abertura da Universidade hindu de Banaras, em Fevereiro de 1916, que aquele que viria a ser a figura de proa do nacionalismo indiano falou dos escandalosos contrastes sociais no Raj, a diferença chocante entre a paupérrima maioria de agricultores e operários e a minoria dos privilegiados ricos e dos colonos.
Para Gandhi, os proprietários ingleses das grandes extensões, estavam a explorar os locais. As coisas tinham-se agravado durante a guerra de 1914-1918 introduzindo na colónia um “estado de excepção” que permitia a censura e a prisão sem julgamento. Na sequência deste protesto, Gandhi foi preso. E ao mesmo tempo dava-se um terrível massacre em Jallianwala Bagh, o massacre de Amritsar, em 1919, onde cerca de 400 indianos foram mortos pelas tropas inglesas. Nesta campanha anti-britânica e anti-colonial, Gandhi procurou o apoio do Movimento Khilafat, um agrupamento muçulmano de tipo pan-islâmico, também inimigo do colonialismo inglês.
O essencial do projecto revolucionário de Gandhi era a chamada “não cooperação” pacífica: recusando-se os indianos a participarem nas actividades normais dos colonos ingleses e a pagar impostos, iam sabotar o funcionamento das instituições coloniais. Por esta ordem de ideias, os estudantes não deviam ir às aulas das escolas e liceus públicos; os advogados não deviam frequentar os tribunais, os trabalhadores deviam fazer greves. Mas sempre pacificamente, a “não violência” era a sua bandeira.
As greves chegaram a partir de 1920, causando sérios prejuízos. E ao mesmo tempo, marchas simbólicas como a “marcha do sal” em 1930. Mas a repressão do governo veio também, e milhares de indianos, hindus e muçulmanos, foram presos. Gandhi também foi julgado e condenado em 1922.
Mas tornara o movimento pró-independência num movimento popular a que aderiram centenas de milhar de camponeses e trabalhadores. Ao contrário de outros dirigentes políticos nacionalistas que usavam fatos à europeia, ele passou a usar uma dotti ou tanga, indumentária que o popularizou.
A Índia independente
A independência da Índia foi proclamada oficialmente em 15 de Agosto de 1947. Dada a diferença religiosa e cultural entre as comunidades hindu e muçulmana houve uma partilha do Raj britânico entre o domínio do Paquistão, independente em 14 de Agosto; e a União Indiana, em 15 de Agosto.
Esta partilha deixou a maior parte da península indostânica para a União Indiana, com o Paquistão nos confins norte-ocidental e norte-oriental, respectivamente, parte das províncias de Bengala e do Punjab, este último o Paquistão Oriental, hoje Bangladesh.
No momento de partilha, depois de violentos confrontos (não há números certos de vítimas, mas foram muitas centenas de milhar) entre 12 a 15 milhões de hindus, muçulmanos e sikhs, deslocaram-se para ficarem nas suas comunidades. Os muçulmanos seriam cerca de 20% da população da Índia inglesa. Hoje serão 12% da Índia.
O líder destas comunidades na ocasião da independência era Jawahaslal Nehru, dirigente do Partido do Congresso, partido de Gandhi fundado em 1885, e o pioneiro do nacionalismo indiano; o Partido do Congresso Nacional manteve inicialmente uma linha moderada que, entretanto, se foi radicalizando. Nos anos 1920 e 1930 sob a liderança de Gandhi, intensificou a sua contestação ao domínio inglês. Com o estalar da guerra, tendo medo os ingleses de uma não colaboração das massas (e das tropas) indianas com a política de Londres – e a direcção do Partido do Congresso fazia pressão nesse sentido – Gandhi ficou na prisão até 1945.
Em 1947, no momento da independência, Nehru já era o homem forte do partido do Congresso. Depois foi o assassinato de Gandhi, por um extremista hindu, em Janeiro de 1948, por ser um “apaziguador” do conflito com os muçulmanos. Na verdade a história do país e da península indostânica vai ser marcada pelo passado pré-colonial – do domínio muçulmano e do hinduísmo – e não poucas vezes até ao presente por polémicas que dele querem extrair um “passado útil”.
Internamente, o Partido do Congresso governou, dominado pela família Nehru. Economicamente a opção foi por um regime misto de dirigismo do sector público e da economia de mercado.
Externamente, o Paquistão (também por causa de Caxemira) e a China foram os inimigos principais; embora a política oficial fosse o neutralismo terceiro-mundista, bem como alegado pacifismo “gandhiano”, que não impediu o Exército indiano de conquistar militarmente a “Índia Portuguesa”, Goa, Damão e Diu, no final de 1961. Internamente, o Congresso e a família Nehru, continuaram a dominar, com a filha de Nehru, Indira Gandhi, à frente da política do país nos anos 1960 e 1970. Em 1971, no curso da guerra indo-paquistanesa, formou-se o Bangladesh, o antigo Paquistão Oriental.
E em 1977, numas eleições gerais pós-estado de emergência o partido do Congresso foi vencido por uma coligação conhecida como Janata Party, uma coligação antiga. Mas em 1980, Gandhi e o Congresso voltaram ao poder.
Indira foi assassinada em 1984, e o governo passou para o seu filho mais velho, Rajiv Gandhi, que acabou também assassinado, num atentado à bomba, em 2 de Dezembro de 1989.
Em Maio de 2000, a população da Índia ultrapassou os mil milhões de habitantes. Era nessa altura primeiro-Ministro Atal Bihari Vajpayee do partido Bharatiya Janata (BJP). Poeta e membro do parlamento há meio século, Vajpayee governou de Março de 1998 até Maio de 2004, quando o Partido do Congresso ganhou de novo as eleições, ficando Manmohan Singh, como primeiro-ministro até Maio de 2014, quando o BJP voltou ao poder, com Narendra Modi, que desde aí foi reeleito por três vezes.
Modi combinou o nacionalismo e o realismo em política exterior, e de certo modo revolucionou a política interna da Índia. É um nacionalista realista que, economicamente, defende uma política pró-mercado livre, que lhe assegurou uma maioria absoluta no Parlamento. À semelhança do que aconteceu noutros pontos do globo, o seu sucesso vem também do protesto do eleitorado contra os seus predecessores, a coligação liderada pelo partido do Congresso. O BJP claramente alinhou com a maioria hindu do seu país, numa linha ideológica de nacionalismo político, economia liberal e apelo aos valores identitários. Ao mesmo tempo, mostrou uma grande capacidade para expandir o BJP, um partido tradicionalmente urbano, entre as classes pobres das zonas rurais. Isto teve o condão de arrastar o líder do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, a concentrar esforços na maioria hindu.
Na política externa, Modi tem-se mostrado um diplomata muito activo na cena internacional; é um realista pragmático com os “inimigos” tradicionais – a China e o Paquistão – encontrando-se várias vezes com Xi Jinping. Aliás, estão ambos juntos nos BRICS. Ao mesmo tempo não descurou a relação política com Washington, nomeadamente com Trump. Com a Rússia de Putin, seguindo a linha política dos BRICS de não alinhar nas sanções à Rússia a Índia de Modi é uma cliente do petróleo russo.
Deste modo podemos dizer que a Índia de Modi, hoje o Estado mais populoso do mundo, segue uma política de não alinhamento pró-activo, bem de acordo com as políticas do conjunto das grandes potências mundiais. Economicamente também, as reeleições premiaram esse sucesso por exemplo no aumento da renda per capita, entre 2014 e 2022, de 5000 para 7000 dólares americanos, um aumento de 40%, conseguindo, por exemplo em 2024, ultrapassar o crescimento da economia do seu rival China; também a partir de Março de 2023, a Índia passou a ser o país mais populoso do mundo, ultrapassando a China.
Comemora-se neste ano de 2025 o 50.º aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a Índia e Portugal. No âmbito dessa comemoração, tem havido um reforço da cooperação entre os dois países, especialmente nos domínios do comércio e do investimento, da ciência e da tecnologia, da educação e da cultura. Há, dos dois lados, vontade e manifesto interesse em alargar as relações a novas áreas, como tecnologias de informação, sector digital, energias renováveis, empresas emergentes (start-ups) e inovação, bem como a mobilidade de profissionais e trabalhadores qualificados.
Tem havido um crescimento significativo das trocas comerciais. O comércio entre os dois países aumentou, atingindo, no ano transacto, um valor de 1,25 mil milhões de euros, apesar das perturbações e desafios que se fazem sentir a nível global.
Entre os parceiros comerciais de Portugal, a Índia ocupa a 32ª posição a nível das exportações e a 23ª a nível das importações.
A Índia apresenta um vasto leque de oportunidades comerciais para investidores estrangeiros. Com a liberalização económica, a transformação digital em curso e várias iniciativas governamentais, o país afirma-se cada vez mais como um destino estratégico para a expansão internacional.
A dimensão do mercado indiano constitui um desafio com potencial, mas também com riscos: por um lado, representa uma fonte de oportunidades consideráveis; por outro, caracteriza-se por uma complexa teia de disparidades regionais, culturais e jurídicas, que podem dificultar bastante as operações aos empresários estrangeiros: os diversos Estados da Índia podem revelar-se tão distintos entre si como diferentes países. As políticas públicas, os idiomas, as práticas empresariais e as especificidades culturais variam consideravelmente de uns para os outros. A fragmentação linguística e cultural dificulta assim a adopção de soluções padrão; pelo contrário, exige estratégias diferentes e um planeamento rigoroso para cada realidade regional.
Mas desde o comércio a retalho aos cuidados de saúde, às áreas da tecnologia financeira (fintech) e ao comércio electrónico, as empresas portuguesas que procuram internacionalizar-se em mercados emergentes têm na Índia, para os seus negócios, um volume e uma diversidade demográfica incomparáveis.
Nome oficial: República da Índia
Área: 3.287.263 km²
Capital: Nova Deli
Idiomas Oficiais: Hindi, Inglês
População: 1,466 biliões (worldometer 2025)
Religiões: Hinduísmo:79,8%; islamismo: 14,2%; cristianismo: 2,3%; sikh: 1,7%
Governo: República Federal Parlamentarista
Moeda: Rupia Indiana
Index of Economic Freedom Heritage: Score:53.0; Ranking:128ª (Heritage2025 Index)
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»
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