
Colômbia
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
De 23 a 27 de setembro, a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa realiza uma Missão Empresarial à Colômbia.
A República da Colômbia tem uma localização estratégica na América Latina. Situada entre o Caribe e o Pacífico, uma posição privilegiada no que diz respeito às ligações comerciais internacionais, abriga uma das áreas com maior tráfego marítimo do mundo e dispõe de uma grande variedade de recursos hídricos. As extensas costas do país e as inúmeras ilhas e arquipélagos serviram durante séculos de corredor marítimo para o intercâmbio de mercadorias e têm vindo a ser um importante destino turístico.
De acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional para o PIB dos países em 2023, a Colômbia está em 4º lugar no ranking das maiores economias da América Latina, depois do Brasil, do México e da Argentina. É um dos 5 maiores produtores mundiais de café, abacate e óleo de palma, e um dos 10 maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar, banana, abacaxi e cacau. Tem inúmeros acordos de comércio livre e recebe importações tanto da China como dos Estados Unidos; porém, as exportações têm vindo a diminuir nos últimos anos.
Assim, a infraestrutura portuária colombiana precisa cada vez mais de adotar políticas que promovam, não só o desenvolvimento dos portos do país, mas também o aumento consistente da exportação. A chegada de empresários chineses e franceses com grandes investimentos nos portos do Caribe em busca de maior proximidade dos seus produtos com o mercado norte-americano gerou uma crescente competição em matéria portuária, com efeitos nos preços da região.
Entre os principais produtos exportados estão o petróleo, o café, a cana-de-açúcar, o ouro, as esmeraldas – de que a Colômbia é o primeiro produtor mundial –, os produtos químicos, os têxteis e o couro.
Porém, é impossível ignorar que a exportação mais significativa da Colômbia é ilegal e está ligada ao narcotráfico. O país é o primeiro produtor de marijuana do continente e o principal processador de folhas de coca provenientes do Peru, do Equador e da Bolívia. A estimativa feita pela Bloomberg Economics projeta que o negócio ilícito tenha sido responsável por 5,3% do PIB do país em 2023. Mas apesar das somas que movimenta, o tráfico de droga e de armas foi sempre um fator prejudicial para o desenvolvimento da indústria na região, apresentando problemas, não só de segurança, mas também de migração, com os cartéis ligados ao tráfico e à instrumentalização de migrantes.
O turismo, um dos setores económicos que mais recursos movimenta no mundo, é uma parte relevante da economia da Colômbia, especialmente na região litoral. A Colômbia é um dos países com maior crescimento percentual nos últimos anos na área do turismo e um dos mais importantes da região do Caribe.
Impulsionada por fatores como a diversificação da economia, o aumento do consumo interno e a abertura comercial, a Colômbia tem apresentado um crescimento económico consistente. Além disso, o país tem uma inflação controlada e um ambiente macroeconómico estável, o que contribui para a fidelização de investimento estrangeiro.
A História da Colômbia moderna começa com os conquistadores espanhóis nos princípios do século XVI. Em 1538 Gonzalo Jimenez de Quezada funda Santa Fé de Bogotá e cerca de dois séculos depois Madrid estabelece ali o vice-reinado de Nueva Granada, criado em 1717 pelo rei Filipe V de Borbón. Em 1810 rebenta a revolta independentista, chefiada por Simón Bolívar que, depois de doze anos de luta, em 25 de maio de 1822, obtém a capitulação das últimas autoridades espanholas.
O vice-reinado de Nueva Granada, com capital em Santa Fé de Bogotá, era muito maior que a Colômbia atual, estendendo-se aos territórios que são hoje a Venezuela, o Equador e o Panamá e que formavam então a Grande Colômbia. Nos anos imediatos à independência e depois da morte de Bolívar houve conflitos entre os centralistas – conservadores defensores da unidade Estado-Igreja Católica – e os federalistas, liberais e secularizantes. Estas facções viriam a integrar os partidos que iriam moldar a história política da Colômbia: o Partido Conservador e o Partido Liberal, que funcionariam num rotativismo em permanente oscilação entre competição eleitoral e violência e guerra civil.
A abrir o século XX, entre 1899 e 1902, dá-se a chamada guerra dos Mil Dias. A guerra acaba em 21 de novembro de 1902 com o “Tratado do Wisconsin”, assim chamado por ter sido assinado a bordo do couraçado norte-americano Wisconsin.
No ano seguinte, em 1903, a influência dos Estados Unidos estimula o secessionismo do Panamá, que se torna independente, pondo fim à Grande Colômbia. Nos anos seguintes, também graças à afluência económica trazida pelo café, o país conhece um relativo período de tranquilidade e paz, com alguma trégua entre conservadores e liberais, geralmente sob o governo dos primeiros. Mas, em 1946, inicia-se um período de grande conflito interno que, muito justamente, vai ficar conhecido como “La Violencia” e que, para alguns historiadores, se irá prolongar por quase vinte anos.
A Colômbia já tinha passado, no século XIX, por revoluções e guerras civis e, no início do século XX, pela Guerra dos Mil Dias. Depois, até aos anos 1930, sob o governo dos conservadores, houve um tempo de paz civil e de desenvolvimento económico, com a exportação de café e o princípio da industrialização.
Se bem que o conflito e o recurso à violência armada nunca tenham estado ausentes da vida colombiana, não restam dúvidas de que a partir de 1946, ou mais exactamente a partir de 1948 e do assassinato do dirigente liberal Jorge Gaitán, a conflitualidade e a violência subiram de intensidade. Embora o clima já estivesse preparado para tal, foi a morte de Gaitán – antigo alcaide de Bogotá e ministro da Educação e do Trabalho com fama de grande tribuno político depois do famoso massacre de “Las Bananeras” – que desencadeou “La Violencia”. À morte de Gaitán sucedeu o linchamento popular dos suspeitos do crime e uma série de atos de violência na capital – o chamado “Bogotazo” – com mais de mil mortos.
E foi a guerra civil entre liberais e conservadores, uma guerra que durou quase vinte anos e que terá feito entre 200 mil e 300 mil mortos. Tempos vindouros de acirrada violência política tiveram origem neste período e o assassinato de Gaitán em Bogotá, num dia em que o Secretário de Estado americano, George Marshall, ali estava também, foi o inequívoco rastilho de uma violência que não mais parou.
A “Violência” foi um fenómeno com raízes e manifestações políticas, sociais e económicas que atingiu as cidades e o campo colombianos. Em Bogotá, no “Bogotazo”, os incêndios foram muitos e parte da capital ardeu. E houve até tiroteio entre deputados liberais e conservadores no Parlamento.
O conflito alastrou-se, variando em intensidade de região para região. Em 1953 o general Gustavo Rojas Pinilla tomou o poder em nome das Forças Armadas; na ocasião, o jornal conservador El Siglo chamou-lhe “El Segundo Libertador”. O golpe militar vinha na vaga autoritária e ditatorial anticomunista na região – com Perez Jimenez na Venezuela, Trujillo na República Dominicana, Somoza na Nicarágua, Baptista em Cuba e Stroessner no Paraguai.
Em 1957 Rojas abandonou o poder, exilando-se na Espanha de Franco; e em 1958 o conflito terminou com um acordo entre conservadores e liberais, com os liberais assustados com as consequências sociais da guerra.
Mas ao mesmo tempo que terminava “La Violencia” começava um conflito armado interno entre guerrilhas esquerdistas e o governo apoiado por grupos paramilitares. O mais grave é que nessa luta, e também para se financiarem, os beligerantes associaram-se a atividades criminosas, como a produção e tráfico de droga e o sequestro de notáveis ou seus familiares.
Nos anos 1960, o aumento do consumo de drogas como a cocaína nos Estados Unidos e na Europa levou à intensificação da produção e da distribuição de droga na Colômbia – e ao enriquecimento rápido de traficantes que se tornaram famosos, como Pablo Escobar. Pablo Emílio Escobar Gaviria (1949-1993), natural de Medellín, fundou o cartel de Medellín, um cartel com vocação monopolista, associando-se a outros chefes criminosos e desafiando o Estado, ou melhor, os Estados – colombiano e norte-americano. Em 1984, mandou assassinar o Ministro da Justiça, Rodrigo Lara Bonilla; e em 1986 Guillermo Cano, Diretor do El Espectador que empreendera uma guerra na imprensa contra o chefe narco. Na morte de Escobar estiveram envolvidos, não só elementos da Polícia e da Segurança colombianas e os “Pepes” (Perseguidos por Pablo Escobar), mas também rivais do cartel de Cali. A guerra contra a droga tornara-se um assunto de Estado e a questão chave da política colombiana.
Entretanto, a violência político-militar prosseguia. Grupos armados como as FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo) e o ELN (Exército de Libertação Nacional) continuaram a luta. Estas organizações armadas, de ideologia marxista radical, mantiveram uma guerrilha no terreno, combatida por sucessivos governos colombianos também através da negociação. Um dos governos que tentou a via negocial foi o de Juan Manuel Santos. Santos, eleito sob a sigla de um novo Partido, o Partido de Unidade Nacional, teve quase 70% dos votos em 2010 e foi reconduzido em 2014. Foi o homem dos acordos com as FARC-EP pelo que foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz. Em 26 de setembro de 2016, ao cabo de quatro anos de negociações, o presidente assinou com o Exército Popular um acordo em Havana, Cuba.
Celebrando o acordo, o semanário inglês The Economist, na sua edição de 24 de dezembro de 2016, nomeou a Colômbia “país do ano”. Só que o acordo foi sujeito a referendo nacional e os defensores do “Não” contaram com dois ex-presidentes, Andrés Pastrana e Manuel Uribe. E o “Não” acabou por vencer por uma pequena margem de 53 mil votos.
No entanto, a seguir aos acordos, 7000 guerrilheiros das FARC-EP entregaram as armas e a própria guerrilha renunciou à violência, transformando-se em partido político. Este abrandamento do conflito permitiu a continuação de um esforço de construção de infraestruturas que já começara a sentir-se durante a presidência de Álvaro Uribe, entre 2002 e 2010.
O sucessor de Santos, Ivan Duque, eleito em 2018 por uma coligação de Centro-Direita, enfrentou movimentos sociais grevistas, bem como recontros esporádicos, mas significativos, com os elementos intransigentes da guerrilha do Exército de Libertação Nacional.
O seu sucessor, Gustavo Petro, tem uma biografia diferente dos seus antecessores próximos, todos eles vindos da boa sociedade colombiana. Petro foi, na juventude, membro do movimento de guerrilha M-19. Foi capturado, condenado e ficou preso por mais de dois anos. Libertado, entrou na carreira político-partidária como deputado e senador, defendendo causas da Esquerda, especialmente na denúncia dos grupos armados paramilitares e suas ligações aos poderes conservadores. Estes, por sua vez, acusaram Petro de ser o representante na Colômbia da linha “Castro-chavista”.
Mas em 2022, Petro foi eleito presidente, representando uma coligação de forças de Esquerda – Colômbia Humana, União Patriótica e Partido Comunista Colombiano, unidas na coligação Pacto Histórico. Ganhou a eleição em 19 de junho contra o candidato conservador, Rodolfo Suarez, por uma escassa margem de 700 mil votos. A sua eleição causou algum descontentamento entre as altas patentes militares. Já presidente, Petro negociou o apoio do Partido Liberal nas duas câmaras, depois de ter prometido moderar o seu programa e não proceder a expropriações e nacionalizações.
Os números disponíveis relativos ao comércio de mercadorias entre Portugal e a Colômbia de 2018 a 2022 mostram um decréscimo em valores absolutos e relativos do peso das transações entre os dois países. Assim, se em 2018 tínhamos importado da Colômbia cerca de 162 milhões de euros e exportado 51,5 milhões, em 2022 as importações valiam 44 milhões e as exportações 65,5 milhões. E se passávamos de um saldo negativo de 110 milhões para um saldo positivo de 21 milhões, o peso relativo do comércio caía dez vezes nas importações (de 0,4%, para 0,04%), mantendo-se mais ou menos estável nas exportações (de 0,09% para 0,08%). Em 2022 a Colômbia ocupava o 72º lugar como país cliente de produtos nacionais e 62º como país fornecedores.
Quanto aos produtos transacionados, as principais exportações inscreviam-se na categoria “Fornecimentos e Indústria”, sendo as agrícolas e agroalimentares sobretudo o azeite, o vinho e a fruta fresca. As bananas, o café e as frutas preparadas eram as importações mais relevantes da Colômbia para Portugal.
A Colômbia destaca-se como um dos mercados mais promissores da América Latina, oferecendo um cenário favorável para empresas que procuram expandir e diversificar as suas operações. Com uma economia em crescimento, um ambiente de negócios mais recetivo e uma classe média que hoje representa cerca de 40% da população e cujo poder de compra e a procura de produtos e serviços de qualidade têm vindo a aumentar, o país apresenta-se como um destino estratégico para investimentos e negócios.
Além disso, a Colômbia tem uma rede de acordos comerciais que facilitam o acesso a mercados internacionais, como a Aliança do Pacífico e o Acordo Comercial com a União Europeia (Acordo Comercial EU-Colômbia-Peru-Equador), que apresenta como “vantagens esperadas” mercados abertos de bens, serviços, contratos públicos e investimento, procedimentos simplificados e alívio de direitos de importação.
O aumento do consumo interno tem impulsionado setores da economia como o retalho, a alimentação, a saúde, a educação e os serviços financeiros.
Uma das grandes oportunidades, acelerada pela pandemia, é o comércio eletrónico ou e-commerce. As empresas consultadas indicam que a conquista de novos clientes por canais digitais tem aumentado exponencialmente.
A Colômbia pode também ser um mercado interessante para as energias renováveis, infraestruturas de transporte, produtos agroalimentares diferenciadores a preços competitivos e ainda para o setor da mobilidade, quer no transporte individual, bicicletas e respetivos acessórios, quer noutros meios de transportes movidos a energias limpas.
O empenho conjunto para “apoiar a transição energética, não apenas com as energias renováveis, mas também no que respeita ao hidrogénio verde e outras moléculas verdes”, bem como a abertura da Colômbia ao “investimento português nas áreas do turismo e do agroalimentar” foram as oportunidades destacadas em maio do ano passado pelo então primeiro-ministro António Costa quando recebeu o presidente da Colômbia Gustavo Petro.
Localização geográfica: região norte da América do Sul entre o Panamá (Noroeste), o Equador e o Peru (Sul), o Brasil (Sudeste) e a Venezuela (Este-Nordeste) e com costa para o Mar das Caraíbas (Norte) e o Pacífico (Oeste)
Capital: Bogotá
Território: 1.038. 700 Km2 (área terrestre)
População: 52 849 652 (countrymeters.info Junho 2024)
Língua: Castelhano (oficial)
Moeda: Peso Colombiano
Religião: Católica Romana 63,6%, Protestante 17,2%, nenhuma 14,2%,
Ranking Doing Business: 59ª em 190 (Wall Street Journal report 2023)
Index of Economic Freedom-Heritage: 59.2 (- 3.9 pontos) 19ª em 32 países do continente americano (Heritage Foundation 2004)
PIB taxa de crescimento real: 3.506 % (CEIC Data 2024).
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

