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México, a 2ª região mais competitiva na América Latina !

Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.

 

 

Desde há muito considerado plataforma por excelência de ligação entre os mercados da América do Norte e da América do Sul – tanto mais, dada a integração do país no NAFTA - North America Free Trade Association (juntamente com os EUA e o Canadá) e na ALADI - Asociación Latinoamericana de Integration (o maior bloco de integração latino-americano) –, o México vem merecendo atenção crescente por parte de investidores internacionais, tendo sido, em 2020, o 10º maior recetor de fluxos de IDE em todo o mundo e líder incontestável na América Latina (UNCTAD).

Com um PIB calculado em USD 1.285,5 mil milhões (2021, FMI), o México permanece, à semelhança de anos anteriores, a 15ª maior economia mundial (2ª na região, onde é apenas ultrapassado pelo Brasil), integrando o clube restrito de países com um PIB na casa dos triliões de USD. Mais ainda, estamos perante o 12º maior player comercial do mundo – 11º maior exportador (USD 418,1 milhões) e 13º fornecedor (USD 383,3 milhões) em 2020 – e o mais importante em toda a América Latina (ITC), região onde surge também como a 2ª economia mais competitiva, apenas ultrapassada pelo Chile (GCI).

Para este posicionamento económico e comercial, muito tem contribuído a riqueza natural do país. O México é rico em matérias-primas e detentor de vastos recursos, como o gás natural e o petróleo – setor-chave para a economia mexicana, a sua produção representa cerca de um terço da receita do governo –, recursos hídricos, sendo também um dos mais importantes produtores mundiais de minerais como a prata, a fluorita (usada na siderurgia, na indústria química e dos vidros), o zinco e o mercúrio.

O país tem-se afirmado como potencial industrial e sede para muitas empresas lideres a nivel mundial, integrando na sua economia setores altamente competitivos e com uma forte componente exportadora, como é o caso dos setores automóvel, elétrico e eletrónico, metalomecânico, dos hidrocarbonetos, mobiliário, alimentar e das telecomunicações.

Longe de tempos passado, o México faz hoje parte das maiores e mais abertas economias do mundo, com apenas alguns setores considerados estratégicos ainda fechados às empresas e ao investimento privado externo.

Fora dos limites da região americana, o México tem acordos de livre comércio com mais de 50 parceiros ao longo de três continentes, numa rede que envolve mais de um bilião de consumidores. Para as empresas europeias, o acesso ao mercado mexicano ficará ainda mais facilitado assim que entrar em vigor a nova versão do acordo assinado entre as partes em 1997, em processo de revisão desde 2018 e concluído em abril do ano passado. No acordo agora modernizado, praticamente todos os produtos serão transacionados livres de tarifas aduaneiras, será dada maior proteção aos investimentos, simplificam-se procedimentos, entre muitas outras melhorias contempladas. O Acordo UE-México está a ser submetido aos procedimentos internos necessários de ambas as partes, para que possa ser finalmente assinado e concluído.

Embora haja ainda um longo caminho a percorrer, a melhoria paulatina do ambiente de negócios tem sido outras das apostas do país. De destacar a recentemente criada plataforma digital Invest in Mexico, através da qual o governo pretende facilitar o acesso a um vasto conjunto de informação – estatísticas, assessoria especializada, ligação às instituições responsáveis pelos procedimentos necessários ao investimento – destinada a potenciais investidores.

Ainda que sem taxas de crescimento especialmente elevadas, a estabilidade macroeconómica tem marcado a evolução mais recente do país, o que, aliado a uma capacidade de controlo da inflação e à redução das taxas de juro, tem também ajudado à atração de investidores e ao desenvolvimento de um setor privado em clara ascensão.

A economia mexicana está a recuperar da sua mais grave recessão em décadas, impulsionada pelo crescimento do gigante norte-americano, e pela reabertura de setores paralisados em contexto de pandemia. Depois de uma forte quebra de -8,3% em 2020, o país deverá ter encerrado o último ano com um crescimento de 6,2%, esperando-se uma subida do PIB em 4% em 2022, e uma estabilização em torno dos 2% durante os próximos 4 anos, em linha com a recuperação económica mundial pós-pandemia, especialmente dos EUA, país do qual o México ainda está muito dependente em termos económicos e comerciais.

 

 

Chegado ao poder em finais de 2018, o atual presidente, Andrés López Obrador, trouxe consigo uma agenda de mudança e rutura com o seu antecessor que teve expressão no quadro económico, causando alguma apreensão nos mercados e entre os investidores. A estabilidade de políticas é um fator-chave na avaliação do risco-país, influenciando sobremaneira os níveis de confiança e as perspetivas de investimento por parte dos agentes internacionais, e o México preparava-se para fazer uma viragem política que teria (e teve) repercussões no seu ambiente de negócios: contratos cancelados, projetos de infraestruturas (já em fase de execução) interrompidos, suspensas joint-ventures, e muitas outras reformas foram revertidas.

As dificuldades trazidas pelo ano de 2020, particularmente exigente para o México, não ajudaram ao clima de incerteza. O país foi duramente afetado pela pandemia, em termos humanos, sociais e económicos, com muitos dos seus impactos ainda a fazerem sentir-se. O desemprego subiu, o rendimento disponível das famílias baixou, a criminalidade aumentou etc.

Da parte do governo, as prioridades dos gastos incidiram em programas sociais e de apoio que, embora necessários, tiveram forte impacto económico. Entre algumas das medidas implementadas incluem-se o aumento dos gastos com a saúde, a antecipação do pagamento de pensões em 8 meses, a aceleração dos processos de aquisição e reembolsos do IVA, empréstimos a empresas e trabalhadores com taxas mais reduzidas etc. Em cima da mesa estava um plano de recuperação económica em resposta à crise do qual fazia parte um forte pacote de estímulos no valor de USD 26 mil milhões.

A economia respondeu, é certo, e o crescimento, ainda que mais moderado, deverá continuar ao longo deste ano. Mas são várias os organismos internacionais especializados (entre eles o FMI, na sua última consulta ao país em nov. 2021) que alertam para a necessidade de monitorar de perto os desenvolvimentos macroeconómicos do país, pelos riscos inerentes e dúvidas quanto à sustentabilidade de muitas das medidas implementadas.

Uma das economias mais competitivas da América Latina, o México tem feito progressos neste domínio, principalmente em matéria de instituições, mercado e trabalho e TICs.

Mas as vulnerabilidades são ainda muitas e podem ter repercussões graves no médio e longo prazo. O grau de instrução da população mexicana é ainda considerado baixo e o currículo escolar desadequado às necessidades e tendências de evolução do mercado. As mudanças ao plano escolar trazidas pela pandemia vieram aumentar os riscos deste problema.

Os ganhos que vêm sendo conquistados ao nível das instituições têm-se concentrado na melhoria da eficiência administrativa do setor público, enquanto a segurança e a transparência/corrupção são ainda um problema a resolver.

O setor informal continua a empregar parte substancial (cerca de 60%) da população ativa e os fluxos de imigrantes, sem forma de sustento, oriundos da América Central e do Sul que tentam usar o país como porta de acesso aos EUA, continuam a aumentar, colocando grandes desafios sociais e económicos ao país. De acordo com a ACNUR (agência especializada da ONU), em 2014, 2,1 mil pessoas solicitaram o estatuto de refugiado no México. Cinco anos depois, em 2019, esse número havia aumentado para mais de 70 mil. Fruto das restrições à circulação de pessoas impostas pelo combate à pandemia, este número baixou em 2020. Mas voltou a subir ao longo de 2021 e não se espera que baixe tendo em conta a evolução socioeconómica dos países de origem destes migrantes. A par de problemas estruturais endémicos, a questão dos imigrantes vem fazer aumentar o risco de alguma instabilidade social no futuro.

Entre outros importantes desafios que ainda precisam de ser enfrentados incluem-se a alta dependência da economia mexicana face aos EUA - e, consequentemente, a sua vulnerabilidade a choques externos com origem a norte -, altas taxas de criminalidade e níveis de pobreza ainda elevados, não obstante o crescimento da classe média.
Mas os riscos não devem ser impedimento de uma análise às oportunidades que este mercado apresenta.


Oportunidades

Com cerca de 130 milhões de consumidores, o méxico é o 2º maior mercado da América Latina, caracterizado por uma classe média jovem e em crescimento, e que tem vindo a transformar a sua economia, diversificando-a, abrindo-a à iniciativa e investimento privado, com oportunidades que resultam destes objetivos estratégicos.

Entre as áreas mais promissoras destacam-se a construção de infraestruturas, principalmente no quadro da diminuição das assimetrias regionais (melhoria de estradas, construção de novas vias de comunicação, ligações ferroviárias, infraestruturas elétricas e de telecomunicações) e o setor das tecnologias, com especial atenção para a área da saúde e da educação-ensino, onde as necessidades são grandes, e para a área da segurança informática.

A energia é outro dos setores onde as oportunidades se avizinham, tanto na vertente da produção – e aqui deverá ser dada prioridade às energias renováveis ao nível do projeto, instalação, exploração e manutenção - como na de conservação e poupança energética, onde o país procura ainda muitas soluções. É necessário alavancar a grande e diversificada base de recursos renováveis do México por forma a promover um setor de energia mais barato, mais sustentável e competitivo. São várias as empresas portuguesas que dão cartas nestas áreas.

O desenvolvimento do setor da saúde poderá também traduzir-se em oportunidades, especialmente tratando-se da construção de infraestruturas, venda de equipamentos e dispositivos médicos, serviços de formação e ainda no setor farmacêutico. O mesmo se passa quanto ao abastecimento de água potável, saneamento básico e, de um modo geral, em todo o setor do ambiente, onde se multiplicam as necessidades em matéria de tratamento de resíduos urbanos, contaminação de solos, poluição etc.

Áreas ligadas à economia do mar, o agroalimentar, a indústria automóvel (moldes e componentes), o setor aeronáutico/aeroespacial, o setor eletrónico, a fileira da casa e moda, são outras áreas a considerar tendo em conta as caraterísticas da oferta portuguesa.

 

 

Depois do Brasil, o México é o maior parceiro comercial de Portugal na América Latina.

Foram quase € 327 milhões, o valor atingido em trocas com o país ao longo dos primeiros dez meses de 2021. Uma subida de 26% face a igual período de 2020, em grande parte assente na recuperação das exportações que, tendo somado € 271,6 milhões, aumentaram 31,7% face ao ano anterior (jan-out). Um ano fortemente marcado pelo contexto pandémico que se viveu e que se traduziu numa quebra generalizada das trocas, à qual o México não foi exceção: -35,8% em importações e -22% em exportações (jan-dez 2020).

À semelhança das exportações, as importações também evidenciaram uma recuperação em 2021, embora bastante menos expressiva (4,4%), tendo ultrapassado os € 55,3 milhões.
Mas talvez mais interessante do que avaliar as trocas com o México face a 2020, será fazê-lo por comparação com o período pré-pandemia, por forma a melhor avaliarmos o caminho que vem sendo seguido no quadro do relacionamento comercial de Portugal com o país, e possíveis tendências de evolução. E aqui, nem todos os números são encorajadores.

Desde logo, a recuperação registada em 2021 permanece aquém dos valores de comércio de 2019 (jan-out). Entre importações e exportações, são €24,9 milhões a menos, o que representa uma descida de -7,1%. No entanto, este diferencial é na sua maior parte explicado pela performance das importações (-29,8%), já que as exportações registam uma quebra de apenas -0,5%. Por outras palavras, as vendas portuguesas ao México em 2021 (jan-out), ainda que abaixo, estão já muito próximas dos valores do período homólogo de 2019. Ainda assim, muito longe de valores de anos anteriores.

Os dados revelam que, de 2010 para 2019 as exportações desceram -20,8%, passando dos € 406,1 milhões para € 321,7 milhões. A quebra é mais significativa do lado das importações que, no mesmo período considerado, diminuíram -48%, passando dos € 176,3 milhões para € 91,7 milhões. Significa isto, uma quebra no valor do comércio bilateral na ordem dos -29%.

É certo, que as exportações têm sempre ultrapassado as importações, daqui resultando um saldo comercial tradicionalmente positivo para Portugal. Este facto, aliado a uma descida bastante mais acentuada das importações do que das exportações de 2010 para 2019, poderá ser encorajador, mas não deverá enviesar a análise. Mesmo considerando períodos de maior ânimo das exportações, como foram os anos de 2016 a 2018 em que estas subiram a uma média anual de 17,4%, no total do período (2010-2019) a taxa média de crescimento foi de 1,1%, contra 9,4% do lado das importações.

O aumento do número de empresas a exportar para o país deverá ser sublinhado: em 2019, foram mais 424 do que em 2010, ou seja, um crescimento de 97%, registando-se um total de 861 empresas exportadoras. Ainda assim, ele parece não ser suficiente para inverter a tendência geral de declínio das exportações com destino ao país e, consequentemente, a sua perda de relevância entre os nossos clientes. Dados relativos a 2021 (jan-out), colocam o México no 28º lugar neste ranking; muito longe do 11º lugar que ocupava no início da década. A situação não é muito diferente do lado dos fornecedores, onde o país desceu 26 posições, encontrando-se atualmente no 58º lugar. O quadro geral é, por isso, de afastamento.

A crise de 2020 não ajudou a esta evolução. Por outro lado, para muitas empresas e mercados, o futuro permanece envolto em grande incerteza. Porém, num quadro de ajustamentos e redefinição nas operações das empresas internacionalizadas e/ou exportadoras, o México deverá permanecer - dando continuidade ao que apurámos em 2019, quando, respondendo ao nosso Insight – um olhar sobre a internacionalização das PME desse ano, o México surgiu frequentemente no radar de muitas das empresas inquiridas como potencial mercado exportador – uma alternativa atrativa, com potencial a explorar pelas nossas empresas.

Que o digam as empresas exportadoras de máquinas e aparelhos, que tradicionalmente vêm dominando as vendas ao país. Também assim aconteceu entre jan-out de 2021, com este grupo de produtos a ocupar o 1º lugar entre os mais exportados, com uma quota de 21,8%. Seguiram-se os plásticos e borrachas (16,5%), os produtos químicos (12,8%), a madeira e cortiça (11,6%), e as pastas de madeira, celulósicas e papel ou cartão para reciclar (10,9%).

Ainda que fora dos lugares cimeiros, serão de destacar as exportações de produtos hortícolas, plantas, tubérculos e produtos de floricultura, que apresentaram valores de crescimento superiores a 1000% face a igual período de 2020 e de 2019. Na mesma linha foram as exportações de tecidos de malha, que registaram um aumento de 360% face a igual período de 2020 e de 368% face a 2019. No grupo dos metais comuns, as exportações de ferro fundido, ferro e aço, que subiram 127% e 279% para os mesmos períodos considerados, e outros como as gorduras e óleos animais ou vegetais (100% e 188%), os produtos alimentares e bebidas, o calçado, chapéus e artefactos de uso semelhante, ou até mesmo os cereais, sementes e outros produtos de moagem. Nichos que revelaram especial potencial exportador, que deverá ser aproveitado pelas empresas que operam no setor.

 

 

Localização geográfica: América do Norte, entre os EUA (norte) e a América Central - Guatemala e o Belize - a sul. Banhado pelo Golfo do México e Mar das Caraíbas (a Este), o Golfo da Califórnia e o Oceano Pacífico (a Oeste).
Capital: Cidade do México
Território: 1.943.945 Km2 (área terrestre)
População: 130,207 milhões (CIA WFB, est. Jul 2021)
Língua: Castelhano (+ 90%) e alguns dialetos locais
Moeda: Peso mexicano (MXN)
Ranking Doing Business Report 2020: 60/190 (- 6 posições)
Global Competitiveness Index 2019: 48/141 (- 2 posições)
Index of Economic Freedom – Heritage 2021: 65/178 (-0,5 pontos)
PIB, taxa crescimento real: 4% (est. 2022, FMI)

 

A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:

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