Apesar dos sucessos económicos registados, o mercado russo, quer enquanto mercado de destino de exportação, quer de investimento, continua a apresentar riscos e vulnerabilidades.
Numa perspectiva macro, o risco político inerente sobressai como um dos mais importantes a considerar. Os imperativos geopolíticos de Moscovo ditam opções de política externa que, por mais de uma vez, já levaram o país a envolver-se em cenários de conflito, ou outros que envolvam questões securitárias e de respeito vs infracção do direito internacional, com reflexos nas relações comerciais do país e no seu ambiente de negócios. Um exemplo muito claro é o actual quadro de sanções impostas pela União Europeia desde 2014 – como resposta à actuação russa na península da Crimeia e na Ucrânia – no seguimento das quais Moscovo proibiu a importação de produtos agrícolas, alimentares e matérias-primas provenientes da UE. Com algumas excepções em cada grupo de produtos, a lista de artigos interditos inclui o leite e seus derivados, legumes, raízes e tubérculos comestíveis, peixes, crustáceos e moluscos e carnes bovina e suína. A interrupção destes fluxos e das cadeias de abastecimento contribuem indubitavelmente para um clima de incerteza e de risco nos negócios internacionais. 
O mercado russo é também um mercado vulnerável pelo grau de exposição da economia ao sector energético. O país ainda se encontra excessivamente dependente das exportações energéticas e, como tal, é altamente vulnerável a flutuações dos preços das commodities nos mercados internacionais, particularmente do petróleo e do gás. Enquanto assim for as perspectivas de crescimento económico serão sempre condicionadas a este factor de risco.
No plano mais micro, destaca-se o obsoletismo de muitas infra-estruturas, a ineficiência do sistema financeiro e problemas de natureza legal como uma deficiente protecção da propriedade privada e uma máquina burocrática ainda bastante pesada.
Mas, se há riscos, também há oportunidades, principalmente num país que tem vindo a apostar no fortalecimento do seu mercado interno. Uma aposta bem-sucedida e que ao longo da última década se traduziu num verdadeiro boom do consumo interno, alimentado pelo aparecimento de uma classe média com um crescente poder de compra e por nichos de consumidores com clara apetência por serviços e produtos de luxo importados. Neste quadro, o mobiliário surge como uma área onde as empresas portuguesas dispõem de oportunidades, dada a reduzida capacidade de produção russa de qualidade neste sector. O destaque vai para o mobiliário de madeira maciça, sumptuoso e de elevada qualidade. Mas há também nichos de oportunidade tratando-se das camadas mais jovens da classe média ou média/alta consumidoras de mobiliário de design moderno. Associado ao sector do mobiliário surgem ainda oportunidades nas áreas dos equipamentos, produtos para interiores e materiais decorativos, principalmente na gama alta.
O sector do vestuário também apresenta oportunidades, nomeadamente no sector do retalho, bem como os sectores do calçado e couro. A Rússia é um importador de peso na área dos materiais de construção, com as empresas portuguesas com grande capacidade de resposta ao nível de pavimentos e revestimentos cerâmicos.
A realização do campeonato mundial de futebol na Rússia em 2018 poderá também significar, oportunidades de negócio nas áreas das TIC, hotelaria e restauração (com destaque para produtos têxteis), projectos de iluminação, entre outras.

