O problema do Orçamento trumpiano presente ao Congresso, o “Big, Beautiful Bill”, era a sua compatibilidade com a nova “Coligação Republicana”.
Até agora, a grande novidade desta coligação foi precisamente uma mudança por dentro do Partido Republicano que, cada vez mais, se aproximou da linha nacional-populista, afastando-se da linha liberal-conservadora ou conservadora liberal que vinha do reaganismo. É agora, cada vez mais, uma expressão da América da Main Street contra a América de Wall Street.
Isto embora na Administração Trump estejam importantes representantes de Wall Street, a começar pelo Secretário do Tesouro, Scott Bessent. E as medidas do novo orçamento reflectem também algumas tensões e contradições da “maioria Trump”.
Há ainda benefícios para Wall Street, como os cortes nos impostos, que vão beneficiar sobretudo aqueles que se encontram no topo da pirâmide dos rendimentos; parte destas isenções vinham já de 2017, do primeiro mandato de Trump, mas tiveram de ser renovadas.
Nas vésperas das votações no Congresso, Trump desmultiplicou-se nos contactos com os seus apoiantes mais renitentes em votar o Orçamento.
Este lobby directo do Presidente foi bem articulado pela Casa Branca, alegando, a partir de acontecimentos recentes como “a paz pela força” Irão-Israel, e a cooperação do Canadá em pautas tarifárias, como sinais de uma nova América trumpista, consagrada pela razão e pelo sucesso.
Na negociação com os “conservadores” da Câmara dos Representantes mais hostis a apoiar o Orçamento (um Orçamento que põe a já altíssima dívida norte-americana de 36 triliões de Dólares a pagar juros anuais superiores a um trilião de US Dólares) Trump garantiu a elementos mais conservadores que iria retardar a aplicação de incentivos para novas energias solares e eólicas, cedendo assim aos poderosos lobbies do oil & gas.
O Beautifull Big Budget tem outros incentivos a favor de Main Street, como significativas isenções para idosos com rendimentos anuais inferiores a 75 mil dólares e para as famílias por cada filho.
Mas para além desta política fiscal e dos seus equilíbrios, o Orçamento assinado solenemente por Trump na Casa Branca, na Sexta Feira 4 de Julho de 2025 tem o objectivo de combater a imigração ilegal. Uma medida deste tipo é a taxa sobre as remessas dos trabalhadores estrangeiros nos EUA para as suas famílias, que passam a pagar 1% das quantidades enviadas.
O mais grave é que na confusão destas remessas vão também os ganhos dos cartéis de droga, que criaram redes poderosas para lavagem de dinheiro, aproveitando o programa “Directo a México”, um programa de 2003, na presidência de George W. Bush.
O Orçamento teve grande dificuldade em passar, mesmo entre os Republicanos. Elon Musk, em discordância com o aumento da despesa, rompeu mesmo com Trump e criou um novo partido – o America Party, que pode vir a embaraçar os Republicanos.
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