Perspectivas de investimento e comércio 2018

Uma década passada da crise financeira de 2008, as instituições internacionais especializadas parecem unânimes em afirmar que a economia mundial está em crescimento. Ainda que com valores inferiores aos registados antes da crise, as previsões de crescimento mundial foram geralmente sendo revistas em alta ao longo de 2017 e as perspectivas continuam a ser de aceleração e de sustentação da expansão.

Esta evolução mais forte e consistente do crescimento atravessa praticamente todos os blocos económicos, sendo observável tanto nas economias avançadas como nas emergentes e nos países de baixo rendimento, e é suportada pela recuperação do investimento e pela melhoria da performance da indústria e do comércio. O Outlook para 2018 é optimista, reflectindo o fortalecimento da actividade económica e as expectativas quer de uma procura global mais dinâmica e robusta, quer de preços de matérias-primas mais altos e sustentados que beneficiarão, desde logo, as economias em desenvolvimento exportadoras de matérias-primas.

Perante este quadro de maior confiança económica e financeira – ainda que com a persistência de alguns riscos, fruto da adopção de políticas proteccionistas por parte de alguns Estados, de problemas estruturais como a baixa produtividade, altas desigualdades de rendimentos, a falta de cooperação económica entre países, a possibilidade de “guerras comerciais” entre alguns actores, riscos políticos etc. – potenciadora do investimento, das trocas, dos negócios, importará perceber que regiões poderão ser os novos motores de crescimento, quais as tendências de investimento e de comércio e quais os mercados de maior potencial aos quais investidores e empresas exportadoras deverão estar atentos.

No plano macro, é nos mercados emergentes e em desenvolvimento que se vai encontrar a maior dinâmica de crescimento, i.e., o maior ritmo de aceleração, nomeadamente nos países exportadores de matérias-primas onde se espera que os obstáculos à actividade económica continuem a diminuir. Deverão ser estes os grandes motores do crescimento mundial nos anos mais próximos (2018-2020). Em termos regionais importará por isso olhar para a América Latina, para a África Subsariana e para o Médio Oriente. Acresce, que os esforços em muitas destas economias no sentido da diversificação da sua estrutura produtiva deverão abrir, no médio e longo prazo, um novo leque de oportunidades de negócio.

Ainda que a menor ritmo mas com um crescimento mais sólido, os países importadores de matérias-primas também apresentam potencial, devendo, por isso, começar a surgir no radar das oportunidades. Aqui, Ásia Oriental e do Sul deverão liderar.

No plano micro, o dos Estados, Argentina, China, Índia, Indonésia e Turquia são apontados como os grandes motores do crescimento mundial até ao final da década. Estas são as economias que crescem mais rápido, acima da média mundial, estando entre os que se estimam ser os maiores contribuidores para o crescimento global do PIB até 2020.

No entanto, ao analisarmos os resultados do comércio internacional português de 2017, vemos que nenhum daqueles países se encontra entre os 10 principais mercados de destino das exportações nacionais que, no seu conjunto, representaram mais de 75% do total das exportações. De entre as cinco economias que deverão liderar o crescimento mundial até 2020 apenas a China e a Turquia têm posições de relativo relevo, ocupando o 11º e o 17º lugares no ranking dos países-cliente, com cotas de 1,5% e 0,7%, respectivamente. A Índia surge na 46ª posição, seguida pela Argentina no 51º lugar e, a muita distância, a Indonésia na 89ª posição. Naturalmente que a distância física aos mercados de destino será sempre um factor de enorme peso na determinação da estrutura dos nossos clientes. No entanto, o dinamismo destas economias aconselha a uma revisão/adaptação das estratégias de internacionalização, em virtude do potencial de crescimento destes mercados.

Entre os vizinhos europeus, a Polónia, os Emirados Árabes Unidos, Irão, Israel e Paquistão na região do grande médio oriente, Filipinas, Malásia e Tailândia no extremo asiático e a Colômbia como outras das jóias da América do Sul, são outros mercados a ter em atenção pelas possibilidades de crescimento que apresentam.

Apesar dos riscos e condicionalismos concretos de cada mercado, estes deverão ser os hotspots do investimento e do comércio mundial para os próximos anos e que por isso não deverão escapar à atenção dos investidores e exportadores portugueses.

Em matéria de investimento, destacamos três grandes temas que deverão ditar as negociações nos mercados pelo impacto sistémico que podem ter:

  • Potenciais riscos da política monetária dos EUA, desequilibrando as actuais condições financeiras e levando à apreciação do dólar, com os constrangimentos daí decorrentes para as economias emergentes, como a China, que se defronta com o enorme desafio de redução da sua dependência do crédito;
  • A desregulamentação, que embora potenciadora, no curto-prazo, de um ambiente económico favorável ao rápido crescimento, no médio e longo prazo comporta o risco de retorno a crises financeiras;
  • No plano europeu, as negociações do Brexit, que serão determinantes tanto no plano dos investimentos, como no plano das relações comerciais dos Estados-membros.

No plano do comércio internacional deverá continuar a ser seguida a linha do ano anterior, embora com um foco ainda maior na exportação de produtos, soluções, aplicações e serviços no universo das novas tecnologias (para particulares e empresas) onde tanto a realidade virtual como a inteligência artificial parecem ser as grandes tendências do futuro.

Ainda relativamente pouco explorada, a impressão 3D é mais uma área promissora e onde as empresas portuguesas do sector poderão dar cartas. No entanto, o elevado nível de formação e de investimento exigidos deverão continuar a dificultar um maior grau de abertura do sector.

As energias renováveis deverão reforçar a sua trajectória de crescimento, assim como as exportações de produtos orientados para segmentos de gama-alta e de luxo, como o mobiliário, o calçado, o têxtil e vestuário e até mesmo produtos alimentares gourmet “made in Portugal” como marca distintiva e única.

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