O turismo sempre foi uma actividade essencial para a economia portuguesa, mas nunca como agora teve uma relevância tão grande para o saldo da balança comercial de bens e serviços. Com efeito, no primeiro semestre do corrente ano, a rubrica “viagens e turismo” foi responsável por mais de metade do total do saldo dos serviços, representando 2,817 mil milhões de euros dos 4,950 mil milhões obtidos depois de deduzido o valor das importações.
Segundo dados do Banco de Portugal, no ano passado as receitas derivadas do turismo representaram perto de 10,4 mil milhões de euros (mais 12,4% face a 2013), valor que correspondeu a cerca de 14,8% do total das exportações portuguesas de bens e serviços. As receitas do sector, segundo o Secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, correspondem a quase 10% do PIB.
O sector do turismo é muito mais do que as exportações por que é responsável, tendo vindo a constituir-se como um domínio cada vez mais importante para o crescimento da economia nacional. Efectivamente, o desenvolvimento da actividade turística no nosso País trouxe também um aumento considerável do emprego (com quase 10% do mesmo destinado às actividades relacionadas com o turismo), levou ao aparecimento de um número crescente de startups que dão também trabalho a muitos jovens, está a promover uma renovação urbana que alcança várias cidades ao longo do conjunto do território nacional e está a ter um impacto grande no aparecimento de novas áreas de negócio.
Para este sucesso na atracção de novos turistas e captação de mais receitas, é muito importante um conjunto de vantagens que o nosso País detém e que importa potenciar, nomeadamente no que se refere a um meio-ambiente ainda bastante preservado e um clima temperado, uma história e cultura ricas, uma gastronomia e vinhos cada vez mais reconhecidos a nível internacional, um ambiente de segurança e tranquilidade, bem como a forma simpática como os portugueses acolhem os estrangeiros. São estes, entre outros, os atributos que fazem do nosso País um destino de eleição para o turismo internacional.
São já vários anos de crescimento contínuo e 2015 será o quarto ano em que o turismo dá um contributo decisivo para os resultados positivos da balança de pagamentos, o que lhe dá uma posição de primeiro plano no conjunto da economia portuguesa.
Contudo, este boom do turismo em Portugal apresenta também diversos desafios que importa enfrentar se quisermos que este sucesso continue no futuro. O primeiro é precisamente o da sustentabilidade, condição essencial para garantir que não se trate de um fenómeno passageiro, de uma moda apenas. Garantir a sustentabilidade do turismo é uma tarefa para todos os portugueses e não apenas para o Governo; é uma actividade que vai exigir uma aposta grande na inovação, no aparecimento de novas ideias e projectos, de produtos e serviços inovadores, bem como na promoção, dentro e fora do País, do que temos de melhor, de forma a conseguirmos chegar a novos mercados e ganhar nova clientela nos mercados tradicionais.
Outro aspecto com grande relevância e que terá um grande impacto a nível social é a aposta que tem de ser feita, ou reforçada, na formação dos diferentes agentes, já que se trata de uma actividade que irá criar mais emprego, mas que será cada vez mais exigente na captação de mão-de-obra, que terá de ser competente, bem preparada e profissional.
Refira-se que durante o corrente ano espera-se que visitem Portugal cerca de 17 milhões de turistas, um número recorde e que permite antever que a nossa posição na lista dos mais competitivos destinos turísticos a nível mundial continuará a crescer. Actualmente, Portugal ocupa a 15ª posição, mas o Governo anunciou como meta ambiciosa para 2020 a passagem para o 10º lugar. As previsões para o futuro próximo, constante do Barómetro da Conjuntura – Verão 2015, referem que, para o Inverno de 2015/2016, as previsões apontam no sentido do crescimento em todas as regiões do País, com excepção da Madeira e Alentejo.
Os países que deverão aumentar a procura de férias em Portugal serão sobretudo o Reino Unido, Alemanha, Espanha, França e Irlanda.

