“BRASIL: UM ANO DE DESAFIOS”
O Brasil é presentemente a sexta maior economia do mundo, tendo o seu crescimento contínuo nos últimos anos justificado a sua inclusão no grupo dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), composto pelas potências emergentes que marcarão o futuro da economia mundial.
Para este crescimento contribuíram diversos factores, como a existência de uma indústria cada vez mais desenvolvida e de alto valor acrescentado, uma grande riqueza em recursos agrícolas e minerais, um aumento da população activa (de um total de 201 milhões de habitantes) e a existência de uma economia respeitada, com crédito no exterior e equilibrada sob o ponto de vista macroeconómico.
As sucessivas reformas ao nível económico e social levaram o país a um excepcional período de crescimento contínuo, que lhe permitiu enfrentar a crise mundial de forma relativamente suave. O crédito às famílias aumentou e, com ele, o consumo interno e o nível de vida da população, tendo-se verificado a saída de milhões de pessoas da situação de pobreza em que viviam há gerações.
Contudo, um excessivo intervencionismo do Estado na economia levou a que se começassem a sentir desequilíbrios económicos relevantes, particularmente em 2014, ano em que foi apresentado um decepcionante crescimento de 0,1%, a par de um aumento dos gastos públicos e da dívida.
Os vários indicadores existentes apontam para que 2015 não venha a ser um ano fácil para o Brasil, tendo o Governo começado já a implementar algumas medidas de austeridade. Alguns analistas referem, contudo, que estas dificuldades poderão ser apenas transitórias e susceptíveis de ser corrigidas pelas decisões que estão a ser tomadas pelo novo Governo, muito menos marcadas por considerações de ordem política e muito mais orientadas para o relançamento da economia.
A reeleição da Presidente Dilma Rousseff, em Outubro de 2014, por 51,6% dos votos, foi muito motivada pela melhoria das condições de vida da população, que por sua vez tinha por base o bom momento económico que se vivia. As medidas de austeridade de corte de diversos subsídios em sectores como os transportes e energia – com impacto directo na vida da população – e uma maior dificuldade de acesso ao crédito por parte das famílias, consequências da divulgação dos resultados de 2014, levaram naturalmente a uma diminuição da qualidade de vida da população.
A forte seca que se tem feito sentir no país e que tem motivado racionamentos na água e electricidade também não tem ajudado a economia e a percepção que os cidadãos têm sobre a realidade do país.
O novo Governo, muito mais pragmático e já não condicionado pelo período eleitoral que se viveu na segunda metade de 2014, pode agora enfrentar os problemas do Brasil. Contudo, os desafios são grandes: o intervencionismo na economia levou a um aumento da inflação; a descida do preço das matérias-primas que o Brasil exporta, com destaque para o petróleo, tem vindo a desequilibrar as contas externas; as infraestruturas necessitam de mais investimentos; é necessária também uma importante aposta na educação, se o Brasil quiser dispor dos quadros de que vai necessitar no futuro. Finalmente, existe ainda o problema da corrupção e das desigualdades sociais, que constituem um grande obstáculo para uma população que anseia por melhorar a sua vida.

