A Saúde como Sector Exportador

Nos últimos anos temos assistido ao aparecimento de sectores muito inovadores da economia nacional, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento.

Um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais é o sector da saúde. Nesta área estamos, de facto, perante um período crucial onde as mudanças se fazem sentir a cada momento e que é cada vez mais reconhecido internacionalmente pela qualidade dos seus produtos, pela inovação e pelo rigoroso cumprimento dos prazos acordados. As perspectivas são, assim, as melhores, sendo expectável que nos próximos anos se continue a assistir a um crescimento do sector.

A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.

Trata-se, portanto, de uma actividade muito dinâmica, que se tem vindo a assumir como uma área estratégica para a economia nacional, quer pelas suas exportações, quer pelo apoio que dá ao Serviço Nacional de Saúde (nomeadamente as empresas farmacêuticas), quer ainda pelo número crescente de pessoas que emprega e de empresas que vão surgindo.

Os resultados desta aposta na indústria farmacêutica e dos dispositivos médicos estão à vista: em 2014 as exportações totalizaram 1, 162 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 11% face a 2013. Trata-se de um crescimento muito superior à média nacional e que poderia até ser superior, dado que são aqui contabilizadas apenas as exportações de produtos farmacêuticos de base, de preparações farmacêuticas, de equipamentos de radiação, electromedicina e electroterapêutico, bem como de instrumentos e material médico-cirúrgico.

Nestes números não estão contabilizadas as vendas das empresas portuguesas sedeadas no estrangeiro, nem as soluções e-Health, o que acontece por não existir ainda informação sistemática acerca das mesmas.

Mas, como já foi referido, as perspectivas são muito boas e é previsível que as exportações do sector continuem a crescer a um ritmo muito positivo, atendendo ao facto de que, até 2020, serão lançados no mercado cinco novos fármacos e cerca de 50 dispositivos médicos e métodos de diagnóstico. Com estes lançamentos, é muito provável que seja alcançado o objectivo dos 3 mil milhões de euros de volume de negócios até àquela data, sendo que dois terços dos mesmos dirão respeito a receitas com a exportação.

Quanto aos clientes internacionais das nossas indústrias da saúde, surgem em primeiro lugar os Estados Unidos da América, com um volume de vendas de 179 milhões de euros, representando um aumento de vendas na ordem dos 190%; em segundo lugar vem a Alemanha com 177 milhões de euros e depois Angola com 135 milhões de euros e a Grã-Bretanha com 123 milhões de euros.

Trata-se de um conjunto de mercados exigentes e muito competitivos, o que demonstra de forma clara a excelência dos nossos produtos e a capacidade nacional de competir com os melhores. Embora todos os produtos da saúde tenham vindo a ter um excelente desempenho, são os medicamentos aqueles que têm apresentado um crescimento mais rápido.

Áreas como as neurociências, o cancro, a imunologia, a medicina regenerativa e a nanomedicina (HCP) têm sido apostas importantes do nosso País, que começa a atrair a atenção e a presença de instituições e cientistas de renome mundial. Contudo, sendo um sector onde a concorrência internacional se faz sentir de forma muito forte, e onde os países da Europa de Leste são os nossos próximos competidores, Portugal tem de estar em permanente evolução, investindo na investigação e desenvolvimento e na divulgação mundial dos nossos produtos.

Finalmente, uma palavra para o importante sector do turismo de saúde. Portugal, pelo seu clima, pela qualidade dos seus hospitais e pessoal de saúde e por outras ofertas turísticas como o termalismo, oferece excelentes oportunidades para atrair estrangeiros que procuram cuidados de saúde. Trata-se de um sector com forte crescimento global, e, particularmente, na Europa, face ao envelhecimento da população, e que Portugal não pode descurar. Deverá ainda ser dada atenção especial ao mercado lusófono onde as carências do sector são conhecidas.

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