A Argélia, 2º maior país africano em área geográfica (2.381.741 km2), é uma grande potência regional e um dos grandes produtores mundiais de hidrocarbonetos, nomeadamente de petróleo e gás natural. É também um dos países que tem gozado de maior estabilidade na região, não tendo sido afectado pelas convulsões resultantes da chamada Primavera Árabe. O Presidente Abdelaziz Bouteflika está no poder desde 1999 e o país tem vindo a crescer significativamente neste período.
Contudo, a excessiva dependência das exportações de hidrocarbonetos, traduzida no facto de estas contribuírem para 80% do orçamento e serem responsáveis por 95% das receitas externas, preocupa a sociedade argelina. Consciente deste problema, o governo lançou recentemente um plano de investimentos a cinco anos (2015-19) no valor de 262 mil milhões de dólares, que visa precisamente contrariar esta dependência excessiva e assegurar a diversificação da economia, face à constante queda dos preços do petróleo.
A verdade é que, apesar dos bons resultados económicos, traduzidos em vários anos de crescimento contínuo, a Argélia tem um potencial que ainda não está explorado na sua totalidade. É, nomeadamente, o caso de sectores como o turismo ou a agricultura, que deverão crescer significativamente nos próximos anos.
A Argélia é também um país com diversos problemas estruturais que agora o governo pretende colmatar: antes de mais, a economia está muito centrada no Estado, fazendo com que a iniciativa privada tenha ainda um papel muito reduzido; o sistema financeiro está ainda muito pouco desenvolvido, o que não facilita a criação de empresas e o crescimento de outros sectores de actividade; o desemprego apresenta níveis muito elevados, sobretudo no que diz respeito aos jovens e às mulheres; a corrupção e a burocracia constituem também obstáculos importantes para o desenvolvimento; finalmente, o facto já referido de ser uma economia muito centrada no petróleo e onde é ainda muito difícil e dispendioso iniciar um negócio, o que faz com que a economia informal tenha uma grande dimensão.
No plano político, a Argélia goza de grande estabilidade. A chamada Primavera Árabe não teve aqui um grande impacto, pois o governo foi célere na resposta às reivindicações da população, aumentando consideravelmente os investimentos públicos e a concessão de subsídios em diversos sectores. Contudo, a necessidade de promover reformas ao nível político, no sentido de uma maior abertura e participação dos cidadãos, e económico, através de uma maior diversificação e abertura à iniciativa privada, é cada vez mais urgente, face ao aumento de uma população jovem que, mais tarde ou mais cedo, vai começar a exigi-las.
Refira-se que, nos próximos dez anos, se prevê que a população argelina atinja os 50 milhões de habitantes, dos quais 70% estarão em idade activa.
Um dos grandes desafios para a Argélia e que ameaça a estabilidade que tem vivido, é o problema do terrorismo, uma ameaça que preocupa a sociedade argelina, cansada dos tempos da guerra civil e que o governo tem vindo a combater de forma decidida. Os terroristas continuam, contudo, a marcar a sua presença através de atentados.
Relações com Portugal e oportunidades de negócio

