
Guatemala e El Salvador
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
De 30 de junho a 5 de julho, a CCIP realiza a Missão Empresarial Guatemala e El Salvador.
GUATEMALA
A Guatemala faz fronteira com o Oceano Pacífico Norte, o Golfo das Honduras, El Salvador, México, Honduras e Belize. É uma república presidencialista, o presidente é chefe de Estado e chefe de Governo. O país tem um sistema económico misto: combina uma iniciativa privada emergente com o planeamento económico centralizado e regulamentação governamental.
É a maior economia da América Central em termos de população (estimada em 19,3 milhões em 2024) e de atividade económica.
O país tem registado um crescimento económico estável acima da média da ALC (região da América Latina e das Caraíbas), o que continua, porém, a não resultar em redução significativa da pobreza na Guatemala: as taxas de pobreza e desigualdade do país permanecem entre as mais elevadas da ALC, com uma população, principalmente rural e indígena, grande e mal servida. A pobreza atinge 55,1% da população (2023) e a economia informal da Guatemala representa 49% do PIB, com 71,1% da população empregada no sector informal.
A Guatemala tem, porém, um grande potencial de riqueza e algumas indústrias-chave que têm um impacto significativo na geração de empregos, no crescimento do PIB e na atracção de investimentos:
As exportações de têxteis e vestuário da Guatemala são a maior fonte de receitas em divisas, representando 2,5% do seu PIB e criam 180.000 postos de trabalho. Com isenções fiscais e tributárias concedidas a esta indústria, o sector torna-se competitivo relativamente aos outros países da América Central e garante a confiança dos investidores. Nos últimos anos, foram sendo introduzidas tecnologias têxteis avançadas para aumentar a capacidade de produção, reduzir os custos e desenvolver novas actividades.
A Guatemala é um dos 10 principais países exportadores de café do mundo. A precipitação estável e as cinzas vulcânicas tornam o café guatemalteco um dos melhores do mundo. Tem um preço baixo a nível internacional, mas custos de plantação elevados. Existem 125.000 produtores de café no país, 90% dos quais são de pequena e média escala. O sector cria 467.000 empregos directos e indirectos.
O país é atualmente o primeiro exportador de sacarose da América Latina e das Caraíbas. O plantio de cana-de-açúcar no país estende-se por 250.000 hectares e a indústria açucareira é a maior da América Central. Actualmente, existem 14 fábricas principais de sacarose, que criam 60.000 postos de trabalho permanente, mais 350.000 sazonais, durante a época da colheita.
O turismo – de natureza, desportivo, de voluntariado, para aprendizagem de espanhol, observação de aves, aventura, etc. – é outro sector importante. Gera milhares de milhões de dólares em receitas todos os anos.
EL SALVADOR
Conhecido como a “Terra dos Vulcões”, com terramotos, actividade vulcânica e furacões frequentes, El Salvador é o mais pequeno país da América Central e o único sem costa no Mar das Caraíbas. Faz fronteira com a Guatemala, as Honduras, o Oceano Pacífico e o Golfo de Fonseca. Apesar de ser o país mais pequeno da América Central em termos de superfície terrestre, El Salvador tem uma população 18 vezes superior à do Belize com uma densidade populacional elevada em todo o país, mas uma concentração especial em torno da capital, São Salvador. Pelo menos 20% da população vive no estrangeiro.
El Salvador era tradicionalmente um país agrícola, fortemente dependente das exportações de café. No entanto, no final do século XX, o sector dos serviços passou a dominar a economia.
Os produtos agrícolas mais importantes de El Salvador são o café, o algodão, o milho e a cana-de-açúcar. Várias espécies de palmeiras e coqueiros crescem na zona costeira e há muitas variedades de frutas tropicais, como o coco, o tamarindo, o melão, a melancia e a manga.
Os produtos agrícolas não tradicionais (por exemplo, pimentos jalapeño, malmequeres, quiabos e ananás) aumentaram de importância desde o início da década de 2000. No entanto, só o café continua a representar uma parte substancial do valor da produção agrícola total. A criação de gado é também uma atividade importante.
Durante anos, a economia e os habitantes de El Salvador sofreram com os altíssimos índices de violência e uma total insegurança. Depois da eleição, em 2019, de Nayib Bukele como presidente da República, uma ação radical de combate à criminalidade foi posta em marcha, e foram tomadas várias medidas de natureza económica.
Grandes investidores estrangeiros, como JPMorgan, passaram a interessar-se por títulos salvadorenhos, a OMS reconheceu o facto de se ter erradicado a malária, e o turismo tem vindo a crescer continuamente, sendo que em 2023 já aumentou 54% quando comparado com 2022. O centro histórico, outrora tomado pelos gangues, tornou-se um lugar seguro onde as pessoas e as famílias convivem sem medo.
GUATEMALA
A Guatemala, berço e centro da civilização Maia, foi conquistada em 1524, faz agora cinco séculos, pelo capitão espanhol Pedro de Alvarado, um fidalgo de Badajoz companheiro de Cortez e responsável por parte da conquista da América Central. Em 1570 foi criada a Capitania Geral da Guatemala, dependente do vice-reino da Nova Espanha (depois México), que abrangia toda América Central, desde Chiapatas até a Costa Rica.
Com os levantamentos coloniais contra Madrid, o país passou a fazer parte da República Federal da América Central, que unia os cinco Estados, hoje independentes – Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica – e, com o fim desta em 1841, tornou-se independente.
As riquezas agrícolas da Guatemala atraíram, nos finais do século XIX, companhias americanas como a United Fruit Company, que favoreceram soluções autoritárias locais. Em 1951 uma coligação progressista elegeu como 24º presidente da Guatemala o coronel Juan Jacobo Árbenz, de origem suíça, que tentou realizar uma reforma agrária, entrando em choque com o monopólio exercido pelas empresas norte-americanas – em especial, a United Fruit Company – sobre as terras agrícolas da Guatemala, e acabou derrubado por um golpe de Estado atribuído à inteligência norte-americana, que terá apoiado o coronel Carlos Castillo-Armas.
Castillo Armas foi assassinado em 1957 e o general Miguel Ydigoras Fuentes subiu ao poder em 1958. A partir daí e praticamente até 1996, o país esteve a braços com uma guerra civil de baixa intensidade, entre o governo e vários grupos esquerdistas, que se terá saldado em 140 mil mortos, 44 mil desaparecidos, e um grande número de deslocados internos (50 mil camponeses foram obrigados a deixar suas terras). Esta guerra civil, além de muito longa, teve intervenções estrangeiras a favor de ambas as partes – o Governo teve apoio dos Estados Unidos e da Argentina, e os rebeldes de Cuba e da Nicarágua.
A guerra civil começou durante a Guerra Fria e as negociações de paz começaram em 1990, terminando já depois da queda do Muro de Berlim e do colapso da União Soviética. Além do conflito ideológico, havia também razões sociais fundas e questões relacionadas com a representação dos povos locais.
Além da grande proliferação partidária – há quase 30 partidos legalmente existentes e reconhecidos – um dos problemas que dificultam o funcionamento da Guatemala são os elevados índices de corrupção
O actual presidente, Bernardo Arévalo, que se apresentou como “o candidato anti-corrupção”, tomou posse no dia 15 de Janeiro de 2024, depois de meses de incerteza por causa das tentativas de suspensão do partido que apoia, o Movimento Semilla, por suspeita de irregularidades. O Congresso acabou por revogar a suspensão do partido, mas a polémica e o receio de um possível golpe de Estado levou a que centenas de apoiantes de Arévalo, furando as barreiras policiais, se juntassem em protesto às portas do edifício do Congresso no dia da tomada de posse.
O apoio internacional de Washington, de Bruxelas, da OEA e da Secretaria-Geral Ibero-Americana foi fundamental para a tomada de posse de Arévalo, mas como nenhum governo sobrevive só com o apoio internacional, terá de se esperar para ver o que fará o novo Presidente para consolidar e preservar o seu apoio interno.
EL SALVADOR
Foi Pedro Alvarado, um dos comandantes de Cortez quem conquistou a região de Cuzcatlán, subjugou os índios pipiles e, em 1525, fundou San Salvador. O território ficou integrado na província da Guatemala e no vice-reinado da Nova Espanha, que tinha a capital na Cidade do México.
A independência de El Salvador foi proclamada em 1841 e até ao fim do século XIX, à semelhança do que sucedeu noutras regiões da América Central, o debate e luta política foi entre conservadores e liberais. Com a chegada do século XX, o país entrou na sucessão de golpes de Estado militares e a tensão entre partidários da mudança político-social e os defensores da ordem. Paralelamente a esta instabilidade, verificaram-se conflitos com a vizinha República das Honduras, como a guerra do Futebol que, durante quatro dias, de 14 a 18 de Julho de 1969, enfrentou os exércitos dos dois países, conflito que foi intermediado e terminado graças à intervenção da OEA.
Em Outubro de 1980 apareceu em força o movimento Frente de Libertação Farabundo Marti para a Libertação Nacional (FLFMLN). A Frente tomou o nome de Augustin Farabundo Marti Rodriguez (1893-1932), um dirigente do partido comunista salvadorenho que em 1932 dirigiu uma rebelião armada e foi fuzilado pelos militares.
A Frente apareceu publicamente como uma coordenadora das cinco organizações da extrema-esquerda salvadorenha, que protagonizaram uma guerra civil em 1981; a guerra durou até 1992, quando foram assinados, em 16 de Janeiro, os Acordos de Paz entre o Governo e a FLFMLN. desde aí, a FLFMLN participou na política partidária de El Salvador em 2009, e na eleição presidencial, o seu candidato Mauricio Funes Cartagena saiu vencedor, derrotando por escassa margem o candidato da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA).
Mas em 2017 deu-se um furacão na política salvadorenha. Um jovem empresário Nayib Armando Bukele, de 36 anos de idade, prefeito de San Salvador, abandonou a FLFMLN e criou um partido de direita populista ou popular, Novas Ideias, partido que se afirmou como competidor dos dois partidos tradicionais – FMLN e o ARENA. Surpreendentemente, nas presidenciais de 2019, Bukele, que se empenhara nos termos de ordem, segurança e tolerância zero para a corrupção foi eleito presidente em nome da coligação Grande Aliança pela Unidade Nacional (GANA), com maioria absoluta (53%) na primeira volta.
Além de se mostrar hostil com os governos esquerdistas da Venezuela, Bukele celebrizou-se pelo combate contra a corrupção e o crime organizado.
El Salvador, mesmo depois do fim da guerra civil, manteve índices altíssimos de criminalidade. Em 1995 eram 141 homicídios por 100 mil habitantes.
Por detrás desta onda de violência, estavam as máfias ou “pandilhas” locais, conhecidas por Maras, cujo número de integrantes se aproximaria dos 70 mil, organizados por delinquentes locais regressados dos Estados Unidos. Estas “Maras” dedicavam-se especialmente ao narcotráfico.
Em Março de 2022, na sequência do Plano de Controlo Territorial, o governo de Bukele abriu guerra contra o crime. A Assembleia Legislativa declarou o estado de excepção e, a partir daí, iniciou-se uma grande operação contra o crime organizado, complementada por políticas sociais para combater a pobreza e o desemprego.
O plano de Bukele, se bem que criticado por excessos e por abusos de direitos humanos, parece ter resultado. Provocou, entretanto, protestos do exterior, também da parte de governos de esquerda e centro da região. Ao contrário, no país, a população reagiu muito favoravelmente e Bukele foi eleito em Fevereiro de 2024 por uma maioria absoluta de cerca de 85%. Tal parece ser o apoio popular ao Presidente e à sua política que conseguiram, com as medidas extremas de segurança, reduzir as estatísticas da criminalidade ao ponto de o país se tornar num dos mais seguros das Américas.
De facto, a taxa de homicídios caiu de 106 por 100 mil habitantes em 2015, para 2,4 por 100 mil habitantes em 2023. Os salvadorenhos dizem que hoje vivem mais seguros e livres sem serem tributados pelas “pandilhas”.
GUATEMALA
Portugal exportou para Guatemala, em média anual, 6,2 M€ de produtos dos sectores agrícola e agroalimentar, mar e florestas, ocupando assim a 79ª posição em relação ao total dos países, enquanto as importações totalizaram 5,1 M€ (86ª posição), com um saldo positivo de 1 M€.
As principais exportações agrícolas e agroalimentares neste período são maçãs, peras e marmelos, frescos (37%), Vinhos de uvas frescas (25%) e produtos de padaria, pastelaria, etc. (14%). As importações agrícolas e agroalimentares mais relevantes referem-se a Açúcares (cana/beterraba); sacarose pura (64%), café (29%) e frutas preparadas (3%).
As trocas comerciais entre Portugal e a Guatemala representam um total de 16,6 M€ em exportações e 5,3 M€ em importações, na média do período 2018-2022, correspondendo a um saldo positivo da balança comercial de cerca de 11,3 M€.
EL SALVADOR
As trocas comerciais entre Portugal e El Salvador representam um total de 9 milhões de euros em exportações e 2 milhões de euros em importações, na média do período 2018-2022, correspondendo a um saldo positivo da balança comercial de cerca de 7 milhões de Euros.
No que respeita aos produtos dos sectores agrícola e agroalimentar, mar e florestas, Portugal exportou para El Salvador, no mesmo período, 1,6 milhões de euros em média anual, enquanto as importações totalizaram 1,8 milhões, com um saldo negativo de -0,2 M€. Estes sectores representam perto de 17,5% do total de exportações de bens transacionáveis e 89,6% das correspondentes importações.
GUATEMALA
A Guatemala tornou-se um actor relevante na região para o Investimento Estrangeiro Directo, pretendendo consolidar-se como o motor económico da América Central. A localização geoestratégica da Guatemala posiciona-a como um destino atraente para os investimentos, aproveitando a estratégia de nearshoring ou a relocalização das cadeias de abastecimento das empresas, uma vez que tem acesso directo aos principais mercados da região, como a América Central, os Estados Unidos e o México. Sectores como o farmacêutico, o alimentar, dispositivos electrónicos, têxtil, químico, infraestructuras e agroalimentar, entre outros, podem apresentar boas oportunidades de negócio.
EL SALVADOR
O governo de El Salvador atribuiu uma elevada prioridade à transformação digital como meio de simplificar processos e pretende alargar os benefícios dos serviços digitais a toda a população. Isto cria oportunidades para serviços e soluções baseadas no digital nos sectores da saúde, educação, cibersegurança e muitas outras áreas.
Estão também em marcha projectos de infraestruturas prioritárias: estradas, pontes, hospitais, instalações de tratamento e resíduos, portos e aeroportos e infraestruturas logísticas. Existem outras oportunidades em nove sectores de crescimento: têxteis e vestuário especializados, serviços comerciais offshore, turismo, aeronáutica, agroindústria, dispositivos médicos, fabrico ligeiro, redes logísticas e de infraestruturas e serviços de saúde.
GUATEMALA
Nome oficial: República da Guatemala
Área: 108 889 km2
Capital: Cidade da Guatemala
Idioma: Espanhol
População: 19,3 (Countrymeters)
Religiões: Católica romana (52,7%); protestante (30,4%)
Governo: República Presidencialista
Moeda: Quetzal Guatemalteco
PIB: 95 mil milhões USD$ (2022 World Bank)
PIB per capita: 5 473,21 USD (2022 World Bank)
Ambiente de negócios: Transparência- 150º/180; Risco Geral-BB; Risco Económico-BB (AAA risco menor- D risco maior); facilidade - 64º/176
Index of Economic Freedom- Heritage 2022: 62.7, (64ª no Index 2023).
Ease of Doing Business Index: 96ª em 190 países; 62.6 pontos (World Bank)
EL SALVADOR
Nome oficial: República de El Salvador
Área: 21,041Km2
Capital: San Salvador
Idioma: Espanhol e Nahua (entre alguns Ameríndios)
População: 6,336 milhões (2022)
Religiões: Católica Romana 43.9%; Protestantes, 39.6%; nenhuma 16.3%
Governo: República presidencialista
Moeda: Dólar americano e Colón Salvadorenho (quase em desuso)
PIB: 32.49 Mil milhões USD
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 2021- 0,675 (125.º) – médio
Index of Economic Freedom Heritage 2023: 54.4, 117ª no Index of Economic Freedom 2024
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067 «Chamada para rede fixa nacional»

