
Senegal
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
Situado no ponto mais ocidental do continente africano e servido por várias rotas aéreas e marítimas, o Senegal é conhecido como a "porta de entrada para África". O país é limitado a norte e nordeste pelo rio Senegal, que o separa da Mauritânia; a leste pelo Mali; a sul pela Guiné e pela Guiné-Bissau; e a oeste pelo Oceano Atlântico. A Península de Cabo Verde é o ponto mais ocidental do continente africano. A Gâmbia é um enclave dentro do país, uma estreita faixa de território que se estende ao longo de cerca de 320kms, desde costa para o leste, ao longo do rio Gâmbia, isolando a região de Casamansa, no sul do Senegal.
Quase dois quintos da população senegalesa pertencem à etnia Wolof, um grupo islamizado e altamente estratificado, com uma estrutura tradicional de nobreza hereditária. O grupo possui uma língua própria, que no Senegal é falada por 80% da população. O wolof predomina não só nas questões culturais, mas também em questões de Estado e de comércio; este domínio tem alimentado tensões étnicas ao longo do tempo com outros grupos menos poderosos, como os fulani, os serer, os diola e os malinke, que lutam pela paridade com a maioria wolof.
Apesar do recente impasse político, com os violentos protestos da oposição, que abalaram a imagem do país, o Senegal beneficia de uma reputação de estabilidade numa região constantemente abalada por golpes de Estado.
Os serviços continuam a representar a maior parte do crescimento do PIB, enquanto o sector primário (nomeadamente a agricultura) continua a ser o principal motor do crescimento. O governo tem tido algum sucesso nos esforços para diversificar a economia do país, anteriormente muito dependente da cultura do amendoim. Mesmo assim, o Senegal sofreu um declínio económico no século XX, devido a factores externos, como a desvalorização do franco da Comunidade Financeira Africana (CFA) e o elevado custo do serviço da dívida, bem como a factores internos. Com uma escassa rede de segurança social, muitos senegaleses vivem ainda na precariedade. A pandemia teve um impacto significativo nas perspectivas económicas do país, afectando o sector dos serviços, nomeadamente o turismo e os transportes, bem como as exportações.
Como resposta, o Senegal pôs em marcha várias medidas de contenção de custos, bem como um Programa de Resiliência Económica e Social (PRES). Estima-se também um crescimento de cerca de 10% devido a projetos em andamento no sector do gás e do petróleo.
Com um investimento de aproximadamente mil milhões de dólares, o novo porto de Ndayane em Dakar irá tornar-se um hub desta região, o que irá potencializar as relações comerciais com países vizinhos.
Neste comércio, do lado dos locais, havia ouro, especiarias e escravos; os portugueses, entretanto, fixaram como sua principal base Toubaboudaga, próxima de Brikama, a capital mandinga.
Chegada dos Franceses
A História da região seguiu, com os poderes locais muçulmanos, mas também com reinos-tribais animistas e até cristãos. Os franceses iniciam as suas visitas e actividades comerciais, no segundo quartel do século XVII, a partir de uma companhia ultramarina, a Companhia Normanda, ou Compagnie Roséé, cujo objectivo era explorar as terras do Senegal e da Gâmbia, para o que recebeu carta de monopólio de Richelieu; em 1634 a Companhia da Normandie passou a Companhia do Cabo Verde ganhando o monopólio do tráfico de escravos. A partir de 1659 passou a Companhia do Cabo Verde e do Senegal.
A colónia foi sofrendo o reflexo das guerras europeias; assim, em 1758, os ingleses expulsaram os franceses do território senegalês, que mudou de mãos várias vezes até que, no final das guerras napoleónicas passou definitivamente para a França. A partir de 1840, os franceses fixam-se com entrepostos comerciais protegidos na zona de Casamansa, de onde observaram sem intervir os conflitos dos reinos e tribos locais. Destes, destaca-se a etnia Peul ou Fulás, que, nos finais do século XIX, com um exército de mais de 30.000 homens derrotou o do Gabú, liquidando a maioria dos chefes locais. Em 1895 o Senegal passa a fazer parte da África Ocidental Francesa, como colónia, até 1946, quando passa a Territoire d’outre mer.
Os ventos da mudança, isto é, da descolonização, sopravam fortes no ano de 1958, que viu De Gaulle chegar ao poder em França e Mac Millan anunciar em Cape Town a liquidação do império britânico. Neste quadro de aceleração da independência das colónias, o Senegal juntou-se com o chamado Sudão Francês na Federação do Mali, que se tornou independente em Junho de 1960. Na sequência de desavenças, os dois Estados federados separaram-se: o Senegal continuou Senegal e o Sudão Francês transformou-se na República do Mali.
Em 20 de Agosto de 1960, o Senegal tornou-se oficialmente independente: o primeiro Presidente do país foi Léopold Sédar Senghor, um intelectual senegalês, de formação clássica, ligado ao movimento socialista moderado (SFIO) e que fora membro do Parlamento francês. Senghor era inicialmente partidário, não de uma separação umbilical da França, mas de uma espécie de “Comunidade Francesa”, em regime federal. Era um académico que exercera funções ministeriais ou vice-ministeriais nos governos de Edgar Faure e de Michel Debré.
Sucessão de Presidentes
Senghor foi eleito Presidente da República do Senegal, tendo como primeiro-ministro Mamadou Dia, com quem viria a incompatibilizar-se, demitindo-o do governo e condenando-o à prisão onde ficou doze anos.
Senghor e o seu partido governaram autoritariamente – como a generalidade dos novos Estados africanos; aproveitando uma conspiração falhada, estabeleceu-se um regime presidencial. Apesar de nunca ter tido golpes do Exército nem um regime de tipo militar – ao contrário da maioria dos seus vizinhos – o Senegal consagrou sempre, na Presidência, na chefia do Executivo, um homem forte. Este Executivo foi lidando com as crises e as oposições. De maneira por vezes musculada, como quase todos os países da região.
O Senegal ganhou estatuto entre os países africanos saídos da colonização europeia, muito graças à personalidade de Léopold Senghor, que surgiu como uma figura de consenso e mediação no meio de espíritos bem mais radicais. A França também patrocinou muito o país como veículo da sua influência na Região chamada Francophonie.
Em Dezembro de 1980, ao tempo que Ronald Reagan ganhava a presidência norte-americana, Senghor anunciava que se retirava do poder, deixando como seu sucessor Abou Diouf que era, desde 1970, o seu primeiro-ministro. Diouf, um muçulmano que sucedia ao católico Senghor, ficou na presidência, à semelhança do seu antecessor, durante 20 anos, tendo procedido nos seus mandatos a uma progressiva liberalização do regime.
Diouf teve de enfrentar várias situações de crise, desde a rebelião separatista de Casamansa às consequências de anos de seca e más colheitas, até à oposição liderada por Abdoulaye Wade. Em Março de 2000, Diouf perdeu as eleições presidenciais para Wade, que mandou preparar uma nova constituição.
Com a vitória de Wade veio também a vitória do oposicionista PDS contra o PS socialista. O governo de Wade ficaria no poder nos anos seguintes, procurando enfrentar os problemas crónicos do país, como as acções do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC). Mas perante uma oposição crescente, nas eleições de 2012, Wade acaba por perder para Macky Sall.
No Verão de 2012, as eleições parlamentares são ganhas pela coligação Benno Bokk Yakaar (Unidos na Mesma Esperança) que ganha 119 dos 150 lugares do Parlamento. Com base neste apoio, o governo de Macky Sall avança com um audacioso plano de reformas e projectos infraestruturais. Entretanto, Macky Sall avisou que deixará o poder em 2024, não se recandidatando À presidência. Há vários possíveis candidatos.
Vale aqui juntar um ligeiro apontamento sobre a política externa do Senegal, considerado um país moderado que tem exercido um papel mediador e conciliador na região, desde os tempos pró-independência, em que se enfrentou com a Guiné de Sékou Touré, o Estado radical por excelência.
Também não foram fáceis, em alguns momentos, as relações com a Guiné-Bissau, quer por causa dos rebeldes de Casamansa, quer por algumas intervenções dos dois países vizinhos na política do outro. O mesmo ocorreu com a Mauritânia.
Relações Comerciais com Portugal
Apesar da descida relativamente ao primeiro trimestre do ano passado, o saldo da balança comercial entre os dois países foi favorável a Portugal no primeiro trimestre deste ano, ainda que se tenha verificado um aumento de 62% nas compras de Portugal ao Senegal e uma descida de 4,4% nas exportações de Portugal para o Senegal. Portugal exportou produtos no valor de 6,6 milhões de euros e importou produtos que valem pouco mais que 6 milhões. (AICEP)
Há uma forte cooperação entre Portugal e o Senegal, nomeadamente com a presença no Senegal de empresas portuguesas na área das infraestruturas e reparação naval. Os dois países têm vindo a desenvolver o relacionamento económico bilateral e alargá-lo a outros domínios, onde existem complementaridades e oportunidades comerciais a nível bilateral, mas também com vista a uma abordagem conjunta a países da África Subsariana.
Para se tornar um hub marítimo internacional, o Senegal enfrenta desafios a nível da formação, capacitação, transferência de tecnologia e investigação científica, o que poderá ser uma oportunidade para o nosso país, dada a experiência portuguesa nestas áreas.
São de valorizar também as oportunidades de investimento nos sectores da pesca, da aquacultura e da economia marítima.
O Senegal está ainda a realizar importantes investimentos nas áreas da construção habitacional, saúde, infraestruturas, gestão de resíduos e sector energético, onde as empresas portuguesas poderão encontrar oportunidades de negócio.
A paridade entre o Franco CFA com o Euro proporciona a estabilidade necessária para as trocas comerciais.
Nome Oficial: República do Senegal
Área: 196,712 km²
População: 18,384,660 (2023 est.)
Capital: Dakar
Governo: República Presidencial
Chefe de estado: Macky Sall
Chefe de governo: Amadou Ba
Idiomas: Francês (oficial), Wolof, Pular, Jola, Mandinka, Serer, Soninke
Religião: Muçulmanos 97.2%; Cristãos (maioritariamente católicos) 2.7%: (2019 est.)
Etnias: Wolof 39.7%; Pular 27.5%; Serer 16%; Mandinka 4.9%; Jola 4.2%; Soninke 2.4%; other 5.4% (2019 est.)
Moeda: Franco CFA
PIB: 27.68 mil milhões US$, (World Bank 2022).
PIB per Capita: 1465.11 US$ (World Bank 2022).
IDH Índice de Desenvolvimento Humano (0-1): 0,511 (2021)
Index of Economic Freedom: 57.7 - 103º no index 2023
Ease of Doing Business Index: 123º em 190 economias; (subiu de 141º em 2018)
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