Metalurgia e Metalomecânica

Setor estratégico para a economia nacional, desde há muito que a metalurgia e a metalomecânica figuram como setor de maior peso nas exportações do país – representando atualmente 33% do total das exportações da indústria transformadora nacional –, vendendo para mais de 200 mercados externos e atingindo um valor de exportações que em contexto de pré-pandemia ascendeu aos € 19,589 mil milhões, respondendo por mais de 1/3 das nossas exportações.

Assim foi em 2019, ano recorde, com Espanha, França, Itália e Alemanha a liderarem o ranking dos clientes do setor, em todos eles verificando-se um aumento no crescimento das exportações, assim contrabalançando um contexto adverso fora do mercado comunitário, marcado pela guerra comercial entre os EUA e a China, cujos efeitos penalizaram a performance exportadora do cluster para lá das fronteiras europeias. De notar, porém, que o Canadá – para onde as exportações do setor triplicaram nesse ano – teve também um papel importante na mitigação dos efeitos do conflito Washington-Pequim.

Metal à prova de bala: entre desafios e restrições

O contexto de pandemia veio interromper a trajetória de crescimento que vinha sendo seguida, com uma forte retração das exportações (-14%), ainda mais acentuada pela crise dos contentores que se evidenciou no seguimento da crise pandémica, afetando sobremaneira as cadeias de abastecimento de uma variedade de indústrias a nível mundial. A incerteza nos fornecimentos, a irregularidade nos prazos de entregas de mercadorias, os meses de espera por matérias-primas - que assim se tornaram cada vez mais escassas e, consequentemente, mais caras - afetaram o setor metalomecânico nacional, com a falta de aço, ferro e alumínio a levar a que algumas empresas fossem forçadas a abrandar ou mesmo suspender as suas atividades.

A indústria foi duramente posta à prova. Passou o teste. Arriscamos dizer: com distinção! Mais uma vez, e como sempre fazemos, olhemos os números, pois eles falam por si.

Dados da AIMMAP relativos a 2021, apontam para um novo recorde de € 19,886 mil milhões, ou seja, não apenas um crescimento de 16,2% face a 2020, mas, mais do que isso, uma subida de 1,5% face aos valores de 2019, demonstrando a resiliência e a muito grande capacidade exportadora deste setor, depois de dois anos de significativos constrangimentos. Aos já referidos, acrescem a subida dos custos de energia e dos combustíveis, e as dificuldades na logística. Os números são ainda mais expressivos se recuarmos mais no tempo: trata-se de um extraordinário aumento de 87% face aos valores de 2013.

Estes são também números que revelam o reconhecimento internacional crescente da elevada qualidade e a diversidade dos nossos produtos.
Que produtos?

Este é um setor-cluster que se caracteriza pela sua heterogeneidade, por uma grande versatilidade e diversidade de bens que nele são produzidos, entre os quais produtos destinados a atividades industriais diretamente incluídas no setor, fora dele, ou até mesmo um conjunto diverso de produtos destinados ao mercado de bens de consumo. Estão em causa metalúrgicas de base (metais), os produtos metálicos e elétricos transformados e equipamentos de transporte. Máquinas, fundição, estruturas metálicas, peças técnicas de alto valor acrescentado e engenharia de precisão são áreas onde Portugal tem conseguido reforçar a imagem do setor, enquanto indústria de qualidade e inovação junto de muitos mercados de referência.

Além dos mercados que lideraram as exportações em 2019, e que se mantiveram no top em 2021 – Espanha (27%), França (16%) e Alemanha (14%) –, neste último ano, fora da UE, o grande protagonista foram os EUA, que voltando a negociar com a Europa, compraram às empresas portuguesas do setor € 494 milhões, assim surgindo como o 6º principal destino das nossas exportações. Marrocos e Angola são também mercados a analisar pelo seu potencial, assim como o Japão, a Austrália, Taiwan e a Coreia do Sul, que, em conjunto, responderam já por cerca de € 500 milhões de exportações em 2021, evidenciando o dinamismo e potencial da região asiática para uma cada vez maior internacionalização do Metal Portugal.

Para lá das exportações

Além de ser o maior motor exportador da nossa economia, o setor da metalurgia e da metalomecânica é o que mais contribui para o PIB (2011-2021). Este é um setor de excelência na geração de emprego e de investimento. O interesse neste cluster por parte de investidores internacionais tem sido crescente, com mais de duas dezenas de empresas estrangeiras a fixarem a sua produção em Portugal, com destaque para as regiões de Viana do Castelo, Porto e Aveiro. Fatores que, a par da questão exportadora, contribuem igualmente para a importância central do setor para a economia portuguesa.

São cerca de 15.000 empresas, 250 mil trabalhadores - em subsetores como as tecnologias de produção, peças técnicas, componentes automóveis e aeronáuticos, loiça metálica e cutelarias ou estruturas metálicas – milhares de euros em estratégias orientadas para a investigação e desenvolvimento, para a inovação e para a qualificação de recursos humanos. Os resultados estão à vista.

As perspetivas para 2022 são otimistas, com os empresários do setor a apontarem para um crescimento das exportações tanto no espaço da UE (com destaque para a Alemanha e a França) como fora dele, com os EUA a permanecerem no topo das prioridades, mas com outros mercados a surgirem no radar das nossas exportadoras: norte de África (especialmente Marrocos), Médio e Extremo Oriente e América Latina (com destaque para o México), são geografias particularmente valorizadas.

Motor das exportações, setor gerador de riqueza e de postos de trabalho, com níveis crescentes de competitividade nos mercados internacionais, a metalurgia e metalomecânica portuguesa tem passos para dar e muito por onde ainda crescer. Um ativo fundamental para o país que importa apoiar, desenvolver e divulgar. Fazemos a nossa parte.

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Os nossos Associados dispõem do acesso, em exclusividade, a um conjunto de ferramentas facilitadoras da gestão e organização das respectivas empresas.