
Filipinas, o tigre asiático!
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre este mercado que lhe permite ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
“O novo tigre asiático”. Foi assim que, em edições anteriores (2018), nos referimos às Filipinas ao analisarmos o potencial desta economia do Sudeste da Ásia. Três anos passados, e as nossas expectativas não foram defraudadas. Apesar de revisões necessariamente em baixa face ao anteriormente previsto – 2019 foi já um ano de menor crescimento a nível mundial, agravado pela contracção generalizada em 2020 em virtude da pandemia de Covid-19 –, a performance económica das Filipinas é muito positiva, evidenciando a resiliência e dinamismo deste mercado que assim permenece uma opção de investimento bastante atractiva. Os números são claros e falam por si.
Depois de um crescimento em torno dos 6,6% nos últimos cinco anos – a 3ª economia que mais cresceu em todo o Sudeste asiático – as Filipinas foram fortemente afectadas pela conjuntura que marcou 2020, apresentando a maior contração no conjunto das 11 economias da região: -8,3%, de acordo com estimativas do FMI; -9,5% segundo a Autoridade Estatística Filipina.

Mas o carácter sustentável da trajectória que vinha sendo traçada torna-se evidente ao olharmos para as mais recentes (Jan 2021) previsões do FMI, que apontam para uma espetacular recuperação em 6,6% já para este ano (acima da média regional de 5,2%), e em torno dos 6,5% até 2025 (novamente acima da média de 5,1%), retomando as Filipinas a sua posição como a 3ª mais pujante economia da região, apenas ultrapassada pelo Camboja e pelo Vietname, que deverão crescer em torno dos 7%. Mais encorajador ainda, de acordo com algumas análises, as Filipinas deverão ser o segundo mercado emergente em todo o mundo com mais rápido crescimento nos próximos 10 anos, apenas ultrapassado pela Índia.
Projecções de crescimento que poderão transformar a economia filipina dos seus actuais USD 367,4 mil milhões (2020) para USD 564,7 mil milhões até 2025 e USD 1 200 mil milhões por volta de 2030, fazendo do país, voltamos a afirmar, um novo tigre asiático.
Ainda que os serviços representem perto de 60% do PIB, os principais impulsionadores deste crescimento têm sido (e assim se prevê que continue a ser) a indústria e a construção, em grande parte alimentados por investimento estrangeiro. Nesta mesma linha, será de notar os esfoços legislativos envidados, tendentes a melhorar o ambiente de negócios no país, abrindo-o cada vez mais à iniciativa privada estrangeira, melhorando a estrutura tributária e tornando a economia mais competitiva. Também aqui os números falam por si, e o país tem vindo a subir em importantes índices internacionais. De destacar a espetacular subida de quase 30 posições no ranking do Doing Business Report 2020 do Banco Mundial.
Sólidos fundamentos macro-económicos, baixos níveis de endividamento público e elevados níveis de reservas de divisas externas, são sinais muito positivos que contribuem para aumentar a confiança dos investidores. Um quadro que facilmente se reflecte no aumento das entradas líquidas de investimento no país, ano após ano.
Embora com um longo caminho ainda a percorrer, a progressiva diminuição dos níveis de pobreza, a redução do desemprego e aumento dos níveis de rendimento per/capita, da procura e consumo internos, são outros dos desenvolvimentos que têm vindo a ser registados e que contribuem igualmente para a crescente atractividade deste mercado que, longe do passado, assume-se, hoje, como um dos mais dinâmicos e atractivos da Ásia Oriental.
Durante muito tempo consideradas o “calcanhar de Aquiles” do desenvolvimento económico filipino, a melhoria das infraestruturas do país tem sido uma as prioridades do presidente Rodrigo Duterte. Conhecido como BBB, o Programa Build, Build, Build – considerado a espinha dorçal do crescimento do país -, é peça central da estratégia do Governo, tendente a inaugurar a “idade de ouro” das infraestruturas nas Filipinas, prevendo-se a construção de uma vasta rede de estradas, autoestradas, ferrovias, portos, aeroportos e outras plataformas que permitam aumentar a conectividade do país, ajudando simultaneamente ao aumento das trocas com o exterior. Fazem também parte deste vasto programa de construção de infraestrutras, o alargamento da rede energética do país (fornecimento e distrubuição), e o aproveitamento e utilização de recursos hídricos – com o desenvolvimento de projectos que passarão pela construção e melhoria de sistemas de irrigação, controlo de inundações etc. Com mais de 70 projectos em cima da mesa, o Programa BBB traduz-se num multiplicidade de oportunidades em áreas que vão da construção (serviços e materiais) à engenharia, design, consultoria, transportes, logística etc.
Também as infraestruturas digitais têm sido alvo da atenção do governo Filipino, quebrando antigos monopólios e aumentando a taxa de penetração da internet no país. Uma tendência que deverá impulsionar o já significativo crescimento do sector do e-commerce alimentando, por sua vez, a expansão de sectores relacionados como pagamentos móveis, logística etc.
Outra área em franco desenvolvimento, é a das das tecnologias aplicadas ao sector financeiro. As Filipinas têm dado passos importantes para se tornarem um hub em matéria de fintech, blockchain e cryptocurrency, com um ecossistema pujante para startups, atraindo cada vez mais a atenção de empresas que operam nestas áreas.
Neste contexto, e tal como alertámos em edições anteriores, além dos já identificados, continuam a apresentar especial interesse para as empresas portuguesas os sectores das energias renováveis, gestão de redes de água, tratamento de resíduos, materiais de construção, máquinas e equipamentos, veículos e outros materiais de transporte, tecnologias de comunicação e informação. Áreas onde o know-how, as soluções tecnológicas e qualidade dos nossos produtos e serviços poderá ser uma óptima opção para a procura filipina.
Mas o potencial que este mercado apresenta deve ser analisado a par dos seus riscos. E aqui, talvez mais do que riscos de natureza económica ou financeira, ressaltam os de natureza política. Para a manutenção de um bom ambiente de negócios, é essencial garantir a continuidade da estabilidade política que o país conquistou, a consolidação dos mecanismos que permitem a alternância pacífica do poder e a transparência na gestão da coisa pública. Áreas onde, apesar dos progressos que vêm sendo feitos, as Filipinas ainda apresentam algumas vulnerailidades.
A integração das Filipinas em redes de narcotráfico internacional, a presença pontual de elementos radicais de inspiração islâmica e de grupos separatistas muçulmanos passíveis de provocar alguma instabilidade, são outros factores de risco (ainda que não particularmente elevado) a considerar na análise a este mercado.
Finalmente, fruto do seu posicionamento geográfico, as Filipinas são vulneráveis a desastres naturais (terramotos, tsunamis ou tufões) que, a verificarem-se, podem afectar a sua performance económica. O impacto do El Ninõ na desaceleração que marcou o ano de 2019 é disto demonstrativo.
Mais do dobro, foi o aumento registado no valor dos fluxos comerciais entre Portugal e as Filipinas, desde o início da década até 2019. Ano que tomamos por referência, em virtude das circunstâncias excecionais vividas em 2020 e que se traduziram numa inevitável diminuição daquele valor que, de outro modo, julgando pela tendência geral de crescimento registada nos anos mais recentes, poderia ter sido maior. De EUR 19,8 milhões em 2010, as trocas com as Filipinas ultrapassaram a barreira dos EUR 42 milhões em 2019 - um crescimento notável, se considerarmos que o relacionamento comercial entre os dois países tem sido marcado por bastantes oscilações, tendo já passado por períodos de contração muito significativos, em alguns casos, próximos de -40%.
Igualmente expressivo, foi o aumento das exportações que, no mesmo período considerado, passaram de pouco mais de EUR 3,5 milhões, para EUR 11,7 milhões, significando isso mais do triplo das vendas ao mercado Filipino. Uma evolução muito positiva, considerando o (ainda) reduzido número de empresas portuguesas a exportar para o país e que em 2019 se contou em 204.
Ainda que apresentando uma tendência geral de crescimento, as importações denotam menor dinamismo. Não só o crescimento é menos expressivo – de EUR 16,3 milhões para EUR 30,3 milhões, i.e., um aumento de 85,8%, contra os 232,7% do lado das exportações –, como tem ocorrido a um menor ritmo. Se de 2010 a 2019, as exportações cresceram a uma média de 20% ao ano, as importações cresceram apenas 13,7%.
Também revelador, é a performance das exportações em 2020, face às importações. Dados preliminares relativos à totalidade do ano, mostram que, apesar da tendência geral de contração das trocas, esta foi muito mais acentuada do lado das importações (-14,4%) do que das exportações (-6,1%) que, assim, acabaram por mostrar maior resiliência.
Mas os valores absolutos não mentem e as importações continuam a ter mais peso do que as exportações, daí resultando uma balança comercial tradicionalmente negativa para Portugal. Assim foi em 2020 – com as importações a somarem perto de EUR 26 milhões e as exportações quase EUR 11 milhões – e assim é há mais de uma década. O aumento do número de exportadoras para o país a que se vem assistido ao longo dos anos não tem sido suficiente para reverter este quadro.
Mas este é um mercado com potencial para as nossas empresas. Que o digam as exportadoras de veículos e outros materiais de transporte, que de 2018 para 2019 viram as suas exportações aumentarem mais de 208%, liderando o ranking das exportações portuguesas com destino às Filipinas com uma cota de 24% do total. Seguiram-se os produtos alimentares (14,2%), as máquinas e aparelhos (12,5%), a madeira e a cortiça (10,4%) e os metais comuns (7,6%). Uma estrutura que conheceu algumas alterações no último ano.
Os dados disponíveis relativos a 2020 (Jan-Abr) mostram que as exportações de veículos e outros materiais de transporte, tradicionalmente dominantes, caíram no ranking de produtos mais exportados, para a 14ª posição. Já as exportações de produtos químicos evidenciaram-se, subindo ao top 5 das vendas ao país, com uma cota de 6,7%. A restante estrutura manteve-se relativamente inalterada, destacando-se a presença dos produtos alimentares, da madeira e cortiça e dos metais comuns, que em ano de contração generalizada conseguiram, ainda assim, registar aumentos de 35%, 43% e 162%, respectivamente. Embora com uma cota inferior, merecem também destaque as exportações de plásticos e borrachas, que subiram quase 40% face a igual período de 2019, assim se evidenciando mais um sector com potencial exportador para o país..
Localização geográfica: Arquipélago do Sudeste Asiático, entre o Mar das Filipinas e o Mar do Sul da China, a Este do Vietname
Capital: Manila
Território: mais de 7.000 ilhas num total de 298.170 Km2 (área terrestre)
População: 108, 117 milhões (Banco Mundial, est 2019)
Língua: Filipino e Inglês (oficial); outros dialectos
Moeda: Peso filipino
Ranking Doing Business Report 2020: 95/190 (+29 posições)
Global Competitiveness Index 2019: 64/141 (-8 posições)
Index of Economic Freedom – Heritage 2020: 70/180 (+0,7 pontos)
PIB, taxa crescimento real 2021: 6,6% (FMI, est. Jan 2021)
A CCIP coloca à sua disposição duas formas de abordar o mercado:
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