Uma das economias com mais crescimento em África!
Neste artigo tem acesso a informação diversificada sobre o mercado da Costa do Marfim que lhe permitem ter uma visão geral sobre esta geografia e conhecer as relações que tem mantido com Portugal.
“No seguimento de uma trajectória notável em que o país se posicionou como a 2ª economia que mais cresceu em toda a África nos últimos cinco anos (2014-2018) - a um ritmo médio anual de 8,15%, sendo apenas ultrapassada pela Etiópia -, as estimativas para 2019 apontam para uma continuação da expansão do PIB”, devendo a Costa do Marfim permanecer entre as 5 economias que mais deverão crescer em todo o continente africano.
Assim afirmámos em Maio de 2019, quando olhámos para o mercado da Costa do Marfim e analisámos o seu potencial para a internacionalização das empresas portuguesas. Um ano passado, e os cenários então traçados parecem, no essencial, confirmar-se. Assim sugerem os dados mais recentes divulgados pelo FMI (Abr. 2020) que, avançado uma taxa de crescimento de 6,9%, coloca a Costa do Marfim como a 6ª economia que mais cresceu no último ano em toda a África, e a primeira entre os parceiros da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da UEMOA (União Económica e Monetária da África Ocidental).
Como todas as outras economias da região, também esta não deixará de sofrer o impacto da actual conjuntura de crise. Um crescimento revisto em baixa para os 2,7% - longe dos 7,5% antes previstos; ainda assim, uma performance positiva quando comparada com a maioria das economias africanas que deverão entrar em recessão, com valores médios de -5,6%) - deverá adiar o objectivo do país se juntar ao grupo das economias emergentes até ao final de 2020.
Mas as condições apresentadas pela Costa do Marfim justificam, por ora, um Outlook positivo, esperando-se uma recuperação em força já em 2021. Uma previsão de crescimento de 8,7% volta a colocar o país no topo do ranking africano (2º lugar), confirmando-se uma realidade para a qual vimos alertando e agora voltamos a enfatizar - com um PIB estimado superior a USD 43 mil milhões, a Costa do Marfim é não apenas uma das maiores economias africanas, como é, indubitavelmente, um dos mercados mais pujantes e com maior potencial de todo o continente.
A agricultura tem sido a espinha dorsal da economia marfinense. O país é o maior produtor mundial de cacau e um dos maiores exportadores de café e de óleo de palma. Mas as suas reservas de petróleo e gás natural (offshore), e as exportações do sector, vêm contribuindo crescentemente para a economia do país, assim como a indústria transformadora em claro desenvolvimento. Com fluxos de cerca de USD 913 milhões (2018), a Costa do Marfim surge como um dos maiores receptores de IDE em toda a região, com a UE (França à cabeça) e o Canadá a figurarem como os principais investidores. Indústria extractiva e serviços, especialmente os associados à área financeira, têm-se revelado áreas privilegiadas das escolhas dos investidores.
A par do crescimento económico muito significativo e do clima de estabilização política, a implementação, nos anos mais recentes da história do país, de estratégias visando a redução do peso do Estado na economia, de incentivos ao desenvolvimento do sector empresarial privado, a reestruturação dos bancos estatais, a aprovação de um vasto conjunto de reformas e medidas legislativas, enquadradas, entre outros instrumentos, pelo Plano Nacional de Desenvolvimento (2016-2020), foram outros contributos essenciais para uma clara melhoria do ambiente de negócios, atraindo ao país um número crescente de empresas e investidores. Quadro que deverá ser ainda mais beneficiado com a entrada em vigor do Acordo de Parceria Económica Regional com a UE. Até lá, as relações continuarão a reger-se pelo Acordo Intercalar, cuja aplicação efectiva se iniciou em Janeiro de 2019, prevendo o desmantelamento tarifário para os produtos comunitários.
Depois de um período particularmente atribulado, na sequência da crise pós-eleitoral que sucedeu à eleição presidencial de 2010, e que levou à intervenção de forças internacionais no terreno, dado o caos político e o quadro de violência instalados, a Costa do Marfim entrou numa fase de normalização política que permitiu criar as condições-base para a recuperação económica. Uma trajectória de sucesso com reflexos no aumento dos níveis de confiança interna e externa no país, chamando a atenção de investidores internacionais. Re-eleito em 2015 para mais um mandato de 5 anos, o presidente Alassane Ouattara e o seu Executivo continuam apostados na melhoria do ambiente de negócios e na dinamização do sector privado, que querem ver como grande motor da economia.
Mas é na incerteza da manutenção deste quadro político de estabilidade que se encontra um dos riscos a considerar na análise a este mercado. A eleição presidencial está prevista para o próximo mês de Outubro e é grande a expectativa, interna e internacional, não apenas quanto ao seu resultado mas, acima de tudo, quanto ao clima de tensão no período pré e pós eleitoral. Muitos esperam a continuação no poder do RHDP, mas o seu líder e actual presidente do país já anunciou que não se candidatará a mais um mandato – respeitando os limites da constituição -, defendendo a necessidade de entregar a liderança do país a uma “nova geração”. Mas muito dependerá da apresentação (ou não apresentação) à corrida por parte dos seus tradicionais rivais políticos. O clima é já de alguma tensão que poderá ser exacerbada à medida que se aproximar a data do pleito.
A este quadro de possível instabilidade, acrescem tensões étnicas – substancialmente amenizadas no passado recente, mas não totalmente erradicadas – entre o norte do país, tradicionalmente muçulmano, e o sul, de pendor mais cristão. Clivagens que poderão ser instrumentalizadas em ambiente de eleições.
Deverá igualmente ser considerada a proximidade geográfica da Costa do Marfim a países como o Mali, o Burkina Faso e o Níger, onde têm surgido algumas tensões e fenómenos de violência, a par da proximidade a outras zonas de fronteira com a região do Sahel, tradicionalmente considerada de elevado risco securitário.
Ainda no plano geopolítico, a inserção do país na região do Golfo da Guiné é outro factor a ter em atenção. Uma zona marítima que ao longo dos últimos 15 anos se tornou de elevado risco securitário, recentemente (2019-2020) exacerbado por novos ataques de pirataria. Uma preocupação de alcance trans-governamental, que pode comprometer o desenvolvimento da região do ponto de vista económico, ameaçando, no curto prazo, o comércio marítimo aqui operado - vital para muitas destas economias - e, no longo prazo, a estabilidade dos Estados costeiros. Não sendo dos países mais vulneráveis, a Costa do Marfim não deixa de escapar a este contexto de risco.
Mas esta é simultaneamente uma das regiões mais promissoras de toda a África Ocidental, concentrando 2/3 da produção de petróleo e quase 40% do PIB da África subsariana. E é neste contexto que a Costa do Marfim se afirma como um dos países com maior potencial de crescimento, particularmente Abidjan: capital económica e centro comercial de excelência, indubitavelmente um dos mercados mais dinâmicos e pujantes de toda a região.
As oportunidades são múltiplas. O país ainda apresenta deficiências ao nível do desenvolvimento de muitas infraestruturas e necessita do investimento e da acção de empresas estrangeiras para as colmatar. Têm também sido encetados esforços para mobilizar investidores internacionais para áreas como as comunicações/telecomunicações, transportes (a mobilidade urbana e inter-urbana é uma preocupação que tenderá a aumentar no futuro e cujas soluções têm de ser pensadas no momento presente), educação e saúde, com especial destaque para a reabilitação de unidades hospitalares.
Existem ainda oportunidades nos sectores do imobiliário (e não apenas no segmento da habitação), no comércio, principalmente tratando-se de bens de consumo. De notar que população já goza de um nível de rendimentos relativamente elevado em relação a outros países da região; uma evolução com reflexos visíveis no aumento do poder de compra e na procura doméstica. Turismo, hotelaria, energia – desde logo eléctrica, principalmente no que respeita a infra-estruturas de distribuição, mas também no plano das energias renováveis – saneamento e sector financeiro, são outras áreas onde é possível encontrar oportunidades.
Com uma cota de pouco mais de 0,05%, a Costa do Marfim permanece um parceiro ainda pouco expressivo no quadro do comércio internacional português, ocupando, em 2019, o 74º lugar no ranking dos nossos parceiros comerciais. Dados provisórios relativos a este último ano (Jan-Dez) dão conta de 73,929 milhões de euros em trocas (produtos), o que revela uma diminuição de quase -16% face a 2018, ano em que já havia sido registada uma contração de -7,9%. Uma evolução, no essencial, explicada pela performance exportadora das nossas empresas.
Depois de anos de excepcional crescimento, como foram os casos de 2015 (+113,6%) e 2017 (+90,8%), o período mais recente evidenciou uma tendência de quebra das exportações nacionais com destino à Costa do Marfim. No seguimento de uma descida de -15,5% em 2018, o último ano foi de diminuição ainda mais acentuada (-28,7%), com as exportações a somarem 40,876 milhões de euros, fazendo da Costa do Marfim o nosso 61º cliente, mas o 11º mais importante entre os mercados africanos. Contrariamente, totalizando 33,053 milhões de euros, as importações voltaram a subir, quase 8%, depois de em 2018 já terem aumentado 10,7%, conferindo ao país a 74ª posição entre os nossos fornecedores, e a 12ª entre os parceiros africanos.
Apesar de as importações revelarem uma evolução mais positiva face às exportações, os números apresentados não deixam de traduzir uma balança comercial favorável a Portugal, com as exportações a suplantarem as importações. Assim foi no último ano (7,8 milhões de euros), seguindo a tendência registada nos últimos cinco, embora em 2019 o saldo tenha sido bastante menos expressivo do que em anos anteriores (26,7 milhões em 2018 e 40,15 milhões em 2017).
Importará, por isso, contrariar esta tendência, mostrando às empresas portuguesas o potencial e as oportunidades que a Costa do Marfim apresenta, em alternativa a outros mercados historicamente mais privilegiados. Muitas empresas parecem já estar atentas a este potencial. Só assim se explica o aumento em 80% do número de exportadoras que de 133 em 2014 passou para 240 em 2018.
Máquinas e aparelhos (23,1%), minerais e minérios (18,4%), metais comuns (14,9%), pastas celulósicas e papel (12,8%) e plásticos e borrachas (7,7%), foram os produtos mais exportados no primeiro semestre do último ano. Mas o dinamismo que têm revelado as exportações de produtos agrícolas, de madeira e cortiça, papel e cartão e especialmente de produtos alimentares e de matérias têxteis, sugerem potenciais nichos de oportunidade a ter em atenção pelas empresas interessadas em expandir o seu leque de mercados exportadores.
Localização geográfica: África Ocidental, Golfo da Guiné, fazendo fronteira com a Libéria (Oeste), a Guiné (Oeste/Noroeste), o Mali e o Burquina Faso (Norte) e o Gana (Este)
Capital: Yamoussoukro Território: 318.003 Km2 (área terrestre)
População: Entre 26,45 (INS Costa Marfim, est. 2020) e 27,48 milhões (WFB, CIA est. 2020)
Língua: Francês (oficial); dezenas de dialectos locais
Moeda: Franco CFA Ocidental
Ranking Doing Business Report 2020: 110/190 (+ 12 posições)
Global Competitiveness Index 2019: 118/141 (-4 posições)
Index of Economic Freedom-Heritage 2020: 101/180 (- 2,7 pontos)
PIB taxa de crescimento real: 8,7% (est. 2021, FMI)
A CCIP coloca à sua disposição três formas de abordar o mercado:
Peça a sua proposta através dos contactos internacional@ccip.pt | +351 213 224 067

