Uma economia que se renova
O Luxemburgo é, actualmente, o país mais rico do mundo e deverá continuar a sê-lo até 2060, segundo o relatório semestral da OCDE. Trata-se de um resultado impressionante se tivermos em conta que estamos a falar também de um dos países mais pequenos do mundo, o que vem categoricamente desmistificar a ideia de que a dimensão geográfica é essencial para o desenvolvimento e o crescimento económico. Muitos perguntarão, assim, qual o segredo deste sucesso e a resposta estará, porventura, na enorme capacidade de adaptação à mudança que este país vem demonstrando.
Efectivamente, o Luxemburgo, apesar do seu lema “queremos continuar a ser como somos”, tem tido sempre uma notável capacidade de adaptação. Nos anos 80, quando as jazidas de ferro (uma das suas maiores fontes de exportação) começaram a chegar ao fim, não havendo capacidade para estender muito mais a sua produção agrícola, o país voltou-se para os sectores financeiro e das altas tecnologias. No primeiro caso, sendo uma sociedade marcada pela estabilidade, pela abertura da sua economia e por uma posição central na Europa, desenvolveu um sistema bancário baseado num regime fiscal favorável e no princípio do segredo bancário, o que atraiu numerosas instituições financeiras. No segundo caso, apostou na alta tecnologia, não apenas no sector automóvel, mas também nos data centres, nas empresas de lançamento de satélites de comunicações e em grandes empresas de comunicação. É, assim, nos serviços que o país tem o essencial da sua produção.
Podemos, pois, afirmar que a economia luxemburguesa evoluiu de uma base industrial para uma natureza mista onde há ainda algum peso da manufactura, mas onde o sector dos serviços tem ganho uma importância crescente, nomeadamente, o sector dos serviços financeiros.
A recente decisão do governo de pôr fim ao segredo bancário em Janeiro de 2015, respondendo assim às pressões dos outros Estados-membros, vai certamente ter um impacto significativo no sector financeiro luxemburguês, exigindo de novo uma boa capacidade para se adaptar à nova situação, de forma a que o país não veja reduzido o nível de vida da sua população.
Nesse sentido, estão já a ser tomadas diversas medidas, visando quer manter a sua atractividade de riqueza do exterior, quer aumentar a sua capacidade exportadora. Surge desta forma a ideia de criar o primeiro porto franco em território comunitário destinado à gestão, armazenamento e venda de artigos de luxo, sob a forma de um enorme armazém junto ao aeroporto, onde a segurança e a confidencialidade estarão asseguradas. Acresce que qualquer transacção feita nas suas instalações estará isenta de IVA. O sucesso desta iniciativa ficou, aliás, demonstrado pela elevada taxa de reserva de espaços já assegurada.
Igualmente, a Luxembourg Cluster Initiative garantirá o desenvolvimento de actividades consideradas essenciais para a expansão da sua economia: ciências da vida, eco-tecnologia, tecnologias de informação e comunicação, tecnologia dos materiais, tecnologia espacial e logística.
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