Considerado pelo FMI uma “estrela em ascensão”, é de pleno direito que o Peru integra a nova onda de mercados emergentes líderes a nível mundial, destacando-se pelo seu sólido crescimento, ambiente de negócios altamente encorajador e baixa vulnerabilidade, detendo, até, as mais altas classificações das agências de rating internacionais, apenas ultrapassado pelo Chile.
Longe do ambiente económico e político que caracterizou o país no passado, o Peru assume-se, hoje, como uma economia estável, apostada numa crescente abertura ao comércio e aos negócios e, como tal, um destino cada vez mais atractivo para o investimento, onde nacionais e estrangeiros gozam legalmente dos mesmos direitos, onde a maioria dos sectores económicos estão abertos à iniciativa privada e onde a segurança jurídica dos negócios é praticamente “à prova de bala.”
Em 2016, o investimento privado alcançou, assim, um valor próximo dos 35 mil milhões de USD e destes quase 20% foram investimento estrangeiro. Prevê-se que aquele valor venha a aumentar já este ano, podendo ultrapassar os 42 mil milhões de USD em 2019.
Entre as áreas de maior potencial de investimento, encontram-se os sectores da exploração de recursos naturais (principalmente envolvendo tecnologias cada vez mais sofisticadas, por exemplo, no sector das energias) e hidrocarbonetos, o sector financeiro, o turismo e as novas tecnologias. Estas últimas, em notória expansão com as empresas peruanas claramente abertas a parcerias internacionais, potenciadoras não apenas do seu crescimento no mercado interno, mas também da sua própria projecção internacional.
O sector das obras públicas apresenta também grande potencial, principalmente tratando-se de infra-estruturas de transporte, onde subsistem grandes deficiências (rodovias, ferrovias, terminais portuários e outros terminais de carga, pontes de grande porte); infra-estruturas do ambiente (saneamento, ETARs etc.); infra-estruturas associadas à saúde (hospitais e afins), à educação e ao turismo, entre um vasto conjunto de outras infra-estruturas necessárias para continuar a potenciar a economia e melhorar as condições de vida da população.
À semelhança de grande parte da América Latina, o Peru é ainda um país muito estratificado socialmente e com bastantes assimetrias económicas. Mas os esforços encetados no sentido da redução da pobreza têm tido sucesso, não apenas reduzindo as camadas mais pobres, como também alargando a classe média, hoje em claro crescimento, representando cerca de 46% da população (2016), mais do dobro do que em 2004. Uma evolução que também se traduz num aumento do poder de compra e num novo ímpeto ao consumo privado, com as repercussões daqui decorrentes no quadro das importações do país que têm, por isso, vindo a conhecer alterações na sua estrutura. Tradicionalmente importador de bens de equipamentos e commodities, hoje nota-se um alargamento das necessidades de fornecimento externo do país a sectores como as tecnologias de informação (bens e serviços), produtos farmacêuticos e uma muito vasta gama de bens de consumo.
O Peru é bastante rico em recursos naturais, principalmente minerais e marinhos: sectores com um peso significativo na economia e nas exportações. Porém, num esforço de diversificação, e tirando partido da sua geografia, por força da qual coexistem quase todos os climas, o país tem igualmente feito uma forte aposta na agricultura e na agro-indústria, sectores também com forte potencial de negócio.
Em virtude dos planos de investimento previstos para o país, deverá igualmente ser dada atenção a oportunidades de negócio nas áreas das operações logísticas, hotelaria e imobiliário e serviços médicos e hospitalares.
Até ao início desta década, as relações comerciais com o Peru mantiveram-se bastante residuais e estiverem concentradas em muito poucas empresas. Mas, com economias em muitos aspectos complementares, e perante o actual quadro peruano e as perspectivas de evolução, não faz estrategicamente sentido que as empresas portuguesas não aproveitem a conjuntura de mudança no país.