Artigo de Bruno Bobone, Presidente da CCIP, na sua rúbrica semanal no Diário de Notícias.
É absolutamente necessário criar uma nova alternativa para a direita portuguesa. Depois de ter assistido a duas campanhas eleitorais de enorme frustração, em que as soluções da direita não conseguiram agarrar os seus eleitores e, naturalmente, não chegaram sequer a ser consideradas como hipótese por aqueles que, não se sentindo desse lado, gostavam de votar numa alternativa que lhes oferecesse um melhor destino para Portugal, a verdade é que a montanha pariu um rato e as movimentações que houve no quadro partidário apenas serviram para dividir ainda mais a já fraca expressão que a direita hoje tem.
Não podemos deixar que isto aconteça, tanto pela orfandade de uma parte muito importante da população portuguesa, que não pode deixar de ter candidatos potenciais a dirigir os destinos do seu país, como, e mais preocupante, a qualidade da nossa democracia fica posta em causa pela falta de alternância na condução do governo da nação.
Na primeira eleição, a do Presidente da República, deu a ideia de que estaria a haver uma movimentação de renovação dessa direita, estivéssemos ou não de acordo com essa oferta.
Com a afirmação de um partido de uma direita mais extrema, que recolheria o voto mais descontente, e com a criação de um outro que se focava exclusivamente numa solução de economia de mercado que, ao não defender valores, se propunha a conquistar um eleitorado menos radical, estava a ser proposta uma solução de substituir os partidos tradicionais por uma direita mais atual.
Ora, sempre que há uma mobilização verdadeira em torno de um novo projeto que as pessoas veem como alternativa possível para a sua escolha, o resultado é sempre um apoio indiscutível a esse projeto, seja em que circunstâncias for, e os seus apoiantes, quais recém-convertidos, incansavelmente se perfilam em promoção do seu novo herói.
Nesta segunda campanha foi exatamente isto que não aconteceu. Em nenhum caso assistimos a uma explosão do apoio aos candidatos dos partidos da esperança, da coisa nova.
Antes pelo contrário, apesar das fracas prestações dos líderes dos partidos tradicionais da direita, é à volta das suas propostas que surgem as opções de vitória, tenham estas maior ou menor impacto na solução futura, que a direita tem obrigatoriamente de encontrar.
E é por isto que eu digo que tenho uma visão.
Chegou o momento de encontrar uma solução na direita portuguesa que una e não divida, que seja motivadora e que agregue todos aqueles que acreditam verdadeiramente que é preciso mudar e que lhes dê o estímulo indispensável à sua tão necessária participação.
É preciso que ganhemos coragem de dizer basta a tudo o que nos têm vendido como sendo politicamente correto. Não podemos aceitar que nos obriguem a viver sob uma censura de esquerda, baseada em valores recém-criados, que apenas fingem defender os mais necessitados quando as suas políticas apenas os multiplicam em maior número.
Não podemos deixar de poder dizer a verdade com a pretensão de que essa verdade prejudica as minorias. Não é mentindo que as cuidaremos, é sim tratando-as com respeito e verdade que as integraremos.
Não podemos continuar a ter de aceitar que é desperdiçando dinheiro e oportunidades que se melhora a vida de um povo. Não é dando incondicionalmente que se integra uma sociedade, é fundamental conseguir que todos se sintam contribuintes para essa sociedade, que se sintam participantes e parte importante da mesma.
É tempo de compreender que uma nova direita terá de se bater pelos seus valores e não abdicar dos seus valores.
É preciso compreender que foi esta direita quem se preocupou em criar a democracia e que fez o verdadeiro 25 de Abril para a sociedade portuguesa, quando reformou a Constituição e aboliu o Conselho da Revolução.
Não há mais tempo. Tem de ser agora. Temos de começar.
É esta a minha visão.