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Artigo de Bruno Bobone, Presidente da CCIP, na sua rúbrica semanal no Diário de Notícias.

O vírus quando já não mata passa a ser uma doença normal! Em Portugal morreram, durante a pandemia, cerca de 17 mil pessoas, sendo que 650 tinham menos de 60 anos. Destas 650, a sua quase totalidade tinha comorbilidades.

Hoje, tanto em Portugal como na Europa, na América do Norte e na América do Sul, estes grupos de risco estão praticamente todos vacinados e, por isso, estamos a assistir a uma diminuição sustentada do número de mortes associadas a esta doença, que tenderá para desaparecer à medida que a vacinação vá prosseguindo.

A estatística de casualidades desta pandemia vem reforçar a ideia de que a forma de tratar assumida pelos líderes das várias nações foi francamente incompetente ao não terem tido a coragem de isolar e proteger grupos de risco, que encheram os hospitais e criaram as situações de catástrofe nos serviços de saúde.

Pelo contrário, reagindo por medo e falta de clareza, deixaram estas populações desprotegidas e criaram fortes e graves medidas de limitação à liberdade da sociedade em geral, através de proibições de circulação e de desenvolvimento de atividades que, por um lado destruíram psicologicamente os cidadãos e, por outro, prejudicaram enormemente a economia criando uma nova onda de pobreza de que nos vamos dar conta a partir dos tempos mais próximos.

A desculpa de falta de conhecimento da situação, que poderia ter sido aceite no início da crise, deixou de fazer qualquer sentido a partir do verão do ano de 2020, altura em que se tornou claro quais eram os grupos afetados dramaticamente pelo vírus.

A esta falta de coragem e de competência para enfrentar a crise da pandemia, à falta de confiança na população que tem demonstrado sempre uma enorme competência na tomada de cuidados sobre os seus comportamentos e através da impunidade com que se limitou a liberdade aos cidadãos, veio juntar-se uma postura de poder ditatorial que passou a permitir todas e quaisquer decisões sem que pudessem ser contrariadas por quem se sentisse prejudicado ou mesmo sujeito a um abuso de poder.

A limitação dos horários de funcionamento de algumas atividades, que promoveram a concentração de pessoas nos supermercados, a limitação dos horários dos restaurantes, que ainda hoje se mantêm sem qualquer razão entendível, as decisões de operacionalidade dos recintos públicos que levaram o aeroporto de Lisboa a manter portas fechadas para obrigar todas as pessoas a utilizar apenas uma porta para entrar e outra para sair - e muitas outras, são a demonstração de que apenas havia vontade de criar proibições e de abusar do poder sem qualquer efeito positivo para a gestão da crise pandémica.

A requisição das instalações do empreendimento Zmar, em Odemira, apenas veio reforçar a postura de desrespeito democrático pelos cidadãos por parte das autoridades, dando-nos a ideia de que, afinal, tudo aquilo que nos parecia ser sagrado, e que era a liberdade individual de cada português, apenas funciona para quem pode, para quem está junto de quem pode ou para quem tem a força para exigir, como foi o caso de algumas entidades políticas.

Se aceitámos posturas irrazoáveis durante o período em que a pandemia estava mais ativa, isso justifica-se por este povo ser correto e humanista, sempre preparado para corresponder ao apelo da solidariedade.

Mas hoje basta! Não são aceitáveis negacionismos: nem de quem não quis ver a ameaça nem de quem nos nega, agora, um futuro.

Não queremos mais ditadura. Queremos voltar a viver, a ser donos da nossa vontade e a ser respeitados por aqueles que nos deviam servir e que muitas vezes se servem de nós.

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