Diário de Bordo | Missão Empresarial Nigéria
Abrir as portas do mercado da Nigéria às empresas portuguesas
A nossa jornada até Lagos, capital de um dos países mais populosos de África começou em Lisboa e teve uma escala de 2h30 em Casablanca, Marrocos.
Estereótipos sobre a Nigéria abundam nas conversas entre as empresas portuguesas que compõem a segunda missão empresarial a este país, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa.
Chegados a Lagos, foi com surpresa que rapidamente passámos o controlo alfandegário. Motorista à nossa espera e em 30 minutos estávamos no nosso simpático hotel em Victoria Island, uma das zonas mais modernas e bem reputadas desta gigante cidade, com 25 milhões de cidadãos.
Reunimos prontamente com o nosso consultor local que nos informa das últimas atualizações de cada agenda individuai, organizada especialmente para cada uma das empresas portuguesas. Temos reuniões marcadas em toda a região da grande Lagos.
Recebemos o aviso de que as deslocações são longas e o trânsito é caótico, que podem acontecer alterações nas horas e que é normal sermos recebidos em lugares pouco condizentes com o tamanho, capacidade e abrangência das empresas nigerianas.
Apesar das poucas horas de sono, reina a boa disposição e a vontade de ir para o terreno, sentir o mercado. Neste primeiro dia deu para perceber a dimensão e as complexidades desta enorme metrópole. Muitas horas no trânsito para fazer poucos quilómetros, em estradas difíceis e com um fluxo de milhões de pessoas, um “preço” que estamos dispostos a pagar pelas possibilidades de novos negócios.
Ao percorrer a cidade, assistimos a cenários antagónicos onde reina o caos urbano e uma modernidade apressada e sem lógica arquitetónica. Edifícios contemporâneos, lojas e restaurantes, mas, também, mercados a céu aberto, bairros de lata e muita poluição. Nada de novo para quem anda por países em vias de desenvolvimento, como é o caso das empresas que compõem a comitiva.
Seguem-se três dias de reuniões em locais tão díspares como instalações modernas ou armazéns e sedes de empresas sem qualquer condição para os nossos parâmetros. Aqui, a economia informal é gigante e nos mercados de rua podemos encontrar de tudo um pouco..
Apanhamos chuva e sol, com humidade e calor à mistura, viajámos por ruas e estradas danificadas, entre outras permanentes constatações da realidade social e económica da Nigéria.
Ainda assim, o sentimento é unânime: só vindo ao “terreno” é possível perceber as possibilidades que existem para fazer negócios e só desta forma se podem afastar as ideias pré-concebidas sobre a Nigéria.
As reuniões presenciais com os diferentes permitem-nos recolher informações preciosas sobre o modus operandi do mercado.
O volume aqui é brutal, de tudo! A informalidade parece dominar e as barreiras são muitas, nomeadamente as dificuldades de entrada no mercado. Mas existe sempre uma maneira de contornar estes obstáculos, de forma legal e com as pessoas certas a ajudarem.
Estão cá muitas marcas internacionais e existe também uma classe social alta com alguma expressão, que procura produtos com maior qualidade. Notamosa presença de alguns produtos portugueses, que nos garantem ser crescente, apesar de ainda reduzida.
Contatamos com alguns expatriados de diferentes países, que aqui estão nas mais diferentes indústrias e que nos comentam, de forma geral, que o mercado vale a pena, mas que exige grande resiliência. Paralelo semelhante a tantos outros mercados por onde andam as nossas empresas, onde os portugueses demonstram a sua capacidade de adaptação ímpar.
Quatro dias depois de termos chegado, saímos de Lagos em direção a Lisboa com a clara sensação de que existem condições e oportunidades para conseguirmos aumentar o volume de exportações de Portugal para a Nigéria.
Artigo
PEDRO MAGALHÃES
Diretor de Comércio Internacional da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa