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Artigo de Bruno Bobone, Presidente da CCIP, na sua rúbrica semanal no Diário de Notícias.

Estamos com um nível de vacinação contra a covid-19 de cerca de 86%. A terceira dose está a correr menos bem, mas também já se esperava com o regresso dos responsáveis pelas estruturas do nosso país, que tiveram de ser substituídos para que fosse possível o processo de vacinação ser concluído a tempo e com êxito. E assim voltou a ineficiência e a palhaçada.

Todos os dias assistimos a palestras dos pretensos responsáveis que sistematicamente desdizem o que tinham dito no dia imediatamente anterior. Falam de voltar a confinar, como um antigo mestre-escola ameaçava com as orelhas de burro um qualquer menino que se esquecia de estar com atenção ao que o professor lhe ensinava.

Não têm a mínima noção do prejuízo que causam com estes seus devaneios incompetentes. Criam medo aos cidadãos, inibem a liberdade, assustam os investidores, criam ansiedade aos trabalhadores e promovem a agressividade na sociedade.

E tudo isto apenas porque são incompetentes e incultos e estão ofendidos por terem sido humilhados por um militar que apenas cumpriu a sua missão. Ao contrário destes incompetentes, não falou, não inventou, não ameaçou e trabalhou em vez de estar sempre a tentar aparecer na televisão.

Ao fim de todo este trabalho de contenção do vírus, que em Portugal correu especialmente bem, as pretensas lideranças dos serviços responsáveis, em vez de se congratularem com isso e minimizarem os efeitos negativos que esta pandemia já registou, fazem tudo por conseguir que voltemos a confinar.

Não vacinam em tempo e ameaçam todos os dias com a desgraça.

Ao contrário do que nos tinham prometido, não deixaram de nos informar diariamente de quantos infetados há e quantos morreram com o vírus (e não do vírus).

E porque não nos dizem quantos infetados há com o vírus da gripe? E quantos morreram ontem com esse mesmo vírus? E os que morreram com todas as outras doenças?

Em Portugal morrem diariamente 300 pessoas, em média. Os mais idosos, que são aqueles que estão a sucumbir ao vírus, já morriam de outras enfermidades e também morrem com o vírus da gripe. Porque não tratamos também de informar de todas essas desgraças?

Assim poderíamos ter um país em luto, chorando por todos os cantos os nossos mortos. Com tanto pranto ficaríamos inibidos de pensar que é o futuro que nos pode salvar e que temos de trabalhar hoje para podermos viver amanhã.

É tempo de mudar, de aprender com a pandemia, e de que só com comportamentos responsáveis seremos capazes de sair desta crise melhores e mais fortes.

O Papa Francisco diz que de uma crise nunca se sai igual. Ou se sai melhor ou se sai pior: mas só se estivermos todos juntos é que poderemos sair melhores.

Vale a pena acreditar que é tempo de virar a página; de cumprir o nosso papel pensando nos outros e deixando de parte o nosso egoísmo, que nos leva a fazer aquilo que acreditamos que nos vai elevar aos olhos dos outros, para passarmos a fazer aquilo que é verdadeiramente melhor para os outros.

Deixemos de ser incompetentes por querermos mostrar a nossa importância e passemos a cuidar de cumprir a nossa missão.

 

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