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Artigo de Bruno Bobone, Presidente da CCIP, na sua rúbrica semanal no Diário de Notícias.

É difícil ser empresário nos tempos em que vivemos. Ser empresário é estar só. É ter de decidir sozinho sobre tudo o que afeta a vida dos outros. É ter de saber correr riscos sem que ninguém esteja ao nosso lado para nos amparar. E é saber sair das crises e dos maus resultados assumindo a responsabilidade e com a capacidade de recomeçar.

Ser empresário é ser criativo, é ser sonhador, é ser generoso e é ser otimista.

Mas ser empresário é também ser responsável, é ser rigoroso, é ser prudente e é ser corajoso.

Por tudo isto, ser empresário é ter uma nobre vocação.

Mas o tempo que vivemos empurra-nos para sermos rápidos e imediatos, para nos preocuparmos com o que parece e não com aquilo que realmente é.

Não nos dá tempo para analisar as circunstâncias e obriga-nos a reagir na pressão do minuto. Quando há uma crise a resposta tem de ser já e não importa que seja boa.

Mas depressa e bem não há quem...

É neste mundo em que vivemos que é difícil ser empresário.

As crises económicas e financeiras, locais e internacionais, têm vindo a suceder-se com uma rapidez enorme e a estabilidade que todos ambicionamos é hoje uma raridade, o que eleva o risco a uma outra dimensão e torna a realidade muito mais volátil.

Por outro lado, a sociedade, provavelmente motivada por essa vontade de reencontrar a estabilidade perdida, tornou-se muito mais exigente para com o empresário quando as coisas não correm bem, esquecendo que a existência do risco é exatamente a promotora do sucesso e do insucesso de cada projeto.

Nestas circunstâncias, foi natural ao empresário procurar ele também a sua estabilidade na obtenção de maiores resultados e mais imediatos, de maneira a dar-lhe a possibilidade de sobreviver às suas perdas e de forma a permitir voltar a tentar o êxito.

A pressão da aceleração da vida, aliada à pressão social sobre o insucesso, levaram à perda de uma das principais preocupações: a pessoa.

Levaram a assumir que a criação de riqueza resultante da capacidade extraordinária do empresário de juntar os fatores de produção e criar o seu produto se tornasse no fim em si mesmo e que esquecesse a verdadeira essência da sua vocação que é criar riqueza para promover o desenvolvimento da sociedade e o crescimento de cada cidadão.

Só uma sociedade que se desenvolve é uma sociedade que pode trazer felicidade a quem nela vive e a felicidade é o objetivo de vida de cada um de nós.

Só uma sociedade que cresce pode continuar a servir de campo de desenvolvimento a qualquer projeto empresarial.

É por tudo isto que é difícil ser empresário hoje.

Não só pela solidão do lugar nem só pela responsabilidade da decisão e do êxito da empresa, mas acima de tudo pelo valor que a sociedade não consegue reconhecer ao empresário. Facilmente se transforma aquela pessoa que sonha, cria promove e distribui, que é responsável e corajoso, num mero resultado financeiro que define a pessoa como de sucesso ou de derrota.

E ainda assim, é ao empresário, uma vez mais, que vai competir ser capaz de voltar a olhar a sua nobre vocação e recentrar a sua forma de trabalhar na pessoa do seu colaborador, do seu fornecedor e do seu cliente, para que possa voltar a cumprir com a sua função de ser um pilar da sociedade e de ser a esperança de todos os que vivem ao seu redor.

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